Arthur Virgílio: Fernando Henrique alerta para necessidade de evitar retrocessos



"Os Herdeiros", artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, publicado no jornal Correio Braziliense de 5 de setembro, sobre a gestão petista na Presidência da República mereceu destaque por parte do senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), que pediu inserção do texto nos Anais do Senado. Segundo o senador, mostra-se no artigo que o importante hoje é evitar retrocessos para o desenvolvimento e para o regime democrático.

- O risco hoje está no aparelhamento do Estado e em um dirigismo econômico e político que poderiam comprometer o desenvolvimento e a democracia do país - advertiu Arthur Virgílio, reforçando a tese com que o ex-presidente da República encerra seu artigo.

Além de evitar retrocessos, que às vezes são pouco perceptíveis no início, como acredita estar acontecendo com a Lei de Responsabilidade Fiscal, Fernando Henrique diz ser necessário avançar na definição de regras claras do jogo e no fortalecimento de instrumentos adequados ao desenvolvimento.

O ex-presidente da República mostra, em seu texto, observou Artur Virgílio, que o atual governo é herdeiro de um período em que foram obtidas várias conquistas no plano econômico e social. Na gestão passada, lembrou o senador, foi criada uma "rede de proteção social", com programas como o Bolsa Escola, o combate ao trabalho infantil e a Bolsa Alimentação, entre outros, e registrados êxitos como a estabilidade inflacionária, a Lei de Responsabilidade Fiscal e a privatização dos bancos estaduais.

Ao responder a questionamento que lhe foi feito durante participação na reunião anual da Sociedade Americana de Sociologia, em São Francisco (EUA), no mês de agosto, o ex-presidente admitiu, como está reproduzido em seu artigo, que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, ao atuar com responsabilidade no plano econômico, talvez possa ser considerado neste aspecto herdeiro do seu, "mesmo que não goste muito da herança". Mas ressaltou que "não foi ou é neoliberal e que o governo atual não deve ser assim qualificado".

- Seguir os fundamentos sólidos que deixei para manejar o Orçamento, respeitar a Lei de Responsabilidade Fiscal, manter o câmbio flutuando e ter metas de controle da inflação não são razões para qualificar a política do governo Lula como neoliberal - pontua Fernando Henrique no texto publicado pelo Correio Braziliense.

Para o sociólogo, entretanto, o governo atual é muito distinto do anterior. Há diferenças, exemplifica ele, no trato da cultura, na questão da liberdade de informação, no funcionamento das agências reguladoras e na forma das parcerias entre o setor público e privado.

- Enfim, na forma de conceber as relações entre o Estado e a sociedade e de gerir a máquina pública - conclui o ex-presidente.



21/09/2004

Agência Senado


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