Arthur Virgílio: "Promessas não cumpridas ameaçam Brasil com desobediência civil"



O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), leu da tribuna dezenas de títulos de jornais negativos para o governo e para o país e sustentou: "As promessas do governo não cumpridas ameaçam o Brasil com a desobediência civil". Ele afirmou que a mesma conclusão foi apresentada pelos cientistas políticos Leôncio Martins Rodrigues e Rubens Figueiredo e pelo sociólogo Sérgio Adorno, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo desta terça-feira (20).

As notícias negativas, lidas pelo senador, se referem ao massacre de garimpeiros por índios em Rondônia, à ocupação de morros no Rio, às invasões de terras pelo MST e de prédios por sem-teto, às greves de funcionários públicos, à morte de presidiários em motim (RO), à pressão da base do governo contra a política econômica e a disputas entre ministros do governo.

Os títulos dos jornais, conforme Arthur Virgílio, refletem "a indignação do país com o governo, que não governa, não executa, não consegue fazer a máquina andar". Para ele, "o surrealismo chegou" com uma das notícias, informando que até o presidente da República estaria pressionando o ministro da Fazenda a mudar a meta de inflação do ano que vem. O líder do PSDB leu notícia em que o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo alerta que a invasão de terras com plantio de pinheiros e eucaliptos da empresa Klabin, exportadora de papel e celulose, pode levar os empresários a adiarem seus investimentos, prolongando o desemprego no país.

Em aparte, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), presidente da Subcomissão Permanente de Segurança Pública, informou que pretende apresentar requerimento de convocação do presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), do governador de Rondônia e de representantes da Polícia Federal, para que falem sobre o massacre de garimpeiros por índios Cinta-Larga na Reserva Roosevelt (RO). Para ele, é inadmissível o presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, fazer uma afirmação para a televisão na qual "praticamente considerou correto o massacre dos garimpeiros pelos índios".

Também em aparte, em tom indignado, o senador Ramez Tebet (PMDB-MS) afirmou que os senadores não devem chamar o presidente da Funai para explicações, mas "pedir ao presidente Lula a sua demissão". A senadora Ana Júlia Carepa (PT-PA) se disse "alarmada" com "essa verdadeira xenofobia contra os índios brasileiros", ponderando que, no caso da Reserva Roosevelt, quando descobertos, na década de 70, eram cerca de 5 mil Cinta-Larga. "Eles foram massacrados e hoje não passam de 1.500", disse.

Heloísa Helena (sem partido-AL) observou que ficava constrangida ao ouvir críticas de Arthur Virgílio ao governo.

- Porque tudo isso é culpa da ambivalência deste governo. Se o presidente anterior disse para que esquecessem o que ele escreveu, agora teríamos de dizer: esqueçam o que eu escrevi e falei - afirmou.

Já o senador José Agripino (PFL-RN), depois de falar da "leniência" do governo frente "aos freqüentes desrespeitos" à lei, afirmou que o Brasil "caminha para um clima de caos".



20/04/2004

Agência Senado


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