Assembléia retoma votações na terça-feira









Assembléia retoma votações na terça-feira
A Casa reabre os trabalhos na quinta-feira, sem votar matérias

A Assembléia Legislativa vai retomar as atividades na quinta-feira, com uma sessão plenária sem votação de projetos. A Mesa Diretora irá se reunir ao meio-dia e, às 13h, realizará o primeiro encontro do semestre com os líderes de bancadas.

A primeira sessão com projetos em pauta para votação ocorrerá na terça-feira, a partir das 14h.

Dois vetos e três projetos de lei do Executivo começarão a trancar a pauta dos trabalhos na próxima semana. Um dos vetos é parcial ao projeto do Executivo que determina medidas educativas de internação e semiliberdade e cria a Fundação de Proteção Especial do Estado.

As emendas vetadas, três de autoria do deputado Bernardo de Souza (PPS) e duas do deputado José Ivo Sartori (PMDB), estabelecem critérios para ocupação de cargos de direção e contratação de cargos de confiança e a criação de uma corregedoria-geral para o futuro órgão.

O outro veto é total e refere-se ao projeto do deputado Elmar Schneider (PMDB) que define critérios para a instalação de pardais nas rodovias estaduais. O objetivo da proposta, conforme o parlamentar, é permitir que os motoristas tomem conhecimento com antecedência do local exato dos controladores de velocidade, como ocorre com as lombadas eletrônicas.


Rita vai a Santa Cruz do Sul
Fumante, a vice de Serra quer reverter resistência de fumicultores à candidatura tucana

A fim de aplacar a resistência do eleitorado da região fumicultora gaúcha contra o antitabagista José Serra, o comando de campanha do candidato do PSDB mobilizou uma inveterada fumante: a candidata a vice, Rita Camata (PMDB).

Na próxima semana, em dia a ser definido, Rita visitará Santa Cruz do Sul a fim de tentar angariar simpatia e votos.

A batalha antitabagista assumida pelo candidato à Presidência José Serra (PSDB) gera descontentamento em Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo, desde os tempos em que o candidato comandava o Ministério da Saúde. Na época, o tucano implantou medidas de combate ao tabagismo.

O tabaco é a principal fonte de renda do município. O setor movimentou R$ 1,9 bilhão durante a safra de 2002 e garante o ganha-pão de cerca de 50 mil pequenos agricultores da região, de acordo com dados do Sindicato da Indústria do Fumo (Sindifumo).

– A gente não quer saber do Serra e não vai votar nele. Imagina se ele ganhar as eleições? – diz o fumicultor Helo Jacob Becker, 68 anos, dono de uma propriede de 12 hectares.

Apesar de o ex-ministro ter detonado uma guerra contra o fumo com a colocação de fotografias nas carteiras de cigarro, a safra de fumo de 2002 registrou um recorde. Foram produzidas 636 mil toneladas nos três Estados do Sul – quase 100 mil toneladas a mais do que no ano anterior. Do total produzido, 440 mil toneladas foram exportadas para Estados Unidos, Europa e Ásia.

Mesmo assim, a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), que reúne 138 mil produtores, teme as intenções do tucano. O presidente da entidade, Hainsi Gralow, afirma que tentou marcar por quatro vezes audiências com Serra para falar sobre a importância da cultura do tabaco para a economia do país. Apesar da insistência, não foi recebido.

O presidente do Sindifumo, Cláudio Henn, também se preocupa com o futuro da indústria e dos agricultores. O maior problema de Serra, segundo ele, está em criticar o cultivo e não apresentar alternativa rentável.

– Queremos que Rita venha para podermos explicar a relevância do fumo para a economia regional – afirma.

Mas o maior opositor do presidenciável em Santa Cruz certamente tem sido o prefeito Sérgio Moraes (PTB), que não mede palavras ao criticar o tucano.

– Serra é o inimigo número 1 do Rio Grande do Sul. Ele usa o tabaco como bode expiatório para a tragédia da saúde pública, área que comandou por muito tempo – diz.

O que disse a assessoria do candidato à Presidência José Serra (PSDB):
“O candidato José Serra está preocupado com a reação dos santa-cruzenses e vai abrir um canal de voz com os agricultores. Para isso, enviará Rita Camata a Santa Cruz do Sul na próxima semana. Quando esteve no comando do Ministério da Saúde, Serra combateu o consumo de cigarro, restringiu a propaganda do fumo em locais públicos, colocou alertas nos maços do produto e reduziu seus teores de nicotina e alcatrão.
Apesar disso, ele sabe que o Brasil é um dos maiores exportadores de fumo e que vai continuar sendo. O que Serra quer é restringir o consumo interno.”


