Apesar de católico, Arthur Virgílio não teme debate sobre o aborto



O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) afirmou, em discurso da tribuna nesta sexta-feira (11), que não se sente "interditado" para debater a questão do aborto, apesar de ser católico praticante. Ele disse que se emocionou com a visita do papa Bento XVI ao país - mais ainda pelo fato de a viagem ter como objetivo principal a canonização de Frei Galvão -, mas salientou que o Brasil precisa encarar a questão do aborto de forma realista.

De acordo com a imprensa, o Papa chegou a dizer que políticos católicos poderiam mesmo ser excomungados caso apoiassem o aborto. Ele teria feito essa afirmaçãoao comentar a atitude de líderes eclesiásticos mexicanos que ameaçaram excomungar parlamentares do México que aprovaram a legislação liberando o aborto naquele país no mês passado. Mais tarde, no entanto, o porta-voz de Bento XVI disse que o "Papa não pretende excomungar ninguém".

O debate sobre o tema já havia sido incentivado antes por declarações do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, para quem o aborto é uma questão de saúde pública. No discurso, Arthur Virgílio disse ter sido surpreendido com manifestação mais recente do ministro, em que anunciou que fará agora silêncio sobre o assunto.

- Estranhei sobremaneira o ministro Temporão, que é uma figura que me parece competente, capaz de exercer um bom Ministério da Saúde, ter dito que forças superiores lhe disseram para não falar mais sobre o tema - observou.

O senador salientou que, no Brasil, uma mulher que disponha de recursos faz aborto seguro em clínica que, mesmo clandestina, dispõe de todos os recursos da moderna Medicina. Uma cidadã pobre, no entanto, fica obrigada a recorrer a métodos rudimentares, praticados muitas vezes por "curandeiros", em que se usam "agulhas", arriscando com isso a própria vida.

- Eu não teria como deixar de marcar a minha posição nesse episódio e não há nenhuma contradição com a minha fé católica profunda. Não me sinto obrigado a me enquadrar nesses dogmas - finalizou.

Dia das Mães

No mesmo discurso, Arthur Virgílio, em menção ao Dia das Mães, no próximo domingo, manifestou o desejo de que o presente pela data seja o fim da violência doméstica. Mais do que um evento comercial, disse ele, a data deve ser marcada pelo maior respeito à integridade física das mulheres, cada vez mais atuantes no mercado de trabalho, mas ainda freqüentemente sujeitas a atos de violência.

- O presente que gostaria de dar a todas elas - nossas mães, nossas mulheres, nossas companheiras - seria o fim da violência doméstica, porque essa é uma chaga a macular as relações entre homens e mulheres nesse país - ressaltou.

11/05/2007

Agência Senado


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