Arthur Virgílio diz que governo 'fez gastança' e agora quer aumentar impostos



O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) acusou o governo, em discurso nesta quarta-feira (21), de promover nos últimos anos "uma gastança desenfreada", perder o controle fiscal com a queda de receita provocada pela crise financeira, e, agora, querer aumentar impostos para equilibrar as finanças públicas. Ele citou como tentativas de aumentar impostos a proposta de recriação da CPMF, sob o nome de Contribuição Social para a Saúde (CSS), a implantação do "imposto do livro" e a taxação das cadernetas de poupança.

Arthur Virgílio opinou que o governo errou ao tratar a crise financeira como "uma marolinha", assinalando que hoje a própria Receita Federal admite que haverá uma queda de R$ 64 bilhões na arrecadação deste ano. O senador entende que, "por ter apostado tudo na teoria da marolinha", o governo "continuou gastando muito" e adotou medidas "pouco criativas" para estancar a crise.

- O descontrole fiscal é hoje uma realidade, mas o governo continua tentando buscar a solução para os seus problemas no aumento da arrecadação, e não na contenção dos gastos. Fica claro que a conta será paga, mais uma vez, pelo trabalhador, pelo contribuinte. É mais uma vez o governo esfaqueando a classe média, que já chegou ao limite com essa elevada carga tributária - disse.

Arthur Virgílio advertiu que "não há mais espaço para aumentos de impostos" e muito menos para cortar "o que resta de investimento" para garantir o superávit fiscal - dinheiro usado para pagar juros da dívida pública. O senador considerou "pueril" taxar o mercado de capitais, referindo-se à decisão do governo de cobrar Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 2%nas aplicações estrangeiras de curto prazo no país. Entretanto, ele não poupou o mercado financeiro.

- O mercado faz vista grossa para a situação fiscal, para a imaturidade na gestão econômica - disse o senador.

Arthur Virgílio afirmou que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que foi convidado a explicar aos senadores as razões para a ordem de "segurar" as restituições do Imposto de Renda, será questionado sobre a situação fiscal do país. O senador acredita que a retenção das restituições foi dada pelo ministro, que mais tarde voltou atrás, porque o governo "está sem dinheiro no caixa" por causa do aumento dos gastos.

Em aparte, o senador José Agripino (RN), líder do Democratas, opinou que o IOF de 2% "não vai conter a médio prazo" a entrada de capital estrangeiro especulativo, "pois eles sabem que os juros pagos no Brasil são os mais altos do mundo". Agripino acredita que o governo "não vai conter seus gastos" e, como resultado, pode colocar sob risco a política de controle da inflação. Também em aparte, o senador Antonio Carlos Junior (DEM-BA) lamentou que, por causa do aumento dos gastos, o Banco Central não terá mais condições de reduzir os juros, o que afeta a médio e longo prazos toda a economia do país.



21/10/2009

Agência Senado


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