Antero diz que se José Dirceu tivesse apreço pelo país teria deixado o cargo
O senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) afirmou em discurso no Plenário, nesta sexta-feira (26), que se o ministro da Casa Civil, José Dirceu, tivesse apreço pelo país teria deixado o cargo. "Uma pessoa honesta seria a primeira a dizer: presidente, não vou fazer mal ao Brasil, vou defender a minha honra", afirmou. O senador lembrou ter pedido a demissão de Dirceu desde que as denúncias contra o ex-subchefe de assuntos parlamentares, Waldomiro Diniz, foram publicadas, no último dia 13.
Mais uma vez, Antero pediu a criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar a atuação de Waldomiro Diniz. "O governo pode até impedir a CPI, mas José Dirceu não recuperará a credibilidade", disse. Antero Paes de Barros considera a situação de Waldomiro Diniz mais grave do que a de Paulo César Farias (tesoureiro de campanha do ex-presidente Fernando Collor de Mello e alvo de denúncias que acabaram por derrubar o presidente). "PC não havia morado com o chefe da Casa Civil por alguns anos", disse.
Antero Paes de Barros leu entrevista concedida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao jornal O Globo e comentou que as entrevistas de Lula e Dirceu são contraditórias. "Quem manda?", questionou.
Antero posicionou-se solidário ao senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), que foi alvo de afirmações desabonadoras por parte do governo. Nota publicada em um jornal do Rio de Janeiro teria informado que o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, acusa Virgílio de haver nomeado Leovegildo Soares (investigado pela Operação Zacheu, da Polícia Federal) para a Delegacia do Trabalho no Amazonas. "Mas Virgílio não morou com esse assessor como Dirceu fez com Waldomiro", destacou.
O senador afirmou que há uma situação de crise formada por "trapalhadas" do governo e não pela oposição. Os senadores José Jorge (PFL-PE) e Heráclito Fortes (PFL-PI), em aparte, disseram lamentar que nenhum membro da base de sustentação do governo estivesse presente no Plenário durante esse debate.
26/03/2004
Agência Senado
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