Antonio Carlos Júnior: "crise não é mera marolinha"
O senador Antonio Carlos Júnior (DEM-BA) disse nesta quarta-feira (22) que todos esperam por uma estabilidade nos mercados que não chega e que todas as notícias, índices e a palavra dos especialistas vêm confirmando o diagnóstico que ele havia feito em pronunciamento anterior. O parlamentar assinalou que, nesta terça-feira (21), o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, informou que os oito primeiros dias úteis de outubro já apresentaram uma queda de 13% no volume de crédito e que ele foi taxativo ao classificar a crise como "séria e severa".
- O presidente da República afinal aparece admitindo cortes. Mesmo assim, apenas se a crise piorar. Pelo menos já não está nos mandando falar com o [presidente dos Estados Unidos, George] Bush, nem está chamando a maior crise financeira internacional em décadas de uma simples "marolinha" - afirmou.
Antonio Carlos disse que a estabilidade monetária do país, as reservas em moeda estrangeira, a legislação de responsabilidade fiscal e uma política fiscal que observa parâmetros como metas de inflação e superávit primário são fatores que têm colaborado no enfrentamento da crise na economia brasileira.
- Esses instrumentos amortecem os impactos da crise, mas são insuficientes. Insisto em que o governo precisa cortar gastos. O fato de o presidente, ainda que tardiamente, ainda que de forma tímida, admitir que cortes podem ocorrer já é um sinal de que o governo reconhece a necessidade de rever seus gastos - observou.
Fazendo alusão aos sucessivos cancelamentos da vinda ao Senado do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e do presidente do BC, o senador voltou a protestar contra o fato de que os senadores ainda precisam recorrer aos jornais para conhecer as medidas do governo para enfrentar a crise. Ele afirmou que não é possível que os dois ministros recusem sistematicamente os convites da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) para dialogar com os senadores.
Antonio Carlos não quis criticar a Medida Provisória 443/08, editada nesta quarta-feira (22) pelo presidente da República como resposta à crise, mas disse que ela precisa ser mais bem explicada, tendo em vista os reflexos que poderá trazer ao sistema financeiro. Ele observou que a MP parece abrir portas a estatizações e contradiz o ministro da Fazenda, que afirmou que as instituições financeiras no Brasil não correm riscos.
- Por que dispensar de licitação a aquisição de participação ou de controle acionário de instituições financeiras em dificuldades? Por que alijar o setor privado desse processo? Por que, pelo que se depreende da criação da Caixa Par, avançar o braço estatal até mesmo sobre empreendimentos imobiliários? - indagou.
22/10/2008
Agência Senado
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