Antonio Carlos defende a presença das Forças Armadas no combate ao crime
O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) defendeu a presença das Forças Armadas no combate ao crime, sobretudo ao crime organizado. Para isso, sugeriu que o governo federal, em conjunto com os militares, comece a repensar o papel do Exército, Marinha e Aeronáutica. Ele acrescentou que a população brasileira está de acordo com sua proposta e citou resultado de pesquisa que teria apontado um percentual superior a 80% favorável à idéia.
- O presidente Lula afirmou que um recruta não está preparado para lutar contra um exército de malfeitores. Mas ninguém está pedindo isso. O que se deseja é que se preparem os que estiverem ingressando no Exército, e os que nele já atuam, para o combate ao crime. E com isso, tenho certeza, o presidente Lula está de acordo. Não há como combater criminosos, que nada têm a perder, sem homens treinados e sem os equipamentos necessários - disse Antonio Carlos.
Na avaliação do senador baiano, a pobreza, a impunidade e a conivência com o crime, inclusive de policiais, são responsáveis pela violência que atinge o país. Além destes, ele citou como causas a falta de efetivo, de treinamento e de equipamentos das forças policiais. O resultado, segundo Antonio Carlos, é o aumento no número de crimes, como o assassinato do produtor musical Almir Chediak e a agressão ao ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Luiz Fux, ambos ocorridos na semana passada.
A tese defendida pelo senador Antonio Carlos foi ratificada por diversos senadores. Paulo Octávio (PFL-DF) sugeriu o aprofundamento dos estudos para a utilização das Forças Armadas no combate ao crime. Edison Lobão (PFL-MA) sugeriu que parte dos recursos que serão liberados pelo governo federal para as polícias estaduais seja direcionada às Forças Armadas, a fim de que elas se preparem também para o combate ao crime.
Também adepto da proposta apresentada por Antonio Carlos, o senador Mão Santa (PMDB-PI) destacou que, como força auxiliar do Exército, a polícia militar pode e deve receber o auxílio das Forças Armadas para cumprir sua tarefa. Já o senador Rodolpho Tourinho (PFL-BA) lembrou que na ocasião em que foi implantado o programa Tolerância Zero, em Nova York, também não houve unanimidade sobre o plano, que, ao final, conseguiu diminuir sensivelmente a violência naquela cidade.
Para o senador César Borges (PFL-BA), é necessário um entendimento entre as autoridades do governo e os militares para que as Forças Armadas possam atuar no combate ao crime. Além de concordar com a necessidade do Exército, Marinha e Aeronáutica atuarem no combate ao crime organizado, o senador Demostenes Torres (PFL-GO) falou da necessidade de melhorar a organização policial, agilizar o trabalho do Judiciário, moralizar o sistema penitenciário e aprovar penas diferenciadas para os integrantes do crime organizado.
Único a discordar da proposta de Antonio Carlos Magalhães, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que não está convencido de que as Forças Armadas poderiam atuar diretamente no combate ao crime organizado. Para ele, os maiores esforços deveriam ser direcionados em diminuir as injustiças sociais e as disparidades na distribuição da renda e da riqueza do país.
03/06/2003
Agência Senado
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