ARRUDA DEFENDE PARCERIA COM SETOR PRIVADO PARA REFORMA AGRÁRIA



A recente assinatura de contrato entre a Coca-Cola e o governo federal com o objetivo de incentivar a produção em um assentamento de trabalhadores rurais é, na opinião do senador José Roberto Arruda (PSDB-DF), um exemplo de como o setor público e o privado podem trabalhar juntos para promover a reforma agrária no Brasil.- Espero um dia poder abrir o jornal e, em vez de ver uma longa reportagem sobre as dificuldades dos sem-terra, encontrar uma matéria sobre como a sociedade brasileira está encontrando soluções criativas, com parcerias entre estado e setor produtivo, para combater o problema fundiário - afirmou o senador, nesta sexta-feira (dia 12), em plenário.Arruda recordou sua participação no acordo firmado entre a empresa de bebidas e o Ministério da Reforma Agrária. Durante inauguração de uma nova fábrica da Coca-Cola no Rio de Janeiro, disse o senador, incomodado pelo contraste entre a riqueza daquela indústria e a pobreza do país, ele lançou a provocação ao presidente da Coca-Cola de que empresas multinacionais deveriam pensar alguma forma de investir no plano social nos países mais pobres onde estão instaladas.Segundo Arruda, a provocação surtiu efeito e, tempos depois, foi convidado para participar de uma reunião entre diretores da Coca-Cola e o ministro da Reforma Agrária, Raul Jungman, em que a proposta de parceria entre a empresa e o governo foi apresentada. Foi assim, continuou, que surgiu o contrato assinado esta semana entre a Coca-Cola e o presidente da República. De acordo com o projeto apresentado, num prazo de dez anos, a empresa irá adquirir o açúcar produzido pelos trabalhadores de um assentamento de 100 famílias no Amazonas pagando 10% a mais pelo produto.- Além de dar condições de sustentabilidade ao assentamento, a empresa já está fornecendo treinamento técnico. Com essa iniciativa, o assentamento vai ser incluído na área produtiva do território brasileiro - comemorou o senador.Em aparte, o senador Jefferson Péres (PDT-AM) parabenizou a participação de Arruda na assinatura do acordo e revelou que, em contato com dirigente da Coca-Cola, manifestou sua preocupação quanto às terras escolhidas para plantio. Segundo Péres, se o terreno selecionado for área já desmatada não apresentará condições para o plantio da cana-de-açúcar.- Por outro lado - disse o senador pelo Amazonas - se o projeto for estimular a devastação florestal, a empresa estaria prestando um mau serviço ao meu estado e ao país. O diretor da empresa comunicou-me que tomaria esse cuidado.Durante o anúncio do contrato com a Coca-Cola, relatou Arruda, o presidente Fernando Henrique Cardoso lançou também um prêmio para estimular outras empresas a firmarem parcerias com o governo em projetos de reforma agrária. O senador elogiou a sensibilidade do ministro Raul Jungman, e do ex-presidente do Incra, Milton Seligman, que ajudaram transformar em realidade a idéia da cooperação entre os setores público e privado.- Tenho a convicção de que a grande saída para o país está na reforma agrária. Ela pode gerar o retorno da população que veio da roça e que não se ajustou à vida na periferia das grandes cidades ao campo. Vou continuar lutando para que o Incra possa implementar outros projetos nesse sentido - afirmou o senador.

12/03/1999

Agência Senado


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