APROVADO PROJETO QUE ACELERA DIREITO DE RESPOSTA A OFENSAS POR JORNAL, RÁDIO E TV



O plenário do Senado aprovou hoje (dia 15) projeto de lei do senador Roberto Requião (PMDB-PR) estabelecendo normas para o direito de resposta a pessoas que se sintam ofendidas por notícias de jornais e deemissoras de televisão e de rádio. "Esse projeto oferece um ágil direito de resposta. Quando uma pessoa não consegue dar resposta rápida a uma ofensa, ela é julgada pela opinião pública", justificou Requião.

A resposta, conforme o projeto, deverá ter o mesmo tamanho da matéria publicada inicialmente pelo jornal. Se for televisão, será oferecido ao ofendido o mesmo tempo da matéria que originou o pedido, acrescido de dois minutos.No rádio, será o mesmo tempo, mais cinco minutos. A proposição ainda terá de ser votada pelos deputados.

A votação foi precedida por um longo debate, iniciado pelo senador Josaphat Marinho (PFL-BA), o qual ponderou que a Câmara dos Deputados discute uma nova Lei de Imprensa, que já foi aprovada pelo Senado. Para ele, os senadores deveriam aguardar a votação dos deputados porque, caso contrário, a Câmara ficará com dois projetos, ambos do Senado, que tratam do assunto. Josaphat é o autor do projeto de nova Lei de Imprensa em discussão na Câmara.

O senador José Fogaça (PMDB-RS), ex-relator do projeto de Lei de Imprensa, também se manifestou contra a votação da proposta, neste momento. Fogaça acha que seria criada uma situação ambígua, com os deputados se interrogando qual seria o projeto reconhecido pelo Senado. Ele votou contra o projeto sobre direito de resposta, argumentando que jamais concordará, "nem mesmo num estado de guerra",com uma lei onde haja a expressão "fechamento de jornal"

Para Roberto Requião, os dois projetos não são incompatíveis, porque sua proposta trata apenas do direito de resposta. Ele se colocou totalmente contrário a uma Lei de Imprensa no Brasil e frisou que o direito de resposta afasta o risco pecuniário para a empresa que publicar a versão do ofendido. Requião considera dispensável a Lei de Imprensa porque a pessoa atingida poderá mover ações de reparação moral e material contra o meio de comunicação.

O relator, senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE),disse que o projeto não sufoca financeiramente nenhuma empresa de comunicação social, o que pode acontecer caso a Câmara aprove emendas apresentadas à Lei de Imprensa. Na sua opinião, a imprensa tem de ser livre, mas essa liberdade inclui o direito de resposta e a publicação de opiniões diferentes.

Os senadores Bernardo Cabral (PFL-AM), Ramez Tebet (PMDB-MS), Humberto Lucena (PMDB-PB), Ronaldo Cunha Lima (PMDB-PB) e Antonio Carlos Valadares (PDB-SE) também defenderam o projeto sobre direito de resposta. Valadares observou que interessa mais ao ofendido a reparação da notícia, e não levar à cadeia os seus autores. O senador por Sergipe também acha suficientes as medidas previstas no projeto, entre elas o pagamento de 1% do faturamento da empresa se não for publicado ou levado ao ar a resposta determinada por juiz.

A multa será aplicada por dez dias e, se não for publicada a resposta, o juiz poderá determinar o fechamento da empresa. Bernardo Cabral destacou que o juiz terá 30 dias para determinar a punição. Ronaldo Cunha Lima informou que move neste momento dezenas de ações contra emissoras de rádio do interior da Paraíba. "Só quem tem honra sabe o quanto custa ter seu nome enlameado", disse ele. José Roberto Arruda (PSDB-DF), líder do governo no Congresso, também manifestou a opinião de que, com o direito de resposta, não deve haver lei específica para a imprensa. Apesar disso, ele discordou do possível fechamento de jornais.



15/10/1997

Agência Senado


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