APARTES IMPEDEM GUILHERME PALMEIRA DE REALIZAR DISCURSO DE DESPEDIDA NO SENADO



Mesmo permanecendo uma hora e meia na tribuna, o senador Guilherme Palmeira (PFL-AL) não conseguiu proferir o discurso de despedida que preparara antecipadamente para esta terça-feira (dia 24). Duas dúzias de apartes dos colegas, enaltecendo sua conduta política e sua vida pública, o impediram.Palmeira iniciou seu pronunciamento justificando a antecipação de seu discurso de despedida. Embora permaneça no cargo até o fim da legislatura, 31 de janeiro do ano que vem, o senador - malsucedido em sua tentativa de reeleição - antecipava suas palavras em decorrência de viagem que fará a Europa na condição de presidente do grupo brasileiro da União Interparlamentar.Ao dizer que fazia uma prestação de contas de seu esforço por representar com dignidade seu estado, "defendendo-o e exaltando-o" diante de suas limitações, foi interrompido pelo senador Bernardo Cabral (PFL-AM). Este declarou ser desnecessária uma prestação de contas pelo senador, um dos mais ativos parlamentares.Os apartes então se sucederam. O senador Edison Lobão (PFL-MA) lamentou o equívoco cometido em Alagoas, com a não reeleição de Palmeira, um político de "grande envergadura". Já Hugo Napoleão (PFL-PI) previu que o senador não se afastaria da vida pública que tem desempenhado com muita garra mas, ao mesmo tempo, bastante serenidade.O senador Djalma Bessa (PFL-BA) afirmou que Palmeira não deveria levar em conta o insucesso desta eleição, que será "breve e ligeiro".- Vossa Excelência deve ter em mente as consagrações que lhe foram conferidas seguidas vezes pelo povo de Alagoas - afirmou.O senador Elcio Alvares (PFL-ES) exaltou o grande amigo e companheiro que tem em Palmeira. O aparte motivou o parlamentar por Alagoas a falar de uma de suas grandes lutas, que é a implantação do parlamentarismo, para que se criem partidos fortes e, com eles, "os rumos que este país está a necessitar".O senador Iris Rezende (PMDB-GO) destacou ser Palmeira "um político diferente, que associa a competência à humildade, a solidariedade a posições firmes". Já Romeu Tuma (PFL-SP) comparou Palmeira a "um enviado de Deus dentro da política". Palmeira comentou que, mesmo sem mandato, continua seu entusiasmo, sua vontade e seu idealismo na vida pública.Para o senador Francelino Pereira (PFL-MG), o Senado será uma casa que vai confundir-se com a dedicação e a imagem do próprio Palmeira. O senador homenageado disse ser profundamente grato ao senador por Minas Gerais, que descobriu seu talento para a política.- Vossa Excelência foi um dos que detectou, em minha pessoa, um daqueles que podia contribuir para meu estado e para meu país - afirmou.Odacir Soares (PTB-TO) lembrou ser Palmeira fundador do PFL, tendo ele deixado uma grande contribuição para os partidos e para a vida partidária no país. O senador Leomar Quintanilha (PPB-TO) salientou ser um privilégio ter tido a companhia e a amizade de Palmeira. DIGNIDADEUma grande homenagem partiu do senador Pedro Simon (PMDB-RS). Lembrou que Palmeira foi sempre um homem de paz, oferecendo-se para reconciliar Pedro Collor com seu irmão, Fernando Collor, então presidente da República. Lembrou também da renúncia de Palmeira ao cargo de vice-presidente na chapa de Fernando Henrique Cardoso, após denúncias infundadas contra sua pessoa, apenas para não desgastar a campanha em que acreditava. Falando também em nome dos senadores José Fogaça (PMDB-RS) e Casildo Maldaner (PMDB-SC), Simon disse que Palmeira deixava o Senado de cabeça erguida, contando com o respeito, a admiração e o carinho de todos.- Vossa Excelência não vai honrar o meu discurso: Vossa Excelência fez o meu discurso - afirmou Palmeira em resposta a Simon.Falando também em nome do presidente do Senado, senador Antonio Carlos Magalhães - que teve de se ausentar do plenário e não pôde, assim, participar da homenagem -, o senador José Agripino (PFL-RN) destacou ser Palmeira um homem que não pensa em si próprio, mas sim no interesse nacional. Ele ressaltou também a probidade do senador que encerra seu mandato:- É claro que perder a eleição é ruim. Mas o mais difícil é perder a eleição e a condição de voltar às ruas. Vossa Excelência pode ter perdido a eleição, mas sua dignidade continua inteira. Este é seu patrimônio - afirmou.Palmeira lembrou então sua formação democrática. Recordou ter sido seu pai, Rui Palmeira, senador pela antiga UDN, mas um político que criou os filhos com tanta liberalidade que ele tem, hoje, irmãos que militam na esquerda e na direita. Palmeira considerou-se no meio deles.O senador Geraldo Melo (PSDB-RN) destacou que a grandeza com que Palmeira recebia os momentos de glória e vitória era a mesma com que freqüentava o lado não tão brilhante que tem a vida de todos nós. Já Carlos Wilson (PSDB-PE) afirmou que era a região Nordeste quem mais perdia com a saída de Palmeira do Senado.O senador Pedro Piva (PSDB-SP) disse que Palmeira não estava no meio, mas à frente de todos eles, sempre na vanguarda. Benedita da Silva (PT-RJ) afirmou ter tido uma convivência sempre cordial com o senador por Alagoas, com quem tinha divergências, mas nele encontrava sempre muita solidariedade.Joel de Hollanda (PFL-PE) qualificou Palmeira como um político obstinado, lutador e determinado na luta pelos interesses do Brasil, do Nordeste e de Alagoas. Destacou a preocupação permanente de Palmeira com o setor sucroalcooleiro. Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) enalteceu a fidalguia de Palmeira, que fazia seu discurso sem ataques a eventuais adversários após ter sido derrotado nas eleições.O senador José Alves (PFL-SE) hipotecou sua solidariedade a Palmeira, "um alagoano de boa cepa". Ney Suassuna (PMDB-PB) também lamentou a derrota do parlamentar, para ele "um homem correto, bom, sempre alegre e sempre lutando pelas causas nacionais e de seu estado".Carlos Patrocínio (PFL-TO) disse que seu estado teria as portas sempre abertas para Palmeira, "um homem que soube honrar seu mandato e sua Alagoas". No exercício da Presidência, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) se associou aos cumprimentos, elogiando a postura democrática de Palmeira e lembrando que sua candidatura ao Senado valorizou a vitória da senadora eleita Heloísa Helena, sua companheira de partido. Finalizando, o senador Gilvam Borges (PMDB-AP) elogiou a vida pública de Palmeira:- Não existem vitórias eternas nem derrotas para sempre; o que existe são lutadores, e Guilherme Palmeira é um lutador - afirmou.Palmeira somente conseguiu ler o parágrafo final de seu discurso. Lembrou as grandes amizades que deixa no Congresso e ressaltou sua crença no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso:- A nau do Estado tem em seu leme mãos firmes, honradas e capazes de dar rumo ao país - disse.

24/11/1998

Agência Senado


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