Arthur Virgílio não vê como um país possa se beneficiar da guerra



Líder do PSDB no Senado, o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) discordou nesta terça-feira (25) do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, por ter este declarado ao jornal O Globo que o comércio exterior brasileiro pode se beneficiar de uma guerra no Iraque. O líder considerou infeliz a declaração do ministro.

- Tenho certeza que o ministro Furlan se explicará melhor e com certeza terá a coragem moral de se retratar, dizer que foi um momento infeliz, enfim, que não soube usar as palavras. Mas o fato é que não é cabível que um ministro de um governo democrático diga que vê oportunidades econômicas, de aumentos de exportações, de bons negócios para o Brasil, se dois países entrarem em guerra.

De acordo com Arthur Virgílio, o Brasil poderia até ter uma oportunidade de curto prazo nessa guerra, mas não de longo prazo, porque é impossível imaginar que o desenvolvimento e a solução para o desnível social de um país possam ser encontrados numa desgraça como essa.

- É um erro econômico rotundo, porque o Brasil não pode se beneficiar de algo que abalará os alicerces econômicos do mundo inteiro, até porque a essa tensão se seguirá uma nova tensão, que é a tensão da Coréia e mais tensão ainda, até com a formação de blocos políticos que a gente já vê nascer, por exemplo, o bloco França, Alemanha, Rússia e China, contra o chamado unilateralismo.

Manifesto

No mesmo discurso, o senador anunciou que acabara de assinar manifesto a ele levado pelo senador João Capiberibe (PSB-AP) -a favor da paz e contra a insanidade de uma guerra que não encontra justificativa legal, nem ética, nem qualquer razão para eclodir-. No entender de Arthur Virgílio, se essa guerra acontecer, significará o desmantelamento da ordem institucional, a desmoralização e o fechamento da Organização das Nações Unidas (ONU).

Arthur Virgílio também comentou a declaração do chefe da Casa Civil, ministro José Dirceu, que, referindo-se ao sistema de aumento das tarifas públicas, acusou o governo passado de ter deixado uma -herança maldita- para a administração de Luiz Inácio Lula da Silva. O líder do PSDB disse que José Dirceu lhe pareceu antecipadamente cansado para quem está iniciando um período de governo e observou que -daqui a pouco ele vai ver que, ao invés de reestatizar, poderá até ter que acabar injetando mais recursos no sistema-.



25/02/2003

Agência Senado


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