Arthur Virgílio responde listando denúncias contra Renan



O senador Arthur Virgílio (AM) enumerou da tribuna, nesta quinta-feira (6), denúncias publicadas nos últimos anos contra o líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL), em resposta à representação lida pelo próprio Renan contra ele, minutos antes. A representação foi apresentada no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado em nome do PMDB.

O líder do PSDB disse que optava por uma resposta política. A resposta técnica, acrescentou, apresentará ao Conselho de Ética.

Arthur Virgílio assumiu a culpa de ter permitido que um assessor fizesse um curso de cinema no exterior sem deixar de receber a remuneração pelo Senado, principal acusação na representação do PMDB. Disse que, no caso, era "réu confesso".

- Fui o culpado de que aquele moço tivesse feito aquele curso às custas do Senado. Aliás, senador Sarney, estou estornando aquele dinheiro, com muito sacrifício - afirmou o líder do PSDB, que também citou no pronunciamento denúncias contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Tanto Renan quanto Sarney acompanharam todo o pronunciamento de Arthur Virgílio.

Entre as denúncias citadas por Arthur Virgílio, estão a de que a pensão da filha que Renan Calheiros teve fora do casamento era paga por uma empreiteira; de que este contratou diversos assessores "fantasmas", que não dão expediente em seu gabinete; de que Renan avisou ao então diretor-geral do Senado, Agaciel da Silva Maia, sobre uma busca e apreensão a ser realizada no gabinete deste pela Polícia Federal; de que Renan Calheiros utilizou notas fiscais falsas para comprovar venda de gado que justificassem a posse de recursos para fazer face a suas despesas; e de que recebeu propina para facilitar tramitação de proposições autorizando o funcionamento de estações de rádio.

- São fatos muito mais graves do que o menino que foi estudar cinema lá fora. Este foi um erro brutal, um erro meu. Se isso é ser réu confesso, não participar deste clube da mentira, sou réu confesso, não participo deste clube da mentira - afirmou Arthur Virgílio em seu pronunciamento.

Arthur Virgílio afirmou que, embora o presidente Sarney tenha negado que seu neto tenha intermediado operações de crédito consignado no Senado, o próprio neto teria confirmado essa atividade. Afirmou também que Sarney, embora tenha dito que nunca processou jornalistas, na verdade o fez.

- Não se ofenda, senador Renan: tenho o maior orgulho neste momento de estar contra ambos - afirmou, referindo-se ao líder do PMDB e ao presidente do Senado.

Arthur Virgílio disse não ter rancor contra Sarney, com quem travou "as conversas mais interessantes que já teve oportunidade no Senado Federal". Disse que o presidente do Senado tem de ser um magistrado e, exatamente porque ele está sendo acusado, não pode manter essa posição.

Arthur Virgílio propôs a Renan que ambos abram totalmente seu sigilo bancário. Propôs também que o Senado divulgue todas as passagens utilizadas por todos os gabinetes. E disse não abrir mão de que Agaciel da Silva Maia seja demitido do Senado a bem do serviço público.

O líder do PSDB afirmou que não irá abordar nenhum dos integrantes do Conselho de Ética para tratar da representação contra ele. E foi além: disse que pedirá ao líder do Democratas, senador José Agripino (RN), que substitua com senadores do partido todos os integrantes do PSDB no Conselho de Ética, "para que não haja nada parecido com compadrio e haja absoluta isenção a meu respeito".

Arthur Virgílio ainda lembrou que o senador Tião Viana (PT-AC) apresentou um projeto que visa acabar com a necessidade de representações terem maioria para serem investigadas no Conselho de Ética. Afirmou também que ele próprio pretende apresentar projeto para impedir que parlamentares que respondam a processo por improbidade façam parte do Conselho.



06/08/2009

Agência Senado


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