PSDB estranha desconforto
A coordenação de campanha do candidato à Presidência José Serra (PSDB) estranha o desconforto manifestado pelo PPB gaúcho em relação ao candidato e promete procurar soluções para manter o apoio da sigla no Estado.

Em desabafo feito a Zero Hora no domingo, o candidato do PPB ao governo do Estado, Celso Bernardi, reclamou de “falta de reciprocidade” da cúpula do PSDB em relação ao respaldo do PPB gaúcho a Serra.

– Vamos identificar esse desconforto e procurar uma solução. Há interesse em manter o apoio não só de Bernardi, mas dos deputados do PPB gaúcho – afirmou Milton Seligman, coordenador operacional da campanha de Serra.

Seligman esteve na quinta-feira no Estado e fez contatos com os coordenadores das campanhas de Bernardi e de Germano Rigotto (PMDB). Na ocasião, disse ter discutido estratégias de campanha. Até outubro, Serra deverá visitar pelo menos quatro vezes o Estado.

Como é gaúcho e integra o núcleo político da campanha de Serra, Seligman está encarregado de organizar e definir estratégias no Estado. Sobre os problemas levantados por Bernardi durante a visita da vice de Serra, Rita Camata (PMDB), a Caxias do Sul, cidade da vice de Bernardi, Denise Kempf, sem informar ao PPB, Seligman disse que pode ter havido erros. Ele demonstrou ainda preocupação com as manifestações de parlamentares. Disse que pretende conversar nos próximos dias com o vice-líder do PPB, Fetter Júnior, que ameaça votar em Ciro Gomes (PPS).

Ontem, em Santa Maria, Bernardi disse que a aliança do PPB gaúcho com Serra foi desrespeitada com a atitude de Rita. Numa demonstração de proximidade com a candidatura tucana, porém, Bernardi listou itens considerados prioritários para Estado, como o auxílio na renegociação da dívida.


Ciro sai em defesa de Tasso e Brizola
Em caminhada no Rio, presidenciável elogiou aliados

O candidato da Frente Trabalhista (PPS-PDT-PTB) à Presidência da República, Ciro Gomes, defendeu ontem o ex-governador do Ceará Tasso Jereissati (PSDB) das acusações de que estaria traindo seu partido ao não apoiar o tucano José Serra.

– As críticas não são justas. Há 20 anos trabalhamos juntos. Temos uma obra no Ceará. Nossa relação é de amizade, lealdade e compromisso com o Estado. Ele, no entanto, nunca deixou de afirmar que seu compromisso é com o PSDB – disse, durante tumultuada caminhada pelo centro do Rio.

Ontem, assim como aconteceu na sexta-feira em Curitiba, Ciro mudou seus planos para evitar confusão. Na capital do Paraná, ele havia abandonado uma caminhada reclamando da desorganização e do assédio de jornalistas e militantes. No Rio, depois de uma confusa entrevista, com seguranças e repórteres disputando espaço para se aproximar do candidato, Ciro discursou para cerca de 300 pessoas e entrou no carro que o esperava. O carro, no entanto, não avançava por causa do assédio e acabou interrompendo completamente o trânsito na Avenida Rio Branco, uma das mais movimentadas do centro carioca. Ciro, então, preferiu descer e caminhar cerca de 500 metros pela Rio Branco. Ele pediu desc ulpas a um camelô, que teve de recolher rapidamente os produtos da calçada para abrir caminho.

Os organizadores do ato previam uma caminhada até a Cinelândia, distante pouco mais de 500 metros do local onde Ciro discursou. Antes de chegar à Cinelândia, no entanto, o candidato entrou no carro e, dessa vez, conseguiu partir sem confusão.

Na conversa com jornalistas, ele afirmou que não aceitará o apoio de Anthony Garotinho (PSB) caso o ex-governador do Rio desista da candidatura:
– Não aceitaria o apoio, mas, por uma questão ética, prefiro não comentar notícias que considero não terem fundamento. Garotinho continua candidato.

