Antonio Carlos Júnior considera sensato aumento de 0,5 ponto na taxa de juros Selic e aponta riscos do pré-sal



O senador Antonio Carlos Jr. considera sensata a decisão do Conselho de Política Monetária (Copom) e do Banco Central de aumentar em 0,5 ponto pencentual a taxa de juros referencial (Selic), porque "não se pode descansar enquanto a inflação não chegar de novo ao centro da meta" e as condições fiscais no país obrigam a um aperto monetário moderado. Segundo ele, a previsão anterior dos economistas e do mercado era de um aumento de 0,75 ponto percentual, mas a economia brasileira tem se desacelerado, principalmente no setor industrial, e por isso o percentual menor.

Antonio Carlos disse que o problema do aumento dos juros é de déficits fiscais do passado, o que tem se agravado com o que classifica como "gastança desenfreada do governo":

- A taxa de juros, para ser baixa no Brasil, tem que ser limpa, livre de problemas fiscais que vêm se acumulando ao longo do tempo. Precisamos de uma meta de déficit nominal zero, nem que seja a longo prazo, mas que sinalize que vamos cortar gastos, reduzir a carga tributária, e aí sim, poderemos crescer com juros baixos e sem risco de inflação - disse o senador, que aponta quatro problemas que o próximo governo terá que atacar.

O primeiro deles, a ser atacado imediatamente, é o ajuste fiscal, que precisa ser combatido por meio da redução de gastos, e não do aumento de impostos. O segundo, a redução da carga tributária, o que seria possível com o corte de gastos públicos. Depois, a questão dos marcos regulatórios e da infraestrutura, que é extremamente precária para as necessidades do Brasil.Finalmente, uma taxa de juros civilizada, o que será possível apenas com gastos públicos e carga tributária igualmente aceitáveis.

O senador admite, porém, que será muito difícil, quase impossível, pensar em corte de gastos e ajuste fiscal severo quando o país tem pela frente uma Copa do Mundo e uma Olimpíada, porque ao final das contas o grosso do investimento virá mesmo do setor público:

- Não se pode chegar ao déficit nominal zero em cinco anos, concordo, mas que se estabeleça a meta de consegui-lo em 10 ou 15 anos.A simples sinalização de austeridade, que se vai chegar lá, já criaria um ambiente favorável para investimentos, com uma reforma tributária que aliviasse quem investe - disse.

Segundo Antonio Carlos Júnior, não existe poupança no país para investir em infraestrutura porque o governo gasta tudo. Ele adverte ainda para o fato de que as condições internacionais vão ser desfavoráveis por muito tempo. De acordo com o senador, Europa e Estados Unidos estão longe de sair da crise. Isso, para ele, pode proporcionar bom mercado para as commodities brasileiras, mas não será bom para a exportação de produtos industriais.

Ele adverte para um risco ainda maior:

- O governo está apostando tudo no petróleo do pré-sal para os próximos 20 ou 30 anos, e com o Estado, o setor público, assumindo os riscos e os investimentos. Enquanto isso, o mundo inteiro caminha para o lado contrário, aposta tudo em fontes limpas de energia. Acho que estão cometendo uma grande besteira, e motivada por razões ideológicas.

22/07/2010

Agência Senado


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