Em discurso de despedida do Senado, Fernando Bezerra anuncia que não deixará a vida pública
"Volto à iniciativa privada, mas digo ao povo do Rio Grande do Norte que não deixarei a vida pública", declarou o senador Fernando Bezerra (PTB-RN) da tribuna do Plenário, nesta quinta-feira (14), ao realizar seu pronunciamento de despedida do mandato que termina no dia 31 de janeiro de 2007. Durante quase uma hora e meia ele recordou momentos de sua vida política nos últimos 12 anos e foi homenageado por 17 senadores que o apartearam.
Fernando Bezerra lembrou que as circunstâncias da vida o levaram a ingressar na política, em 1990, quando Garibaldi Alves Filho o convidou para ser seu suplente na candidatura ao Senado. Em 1994, Garibaldi foi eleito governador do Rio Grande do Norte e Fernando Bezerra assumiu sua cadeira na Casa. Quatro anos depois, candidatou-se à reeleição e foi o senador mais votado da história do seu estado, até aquela data.
- Eu, que nunca tinha disputado um voto sequer, fiquei emocionado e grato com o povo do Rio Grande do Norte. Tive uma trajetória política talvez mais marcada pela sorte e pela dedicação. Tudo aconteceu muito rápido. Logo após chegar ao Senado, me vi líder do governo Fernando Henrique em uma situação na qual eu estava despreparado para o cargo. Mal aprendi o ofício de líder, assumi o Ministério da Integração Nacional, onde me dediquei de corpo e alma ao projeto da transposição das águas do Rio São Francisco - afirmou Fernando Bezerra.
Depois de ter sido acusado por suposta má aplicação de recursos que teria conseguido obter junto à Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) como empresário, Fernando Bezerra pediu demissão do cargo de ministro e voltou ao Senado. Pouco tempo depois, o então procurador-geral da República, Cláudio Fontelles, determinou o arquivamento do processo movido pela Corregedoria Geral da União, por falta de provas. Depois de isso, ele assumiu a liderança do governo Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso.
O senador potiguar garantiu que esse período no qual se sentiu vítima de injustiça é uma página virada e que não guarda ressentimentos de ninguém. Ao contrário, ele contou que hoje chega até a brincar sobre o episódio, quando costuma dizer que é dos raros políticos brasileiros que andam com um atestado de honestidade no bolso. Fernando Bezerra lembrou que a solidariedade que recebeu dos colegas senadores e do povo do seu estado o fizeram superar o episódio.
Alguns dos aparteantes, como Ney Suassuna (PMDB-PB), Patrícia Saboya (PSB-CE) e Augusto Botelho (PT-RR), classificaram as denúncias contra Fernando Bezerra como acusações grosseiras e injustas e testemunharam que o senador é um homem de caráter puro, limpo e honesto. Outros, como Sérgio Guerra (PSDB-PE), Romero Jucá (PMDB-RR) e Delcídio Amaral (PT-MS), opinaram que o presidente Lula certamente convidará o parlamentar potiguar para ocupar um cargo de destaque em seu segundo mandato.
A maior parte dos senadores destacou qualidades de Fernando Bezerra como dedicação, esforço, capacidade de conciliação, dignidade, cordialidade, competência, honradez, coragem, serenidade, firmeza, delicadeza e inteligência. Foi o caso de Heráclito Fortes (PFL-PI), Gilberto Mestrinho (PMDB-AM), Mão Santa (PMDB-PI), Sibá Machado (PT-AC), César Borges (PFL-BA), Flexa Ribeiro (PSDB-PA), Teotonio Vilela Filho (PSDB-AL), Magno Malta (PL-ES) e José Jorge (PFL-PE).
Por sua vez, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) destacou que Fernando Bezerra desempenhou seu mandato sem se prender aos interesses da categoria através da qual ele se projetou, a do empresariado. Em nome da Mesa, o senador EfraimMorais (PFL-PB) comentou que Fernando Bezerra deixa o Senado "com mestrado e pós-graduação em servir ao povo do Rio Grande do Norte e ao país". Ele fez alusão ao fato de o parlamentar potiguar ter comentado que em determinada ocasião seu irmão, o ex-deputado federal Aluízio Bezerra, já falecido, o aconselhou a assumir uma cadeira no Congresso como uma forma de cursar uma nova universidade.14/12/2006
Agência Senado
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