O presidenciável defendeu também o presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, desafeto de Garotinho e que não esconde o desinteresse pelo apoio do candidato do PSB:
– O governador Leonel Brizola não é inimigo de ninguém. Ele é amigo de quem é leal a ele, como todos nós. Brizola tem razões de sobra aí para ter questões políticas apartando. Afinal de contas, o Brasil inteiro sabe que ele, o governador Brizola, deu oportunidade ao candidato (Garotinho).

A maioria dos militantes que recepcionaram Ciro no Rio era do PDT. Eles também recepcionaram os pedetistas Brizola e Carlos Lupi, candidatos ao Senado, e Jorge Roberto Silveira, candidato ao governo do Rio.

O deputado federal Jair Bolsonaro (PPB) também esteve na reunião.

– Ciro me disse que estaria disposto a rever a lei de remuneração dos militares – afirmou Bolsonaro.


Candidato culpa governo pela crise
O candidato da Frente Trabalhista (PPS-PTB-PDT) à Presidência, Ciro Gomes, culpou ontem parcialmente o governo pela alta do dólar, que resultaria do endividamento interno e crise da economia americana.

– Internamente, o governo do Brasil passou da conta no endividamento e, externamente, a crise dos Estados Unidos é extensamente grave. Isso faz com que a fonte de dólar para o Brasil no estrangeiro esteja secando. Há uma necessidade enorme de dólares para pagar as dívidas. Com isso, a moeda americana escasseia e o preço tende a subir – explicou.

Ciro disse ainda ser legítima a participação do presidente Fernando Henrique na campanha do tucano José Serra:
– O presidente, desde que guarde, como sei que guardará, a majestade do cargo, e que saiba estabelecer a fronteira entre o que é o seu justo e legítimo apoio ao seu candidato e o que é a manipulação do poder político, do Orçamento e do cargo, nada mais legítimo e normal.

Ao falar sobre o aumento do preço dos combustíveis, Ciro evitou criticar o governo e disse que pouco importa se as medidas contra o aumento têm cunho eleitoral. Ele voltou a dizer que não assinará acordo transitório com o FMI.


Freire cobra explicações de vice de Ciro
Presidente do PPS não vê necessidade de afastamento da chapa

A pressão sobre o sindicalista Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, candidato a vice-presidente na chapa de Ciro Gomes (PPS), investigado pelo Ministério Público Federal, recebeu ontem um reforço inesperado: o do presidente nacional do PPS, senador Roberto Freire (PE).

Praticamente alijado do comando da campanha de Ciro, Freire afirmou que a sociedade cobra esclarecimentos de Paulinho sobre seu suposto envolvimento em irregularidades que teriam sido cometidas quando ainda presidia a central de trabalhadores Força Sindical.

– Todo mundo está pedindo, a sociedade está pedindo – afirmou.

Paulinho é suspeito de envolvimento na compra superfaturada de uma fazenda em Piraju (SP), com recursos federais, e de manter um sítio em nome de um laranja por três anos. Ao contrário do que propõe para o presidente nacional do PTB e coordenador da campanha de Ciro, deputado José Carlos Martinez (PR), o senador acha que Paulinho não deve se desligar da chapa para responder às denúncias.

– É diferente do caso do Martinez, que pode se afastar sem nenhum risco (para a campanha) – disse Freire.

Nos anos 90, Martinez tomou empréstimo de US$ 1,6 milhão com Paulo César Farias, tesoureiro de campanha do ex-presidente Fernando Collor. O empréstimo não foi totalmente pago e não consta do inventário de PC, assassinado em junho de 1996.


Prisão frustra chantagem contra PT
Um gráfico e um suboficial da reserva da Marinha tentavam vender dossiê contra o presidente da sigla

A Polícia Civil do Ceará prendeu ontem em flagrante dois homens que estavam chantageando o presidente nacional do PT, deputado federal José Dirceu (SP).

O gráfico Lincoln Nogueira Mendes, 51 anos, natural de Santo André (SP), e o suboficial da reserva da Marinha Dirney Santana Martins, 27 anos, ambos residentes em Fortaleza.

Desde maio eles enviavam e-mails para uma agência de publicidade que presta serviços para o PT, e nos últimos dias passaram a telefonar para o diretório nacional do partido, em São Paulo, avisando que tinham um dossiê com informações comprometedoras sobre José Dirceu. Para não divulgar o conteúdo do documento, os chantagistas pediram R$ 50 mil.

