Arquivada denúncia contra os senadores Ney Suassuna e Wellington Roberto



Por 10 votos contra dois, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado decidiu, na noite desta terça-feira (11), arquivar a denúncia feita pelo Bloco Oposição contra os senadores Ney Suassuna (PMDB-PB) e Wellington Roberto (PTB-PB). Foi aprovado o relatório apresentado pelo senador Moreira Mendes (PFL-RO), que pedia o arquivamento. Conseqüentemente, foi rejeitado o voto em separado apresentado pelos senadores Heloísa Helena (PT-AL) e Roberto Saturnino (PT-RJ), que se manifestaram contra o arquivamento.

A denúncia contra os senadores baseou-se em reportagem publicada em 20 de maio último pela revista Época, intitulada "Os homens da mala". A revista relatou a prisão do empresário José Elísio Ferreira Júnior, que seria ligado aos dois senadores, e Giovanni Riccardi, assessor de Wellington Roberto, no aeroporto de Brasília. De acordo com a reportagem, eles portavam uma mala com R$ 99,7 mil, que seriam a segunda parcela de pagamento de propina cobrada das empreiteiras Fuad Rassi, de Goiânia, e Sercel, de Belo Horizonte. A propina serviria para que o Ministério da Integração Nacional - à época comandado por Suassuna - liberasse R$ 3 milhões para obra na cidade de Catalão (GO).

No relatório, lido na reunião anterior do conselho, Moreira Mendes argumentou nada haver no processo que possa ligar os senadores a qualquer atividade ilícita.

- Não há sequer rastro de indício contra os parlamentares - afirmou o relator.

No voto em separado, Heloísa Helena e Roberto Saturnino pediam mais 30 dias de prazo para a realização de diligências que esclarecessem a relação das pessoas presas com os senadores denunciados. A senadora, ao defender seu voto, argumentou que José Elísio cuida de seguro de Ney Suassuna há 17 anos e considerou inverossímil a explicação de que o dinheiro, sacado em uma agência bancária no Rio de Janeiro, se destinaria à compra de um apartamento em Brasília.

A parlamentar afirmou que a materialidade do crime foi apurada pelo Ministério Público, ao anexar ao processo uma lista com a relação das obras do governo federal e a porcentagem que as pessoas ganhavam na liberação de cada uma. Ela também questionou o fato de uma deliberação do juiz ter sido enviada a Suassuna pelo advogado de José Elísio.

Heloísa Helena, no entanto, ressalvou que seu voto em separado não fazia qualquer espécie de pré-julgamento, apenas pedia mais esclarecimentos. Roberto Saturnino acrescentou que muito prezava os dois parlamentares e disse que o arquivamento da denúncia poderia prejudicar a imagem de ambos perante a opinião pública.

O presidente do conselho, senador Juvêncio da Fonseca (PMDB-MS), invocou sua experiência em fóruns criminais para opinar que o inquérito policial poderia demorar meses ou mesmo anos para ser concluído. Assim, a postergação por 30 dias não acrescentaria qualquer informação nova aos fatos já analisados.

O corregedor do Senado, Romeu Tuma (PFL-SP), votou a favor do relatório, mas ressalvou que continuará a acompanhar as investigações da Polícia Federal sobre o caso. Já Antero Paes de Barros (PSDB-MT) afirmou que o voto ético deveria ser a favor do relatório, já que não haveria dificuldade em reabrir o processo frente a novas informações. O senador Gilvam Borges (PMDB-AP) afirmou que todo o caso foi uma manobra para impedir que Suassuna voltasse ao Ministério da Integração Nacional, como já estava programado.



11/06/2002

Agência Senado


Artigos Relacionados


Arquivada denúncia contra Dutra

Arquivada denuncia contra governador e secretários

Suplicy pede que Conselho de Ética investigue Suassuna e Wellington Roberto

Suassuna assume liderança e senadores elogiam Wellington Salgado

Conselho vota relatório sobre denúncias contra Suassuna e Wellington

Denúncia relacionada à direção em fundação é arquivada