Arthur Virgílio diz que Lula não tem apreço pela opinião alheia



Em pronunciamento nesta quinta-feira (6), o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) condenou declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, em viagem a Belém (PA), disse que faltava juízo aos senadores contrários à aprovação da proposta de emenda à Constituição que prorroga a cobrança da Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira (CPMF) até 2011. A votação da matéria está prevista para a próxima terça-feira (11).

- As declarações impensadas e pouco ajuizadas de Lula revelam uma intenção jocosa e desapreço pela opinião alheia. Lula me desagrada profundamente quando, insatisfeito com o DEM, procura estigmatizar o partido, como se esse não tivesse o direito de fazer a oposição que bem entenda e na intensidade que pretenda. Aí, poupa o PSDB, esperançoso de que possa haver uma rodada de negociação com os tucanos. Desiludido com o PSDB, volta à carga e generaliza, dizendo que os senadores que votam contra a CPMF não têm juízo - analisou.

Arthur Virgílio defendeu a atuação independente dos senadores, lamentando a discriminação sofrida pelos parlamentares contrários às propostas defendidas pelo governo.

- O uso do cachimbo faz a boca torta. E a boca cívica do presidente está entortando. Ou seja, se aqui tomo determinada atitude que agrada ao Planalto, e quando a tomo, não o faço para agradar o Planalto, mas para sustentar convicções minhas, muito bem. Se digo algo que desagrada, caio em uma espécie de índex. Quando se diz o que agrada, o detentor do poder diz 'puxa, que pessoa sábia'. Quando se diz o que não agrada, diz 'não tem juízo - afirmou.

Em seu discurso, o senador lembrou que a economia do país apresenta atualmente excesso de arrecadação, sem deixar de destacar a atuação de Lula e lideranças sindicais no papel de oposição ao governo Fernando Henrique Cardoso.

- Ele se intitula metamorfose ambulante e não teve capacidade de se autocriticar e se autodenominar também um sem juízo quando, em plena crise, em momento de penúria da economia internacional, durante o governo passado, ele fazia muito mais do que a luta parlamentar. Ele erguia barricadas nas ruas, em frente ao Congresso Nacional, mobilizando a CUT [Central Única dos Trabalhadores], que, à época, rugia como um leão; ela que, hoje, ronrona como um gatinho no colo e no seio do governo federal - disse.

Arthur Virgílio também apontou contradições da oposição exercida por Lula em episódios ocorridos no governo passado, a exemplo das modificações promovidas pelo PSDB em alguns setores da economia.

- Naquela época, ele era supostamente a voz progressista, como se fosse progressista alguém se opor à quebra do monopólio das telecomunicações, à quebra do monopólio do petróleo, à abertura da economia ao capital estrangeiro, inclusive conferindo à empresa estrangeira o mesmo status conferido à empresa nacional - afirmou.

Ao final do discurso, Arthur Virgílio disse que o país não vai acabar se a proposta de prorrogação da cobrança da CPMF for rejeitada no Senado.

- Já aconteceu antes de o Brasil ficar sem CPMF. E o Brasil não acabou, não acabaria e não acabará se o presidente Lula tiver que lidar com essa realidade - concluiu.



06/12/2007

Agência Senado


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