Impasse na reforma do ICMS adia votação de MP das compensações
Impasse em torno da reforma do ICMS aprovada pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) levou uma comissão mista (composta de senadores e deputados) a adiar nesta quinta-feira (9) a votação da Medida Provisória 599/2012, que trata das compensações aos estados pela redução das alíquotas interestaduais do imposto. O relator, senador Walter Pinheiro (PT-BA), chegou a apresentar uma complementação do relatório lido na reunião anterior, no dia 7, e o vice-presidente da comissão mista, senador Romero Jucá (PMDB-RR), marcou para terça-feira (14), às 11h, nova tentativa de votação.
Na saída da reunião, Pinheiro reconheceu a existência de um impasse que somente a negociação daqui até terça-feira poderá resolver, para salvar a reforma do ICMS. Segundo ele, se não houver um acordo sobre as alíquotas interestaduais – fixadas na reforma em 7% e 4% contra os atuais 7% e 12% –, a mudança no imposto "tenderá a cair".
– Se não costurarmos um acordo sobre as alíquotas, dificilmente votaremos a MP – afirmou.
Reivindicações
O relator chegou a atender algumas reivindicações de bancadas e incluiu no projeto de lei de conversão da MP a criação áreas de livre comércio em Santarém e Barcarena, no Pará, e de Estreito e Grajaú, no Maranhão, para compensar possíveis perdas sofridas por esses estados com a manutenção da alíquota de 12% na Zona Franca de Manaus (ZFM), uma das exceções da reforma do ICMS.
Também aceitou aumentar os recursos orçamentários do chamado Fundo de Desenvolvimento Regional (FDR) para R$ R$ 148 bilhões, o mesmo valor do montante que virá por empréstimos, totalizando R$ 296 bilhões.
O fato agradou o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), para quem o Pará enfrenta os mesmos problemas de infraestrutura e logística que justificaram a manutenção da alíquota de 12% para a ZFM e várias áreas de livre comércio na região amazônica.
Pausa
O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) leu um texto da Agência Senado em que o presidente da Casa, Renan Calheiros, afirmou após uma reunião com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre a reforma do ICMS: "Chega um momento em que o mais conveniente é parar um pouco para discutir melhor".
Caiado disse que é exatamente o que o DEM está propondo: não atropelar a votação da MP 599/2012 antes de um acordo sobre o projeto de resolução da reforma do ICMS (PRS 1/2013).
Também presente, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) disse que saiu da reunião da CAE em que o PRS 1/2013 foi votado com a sensação de que a reforma do ICMS "não ficaria de pé", pelas concessões feitas para sua aprovação. Segundo ele, a extensão da alíquota de 7% para o setor do comércio nas regiões Norte, Norte e Centro-Oeste vai estimular o "passeio de notas", mecanismos que atacadistas usam para pagar menos imposto.
Coerência
Aloysio Nunes disse estar de acordo com Caiado e, assim como o presidente do Senado, defendeu um exame mais "sereno" da reforma, em busca de coerência dos seus mecanismos.
– Precisamos parar um pouco e iniciar uma jornada saudável em busca da coerência nas mudanças. Precisamos votar de maneira tranquila, e não guerrear – acrescentou, referindo-se aos embates entre as bancadas durante a votação do dia 7, na CAE.
As mudanças na reforma poderão ser feitas no Plenário do Senado, onde o PRS 1/2013 será agora votado. Um dos pontos da negociação é uma emenda do senador Armando Monteiro (PTB-PE) que reduz a alíquota da Zona Franca de Manaus para 9%.
09/05/2013
Agência Senado
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