Antonio Dunshee de Abranches nega que Flamengo tenha conta em paraíso fiscal



Em depoimento prestado à Comissão Parlamentar de Inquérito que está investigando o futebol brasileiro, o ex-presidente do Flamengo, Antonio Augusto Dunshee de Abranches, negou que o clube tenha mantido, em qualquer momento de sua história, conta em paraíso fiscal. Por outro lado, revelou que no seu mandato - que durou de 1981 a 1983 - foi aberta uma conta na agência de Nova York do Banco Bilbao Vizcaya.

Os senadores não acreditaram na negativa de Dunshee de Abranches, que contradiz auditoria interna elaborada pela firma Delloite & Touche. Segundo o relatório daquela empresa, o clube teria conta nas Ilhas Cayman. O ex-presidente do Flamengo justificou que houve um erro na auditoria. Ele também não confirmou o saldo da conta detectado pela Delloite: R$ 908 mil. "Está errado, o valor correto é de 904 ou 908 dólares".

- Não temos um detector de mentiras. Também não é propósito desta CPI distinguir, para efeitos penais, a verdade da mentira. Mas, de acordo com nossa convicção pessoal, ouviu-se aqui o depoente faltar com a verdade em vários momentos, inclusive com palavras contrapondo-se a documentos oficiais - afirmou o presidente da CPI do Futebol, senador Álvaro Dias (PDT-PR).

No início do seu depoimento, Dunshee de Abranches não confirmou quem tinha sido o responsável pela abertura de conta do Flamengo em Nova York. Evasivo, ele chegou a dizer que, passados 18 anos, não se lembrava mais do nome. Diante da insistência do relator da CPI, senador Geraldo Althoff (PFL-SC), o ex-presidente do Flamengo terminou admitindo ter ele próprio aberto a conta, em meados de 1982, com a finalidade de receber o dinheiro das cotas dos amistosos feitos pelo clube fora do Brasil.

Dunshee de Abranches disse que a abertura da conta em Nova York não constituiria irregularidade, em virtude de o Flamengo, até 1997, estar isento de declarar Imposto de Renda e ou qualquer rendimento obtido no Brasil ou exterior. Os senadores da CPI têm interpretação contrária a esta.

- A conta foi aberta ao arrepio da legislação brasileira, sem que fossem tomadas as providências legais para sua abertura - afirmou Althoff.

02/10/2001

Agência Senado


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