Antonio Dunshee de Abranches nega que Flamengo tenha conta em paraíso fiscal
Os senadores não acreditaram na negativa de Dunshee de Abranches, que contradiz auditoria interna elaborada pela firma Delloite & Touche. Segundo o relatório daquela empresa, o clube teria conta nas Ilhas Cayman. O ex-presidente do Flamengo justificou que houve um erro na auditoria. Ele também não confirmou o saldo da conta detectado pela Delloite: R$ 908 mil. "Está errado, o valor correto é de 904 ou 908 dólares".
- Não temos um detector de mentiras. Também não é propósito desta CPI distinguir, para efeitos penais, a verdade da mentira. Mas, de acordo com nossa convicção pessoal, ouviu-se aqui o depoente faltar com a verdade em vários momentos, inclusive com palavras contrapondo-se a documentos oficiais - afirmou o presidente da CPI do Futebol, senador Álvaro Dias (PDT-PR).
No início do seu depoimento, Dunshee de Abranches não confirmou quem tinha sido o responsável pela abertura de conta do Flamengo em Nova York. Evasivo, ele chegou a dizer que, passados 18 anos, não se lembrava mais do nome. Diante da insistência do relator da CPI, senador Geraldo Althoff (PFL-SC), o ex-presidente do Flamengo terminou admitindo ter ele próprio aberto a conta, em meados de 1982, com a finalidade de receber o dinheiro das cotas dos amistosos feitos pelo clube fora do Brasil.
Dunshee de Abranches disse que a abertura da conta em Nova York não constituiria irregularidade, em virtude de o Flamengo, até 1997, estar isento de declarar Imposto de Renda e ou qualquer rendimento obtido no Brasil ou exterior. Os senadores da CPI têm interpretação contrária a esta.
- A conta foi aberta ao arrepio da legislação brasileira, sem que fossem tomadas as providências legais para sua abertura - afirmou Althoff.
02/10/2001
Agência Senado
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