Apesar das pesquisas, ainda não há clareza sobre as causas do autismo
O autismo infantil foi descrito pela primeira vez em 1943, pelo médico austríaco Leo Kanner. Quando trabalhava no Johns Hopkins Hospital, um dos mais importantes dos Estados Unidos (em Baltimore, Maryland), publicou artigo sobre a identificação de crianças que apresentavam prejuízos nas áreas da comunicação, do comportamento e da interação social. Caracterizou essa condição como sendo única e não pertencente ao grupo de crianças com deficiência mental.
Pouco tempo depois, alguns situam no mesmo ano e outros no seguinte, outro médico austríaco, Hans Asperger, que desconhecia Kanner, descreveu crianças semelhantes, porém aparentemente mais inteligentes e sem atrasos significativos no desenvolvimento da linguagem. O seu trabalho, no entanto, só ganhou projeção na década de 70, quando foi traduzido para o inglês. A partir dessa data, um tipo de autismo de alto desempenho passou a ser denominado de síndrome de Asperger.
Com o conhecimento adquirido sobre os tipos de autismo, surgiu a denominação transtornos globais ou invasivos do desenvolvimento (TGDs), que incluía, além do autismo, a síndrome de Asperger, a sìndrome de Rett (que em breve deve ser retirada desse grupo, por ser bem diversa das demais, segundo o neuropediatra José Salomão Schwartzman) e o transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação. Recentemente, adotou-se o termo transtorno do espectro autista (TEA).
As estatísticas revelaram aumento da doença em todo o mundo. A Organização das Nações Unidas (ONU) chegou a divulgar este ano, no Dia Mundial de Conscientização do Autismo, em 2 de abril, que haveria cerca de 70 milhões de pessoas dentro do TEA. Atribuída a especialistas, essa estimativa suscitou a hipótese de o planeta estar vivendo uma epidemia de autismo. Para Schwartzman, a explicação está no maior reconhecimento do TEA e na maior abrangência do seu conceito. Portanto, não seria uma epidemia.
Apesar de haver muita controvérsia sobre as causas do autismo, os especialistas convergem para achar que elas são multifatoriais. "Dependem de fatores genéticos e ambientais", diz o neuropediatra. O que se comprovou, segundo ele, é que os TGDs afetam mais os meninos, na proporção de quatro para cada menina diagnosticada.
Desde que a patologia foi descrita, muitas polêmicas surgiram. Nas décadas de 50 e 60, o psicólogo norte-americano Bruno Bettelheim, nascido na Áustria, atribuiu a causa do autismo à indiferença materna, o que acabou denominando de "mãe-geladeira". Essa teoria só foi rejeitada na década de 70. E outras surgiram, como a da contaminação por mercúrio presente em vacinas. O caso mais rumoroso foi o artigo publicado em 1999 pelo médico britânico Andrew Wakefield, que estabeleceu suposta relação entre a vacina tríplice e o autismo.
Muitos estudos foram feitos para se comprovar essa relação. No entanto, não houve evidências sobre essa hipótese. Segundo a Wikipedia, o Conselho Médico Geral britânico considerou, este ano, que Wakefield agiu de maneira antiética e desonesta - ele teria coletado amostras de sangue de jovens na festa de aniversário de seu filho, pagando 5 libras a cada um. Considera-se que o sarampo ressurgiu no Reino Unido devido ao receio dos pais de aplicar a vacina tríplice em seus filhos.Cíntia Sasse / Jornal do Senado
23/11/2010
Agência Senado
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