Armínio Fraga diz que acordo com FMI foi fundamental para superar a crise
O presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga, afirmou que o último acordo firmado com o Fundo Monetário Internacional (FMI), com crédito de US$ 30 bilhões para o Brasil, foi fundamental para superar a crise de confiança que o país atravessou este ano. Ele disse ainda que esse dinheiro dará tempo para que o novo governo eleito possa -construir um quadro mais tranqüilo- para a administração do país.
As afirmações de Fraga foram feitas na reunião conjunta com os senadores das Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e de Fiscalização e Controle (CFC) e os deputados das Comissões de Economia, Indústria Comércio e Turismo (CEICT) e de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC). Ele cumpriu o disposto na Lei de Responsabilidade Fiscal, que dá um prazo de 90 dias, após o encerramento de cada semestre, para que o BC apresente sua avaliação sobre o cumprimento dos objetivos e metas das políticas monetária, creditícia e cambial do governo federal. É a quinta vez que Fraga vem ao Congresso para isso.
O presidente do BC informou também que, de dezembro do ano passado a junho deste ano, a dívida líquida do setor público elevou-se em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) nacional, passando de 53,25% para 58,1% (variação de 4,84%). Armínio Fraga disse ter certeza de que a relação entre essa dívida e o PIB passará a apresentar uma curva descendente a partir do ano que vem. Apenas em 2011, prevê o BC, essa relação deve retornar a 54,9%.
Armínio Fraga afirmou que, desde abril, o país enfrentou -um verdadeiro turbilhão de problemas-. Entre eles, citou a crise de confiança no mercado acionário devida às fraudes contábeis de grandes empresas americanas e européias; a recessão global; a aversão a risco da comunidade internacional em relação a países emergentes; e a pressão de preços administrados, com reajustes nas tarifas contratuais e pressões da alta de preços do petróleo no mercado internacional.
Dessa crise de confiança decorreu uma crise de crédito que levou o BC a dificuldades para rolar os vencimentos da dívida. Assim, o banco alçou mão de medidas paliativas para empreender essa rolagem, como o encurtamento de prazo da dívida, o aumento do compulsório para depósitos a vista, a prazo e em poupança, além da introdução de swaps cambiais em substituição aos títulos cambiais (no contrato de swap, além da valorização cambial, são pagos juros).
O presidente do BC informou que, em dezembro de 1999, 53% da dívida doméstica vencia em um período de 12 meses, percentual que caiu pela metade em setembro de 2001 (27%). Mas todo esse trabalho de alongamento do prazo da dívida apenas possibilitou uma margem de manobra para que o lançamento de novos títulos com prazos mais curtos. Em setembro deste ano, 41,1% já tinham de ser resgatados no período de um ano.
O resultado final do BC, informou Armínio Fraga, foi negativo em R$ 10,9 bilhões no primeiro semestre do ano passado. De acordo com ele, esse resultado decorreu dos ajustes, a valor de mercado, da carteira de títulos públicos federais. Esses ajustes, que sozinhos representaram um saldo negativo de R$ 10,4 bilhões, refletem principalmente, segundo o Banco Central, o aumento significativo nas taxas de desconto para os títulos indexados a moeda estrangeira.
29/10/2002
Agência Senado
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