ARRUDA QUESTIONA FALTA DE AJUDA PARA MUTUÁRIOS DA ENCOL



Os depoimentos sobre o caso da construtora Encol ainda não esclareceram por que, apesar dos empréstimos obtidos no setor bancário, a empresa não conseguiu entregar os imóveis concluídos para os 42 mil mutuários, afirmou, nesta sexta-feira (dia 25), o presidente da CPI do sistema financeiro, José Roberto Arruda (PSDB-DF). Para o senador, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica, envolvidos nas operações com a Encol, não cumpriram seu papel de ter como alvo o público, no caso os mutuários, e objetivaram apenas a obtenção do pagamento dos empréstimos contraídos pela construtora.- Ficou claro que houve mau gerenciamento da empresa. Mas a dúvida é quanto à atuação dos bancos públicos, pois eles tentaram salvar seus créditos e não os interesses dos mutuários. Queremos encontrar um caminho para compensar as pessoas que foram lesadas - afirmou Arruda.Em depoimento à CPI, o ex-diretor de Crédito e Seguridade do Banco do Brasil, Edson Soares Ferreira, disse que, nas negociações e operações entre o BB e a Encol, agiu para defender os interesses do banco, deixando de aceitar propostas que encurtassem o volume da dívida da construtora para com a instituição. Disse que, durante todo o período de negociação com a Encol, o BB levou em conta o interesse dos mutuários, mas lamentou que o problema de gerenciamento e uma situação financeira problemática da construtora tenham impedido que os mutuários recebessem seus imóveis.Em resposta às indagações do relator da CPI, João Alberto Souza (PMDB-MA), sobre a situação da empresa antes e depois de 1994, Ferreira disse que, diante de relatórios conclusivos sobre a situação de dificuldades da Encol, a partir de 1995, o BB não realizou novas operações com a construtora, apenas renegociou as dívidas. Observou que a situação da empresa já não era tão boa antes de 1994. "Já naquela época havia um problema estrutural de dívidas de curto prazo e a estrutura de financiamento revelou-se inadequada", afirmou o ex-funcionário do BB.Apesar de algumas divergências com o ex-dono da Encol, Pedro Paulo de Souza, Ferreira disse que ele "é um homem sério" e atribuiu suas divergências, particularmente quanto a números nas operações entre a Encol e o BB, a possíveis equívocos de Pedro Paulo, que depôs na CPI na última quinta-feira (dia 24). Ferreira afastou qualquer possibilidade de o ex-dono da Encol ter mentido sobre esses dados.Em resposta ao senador Romero Jucá (PSDB-RR), o ex-diretor do BB negou que tenha indicado ou influenciado na escolha de Jorge Washington para assumir, como executivo, o cargo de diretor da Encol, como afirmou Pedro Paulo na CPI. Segundo Ferreira, o executivo foi indicado pelo próprio Pedro Paulo, após uma seleção feita por instituições especializadas em recuperação de empresas. O ex-diretor do BB disse que é normal, nesses casos, o dono da empresa discordar das decisões e da atuação do executivo escolhido para controlar a instituição.O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) quis saber sobre as operações com o BB que implicaram na posse de imóveis, em troca de parte dos recursos da construtora obtidos na venda de um hotel. Ferreira esclareceu que, nessa operação, o BB ficou com 30% do valor de R$ 55 milhões (custo do hotel), o equivalente a R$ 16,5 milhões, enquanto a Caixa Econômica Federal ficou com R$ 15 milhões, para compensar as dívidas com as instituições. O restante dos recursos adquiridos com a venda do imóvel, acrescentou, ficaram com a Encol, para pagamento de salários de funcionários, fornecedores e outras despesas.Carlos Bezerra (PMDB-MT), Roberto Saturnino (PSB-RJ) e Emília Fernandes (PDT-RS) também questionaram o depoente sobre as operações do banco com a construtora. Ferreira negou que tenha havido, em qualquer momento das negociações, decisões pessoais, afirmando que todas as decisões foram colegiadas, tomadas pelo conjunto da diretoria do banco.

25/06/1999

Agência Senado


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