Anvisa adia votação sobre cigarros por impasse na adição de açúcar
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) adiou para março a votação sobre o fim do uso de aditivos nos cigarros e outros produtos derivados do tabaco. O motivo do adiamento foi o impasse quanto à exclusão do açúcar na produção do cigarro.
A proposta original da Anvisa era excluir o açúcar, os aromatizantes, flavorizantes e ameliorantes (aditivos) de todos os produtos do tabaco, substâncias que dão sabor ao cigarro, como menta e chocolate, mascarando o gosto amargo do tabaco e o cheiro desagradável da fumaça. No entanto, o relator e diretor da agência, Agenor Álvares, alterou o texto autorizando a adição do açúcar em casos excepcionais, que serão definidos pelos técnicos no prazo de um ano.
A mudança gerou controvérsias. O diretor presidente da Anvisa, Dirceu Barbano, levantou a dúvida se a ausência do açúcar inibe a iniciação de jovens e adolescentes ao hábito de fumar e à adesão de novos fumantes. “Ele [fumante] simplesmente vai parar de usar esse [cigarro com açúcar] para usar outro [sem açúcar]. Não entendi o benefício e o impacto”, disse Barbano.
O relator rebateu que o açúcar é usado para acelerar a absorção da nicotina pelo organismo, tornando a pessoa mais dependente do tabaco. Segundo ele, já existe tecnologia, inclusive no Brasil, para fabricar cigarro sem açúcar. A indústria alega que a retirada do ingrediente inviabiliza a produção do cigarro feito do tabaco tipo burley, o mais consumido no País. A justificativa é que o burley perde o açúcar natural durante o processo de secagem, fica amargo e, por isso, necessita da adição de açúcar no processo de fabricação do cigarro.
Outro argumento de pressão dos fabricantes, que compareceram à reunião aberta ao público, é que cerca de 50 mil famílias de fumicultores de burley ficarão sem emprego, o que também pesou na decisão de adiar a votação.
“Em primeiro lugar, temos que ser pautado pela questão sanitária e da saúde do povo brasileiro. Em segundo lugar, temos que considerar a questão econômica. Não podemos simplesmente chegar para todos os agricultores que produzem esse tipo de tabaco e dizer que não tem mais renda”, disse Álvares, após a reunião.
A ideia, de acordo com o texto, é que os cigarros com sabor saiam do mercado nacional 18 meses após a resolução ser aprovada.
Há três anos a Anvisa debate sobre o fim dos cigarros aromatizados. Em dezembro passado, uma audiência pública reuniu entidades de saúde e representantes da indústria tabagista para debater o tema.
Fonte:
Agência Brasil
15/02/2012 11:20
Artigos Relacionados
Impasse sobre liberação de depósitos judiciais do RJ adia para terça votação final da LDO
CAS adia votação de novas restrições à venda de cigarros
Impasse adia votação na Câmara
Impasse na reforma do ICMS adia votação de MP das compensações
Anvisa decide sobre uso de aditivos em cigarros
ARIN defende adição de açúcar na erva-mate