Ana Júlia reconhece importância do documentário, mas diz que é injusto culpar o atual governo



A senadora Ana Júlia (PT-PA) destacou nesta quinta-feira (23) que 15 dos 16 menores entrevistados no documentário Falcão - Meninos do Tráfico, exibido no último domingo (19), durante o programa Fantástico da TV Globo, já morreram e o único vivo está preso. Para a senadora a indignação das pessoas que assistiram ao documentário é mais do que justificada. No entanto, ela rebateu as críticas dos que acusaram o governo "de não ter feito nenhum gesto radical", diante de uma realidade tão cruel.

- O governo, especialmente o presidente Lula, tem, sim, buscado enfrentar o problema. Há pelo menos 20 programas direcionados para a juventude, aos quais foram destinados cerca de R$ 900 milhões em 2005 - rebateu.

A senadora ressaltou que o documentário foi editado de um material extraído de 217 horas de gravações, realizadas entre os anos de 1998 a 2003. Portanto, lembrou Ana Júlia, a realidade focada no documentário pertence ao período anterior ao do atual governo.

Dados coletados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios em 2003 apontam que o Brasil tem quase 27 milhões de jovens com idade entre 10 e 17 anos; 4,5 milhões já trabalham enquanto 2,3 milhões estão fora da escola. Ana Júlia entende que a pobreza é responsável pela degradação familiar e, conseqüentemente, pela cooptação dos meninos pelo narcotráfico.

Ana Júlia perguntou como se pode combater o trabalho infantil se 38% das famílias com crianças de zero a14 anos de idade têm rendimento médio mensal familiar per capita de meio salário mínimo. Para outros 26,4% esse rendimento é de meio a um salário, e a situação pode ser ainda mais grave, disse ela, se forem introduzidos os fatores gênero e raça, pois no Brasil as mulheres ganham menos "e a pobreza no país tem cor, a negra".

No entanto, segundo a senadora, esse apartheid social foi reconhecido pelo atual governo. Pela primeira vez, disse, foi criada a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.

- Responsabilizar o governo Lula é ser inconseqüente, é fechar os olhos para a complexidade do problema, é reduzir essa importante questão social a disputas político-eleitorais - afirmou Ana Júlia.

23/03/2006

Agência Senado


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