Arthur Virgílio diz que vai cobrar manutenção do acordo sobre cargos da CPI dos cartões



O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (PSDB-AM), disse nesta quinta-feira (28) que vai cobrar a palavra empenhada pelo líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR), e pelo ministro das Relações Institucionais, José Múcio, no acordo que cedeu ao PSDB a presidência da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Cartões Corporativos.

VEJA MAIS

- Eu vou cobrar isso em Plenário. Nós não somos peteca nem ioiô para ficarmos de um lado para o outro, cada dia uma coisa, cada dia um pretexto novo. Nós queremos apurar. Se sentirmos que essa lengalenga não pára, a gente apura no Senado. Mas, nós vamos apurar - afirmou.

Para Arthur Virgílio, o protesto ensaiado pela bancada do PT na Câmara dos Deputados não passa de uma manobra para postergar o início das investigações. Ele frisou que a oposição está disposta a apurar as denúncias sobre o uso abusivo dos cartões corporativos e que entra com boa fé numa CPI Mista onde é minoria, mas, observou, "é preciso haver cumprimento de palavra, decência e generosidade" por parte dos outros interlocutores. O PT, disse o senador, deveria perceber que o PMDB do senador Romero Jucá e o governo que o ministro Múcio coordena são favoráveis ao cumprimento do acordo.

- Houve um acordo, e acordo você cumpre até quando dói. Você não tem que ficar roendo a corda. Isso passa a imagem de personalidade frágil e pouca convicção. Se o PT é apoiado pelo restante do governo nessa quebra de compromisso, nós instalaremos a CPI do Senado e sou favorável a participarmos da outra. É tudo o que eles não queriam e é tudo o que eu terei que fazer - assinalou.

Reforma Tributária

Arthur Virgílio também disse que a oposição está disposta a fazer a reforma tributária, mas tem algumas desconfianças. Ele lembrou que, na época em que a oposição negociava a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF ), os governistas diziam que não daria tempo para fazer a reforma tributária pela proximidade das eleições, "mas agora acham que dá tempo em quatro meses".

- Justamente na hora em que tem tanta denúncia, duas CPIs, uma entrando em ação e outra começando sua fase mais ativa. Não sei se é uma jogada: se não der certo, jogam o povo contra o Congresso. Mas, pode até haver boa intenção e, havendo boa intenção, nós discutiremos para valer uma reforma tributária - disse o senador.

Arthur Virgílio disse estranhar o fato de o ministro da Fazenda, Guido Mantega, não ter "nada escrito" para apresentar aos parlamentares quando fez a entrega da proposta de reforma tributária aos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados.

- Perguntamos: "Cadê o papel?" "Não, não tem. Vamos ter daqui a dois dias". Uma reforma que deveria estar pronta há 200 anos e não tinham nada escrito - criticou o senador, acrescentando que não entendeu nada do que disse o ministro, "porque ele não é um bom orador".

Arthur Virgílio disse que estabeleceu um parâmetro para testar o governo: caso o governo tenha mesmo vontade de fazer a reforma tributária, vai evitar quaisquer atitudes que inviabilizem o funcionamento do Congresso, como, por exemplo, a edição de medidas provisórias (MP).

- Se não resolverem essas pendências, como é essa coisa indecorosa desse tal Anexo 1 [do Orçamento Geral da União], que não nos permite aprovar o Orçamento, eles não estão querendo fazer reforma tributária. Nós vamos fazer os testes, assim, práticos - avisou.

Arthur Virgílio disse ainda que a proposta do governo parece ser "bem mais tímida" do que a proposta elaborada pela Subcomissão de Reforma Tributária, presidida pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) e relatada pelo senador Francisco Dornelles (PP-RJ).

O senador disse que precisa defender os interesses do Amazonas e que os outros senadores farão o mesmo em relação aos seus respectivos estados.

- É uma reforma difícil, porque tem vários interesses conflitantes dentro dela e, se quisermos um consenso, vamos ter que trabalhar com muita sinceridade mútua e com muito espírito de generosidade. Então, isso não pressupõe rasteiras, golpes, mumunhas, implicâncias. Isso pressupõe realmente muita coisa diferente do que eles têm feito - concluiu.



28/02/2008

Agência Senado


Artigos Relacionados


Arthur Virgílio volta a cobrar explicações sobre investimentos na Refinaria de Manaus

Arthur Virgílio vai ao STF pedir dados sobre cartões do gabinete de Lula

Arthur Virgílio anuncia ter obtido assinaturas necessárias para CPI Mista sobre cartões corporativos

Arthur Virgílio volta a cobrar correções na política econômica

Arthur Virgílio elogia acordo sobre sacoleiros, mas diz que projeto não terá seu voto

Arthur Virgílio garante que não há "acordão" para CPI dos cartões