De acordo com o superintendente da Polícia Civil do Ceará, César Wagner Martins, e por orientação da própria polícia, o PT simulou aceitar a chantagem. O partido teria pechinchado e conseguido reduzir o valor para R$ 45 mil. O pagamento foi então marcado para ontem à tarde, no shopping Iguatemi, o mais movimentado de Fortaleza. Antes, José Dirceu avisou a polícia, que orientou para as conversas telefônicas fossem gravadas, bem como o momento do encontro no shopping com uma câmera escondida.

Com os dois chantagistas, foi encontrada uma cartilha do Ministério do Exército, datada de 1970, com fotos de militantes de esquerda banidos do país. A dupla ainda teria em seu poder uma lista de políticos e documentos com fotografias sobre o passado do candidato a presidente da República do PSDB, José Serra, desde o tempo em que ele integrava a União Nacional dos Estudantes (UNE).

Os chantagistas foram enquadrados no artigo 159, parágrafo 1º, por tentativa de extorsão. Eles estão presos no Departamento de Inteligência da Polícia (DIP) e podem pegar de quatro a 10 anos de prisão. Em razão do envolvimento de um oficial da reserva, a Marinha foi comunicada.


Britto lamenta fechamento da Monsanto
Em sua passagem ontem por Não–Me–Toque, ao cumprir roteiro pelo Alto Jacuí, o candidato Antônio Britto (PPS) criticou o atual governo pelo fechamento da empresa Monsanto.

O ex-governador atribuiu a saída da empresa, que realiza pesquisas de biotecnologia vegetal, à invasão do ativista francês José Bové, durante o Fórum Social Mundial de 2001. Bové entrou em uma área experimental de soja transgênica da unidade do município.

Em Não-Me-Toque, o candidato visitou empresas de implementos agrícolas e a Cooperativa Tritícola Alto Jacuí (Cotrijal). Encontrou-se com o prefeito Armando Roos (PPB) e com líderes comunitários. Em Espumoso, por onde iniciou seu roteiro, recebeu do presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Roberto Carlos Iopp, uma carta com propostas para a criação de uma agência de fomento e crédito à agricultura familiar. Iopp foi candidato à prefeitura pelo PT em 2000.
À tarde, o candidato – acompanhado do deputado estadual Mario Bernd (PPS) – visitou a Câmara de Vereadores de Tapera, empresas do setor agrícola e a cooperativa de Ibirubá. Em seu discurso, Britto enfatizou não estar fazendo promessas. Disse que está buscando sugestões e parcerias com as prefeituras.


Empresários apóiam Lula
Um comitê de empresários lançou ontem, em São Paulo, um documento manifestando apoio à candidatura à Presidência de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O manifesto foi assinado por cem empresários e até setembro deve colher assinaturas pelo país.

De acordo com José Carlos de Almeid a, um dos responsáveis pelo grupo, o objetivo do documento é concentrar e organizar as forças de pequenos, médios e grandes empresários que manifestaram apoio espontâneo ao presidenciável do PT.

– Resolvemos apoiar o Lula porque queremos uma mudança na política econômica através de iniciativas como a melhor distribuição de renda, reforma agrária e outra série de políticas que traga transformações necessárias ao Brasil. E acreditamos que ele seja o candidato capaz de fazer isso – afirmou.

O empresário esclareceu que o grupo terá um coordenador em cada Estado e tentará colher assinaturas do empresariado brasileiro, independente de filiação partidária, mas que estejam ideologicamente de acordo com a proposta petista.

– Já aderiram ao comitê empresários de diversos partidos e não só filiados ao PT – garantiu.
Segundo ele, o manifesto não significa financiamento da candidatura.

– Não vamos dar apoio financeiro ao caixa da campanha. É apenas apoio ideológico – explicou.
Almeida acrescentou que o manifesto, assinado por empresários como Oded Grajew e Lawrence Pih (terceiro e segundo da esquerda para a direita na foto, respectivamente), é uma reedição de um grupo que surgiu em 1994, com cerca de 50 integrantes e que também tornou pública a aprovação das propostas de governo de Lula.


Câmara notifica suspeitos
Os parlamentares foram gravados ao receber dinheiro

Nove vereadores da legislatura 1996-2000 gravados em vídeo no ato de receber dinheiro de um ex-assessor no gabinete da presidência da Câmara Municipal de São Leopoldo, no Vale do Sinos, foram notificados da abertura de uma comissão processante do Legislativo sobre o caso.

As gravações, feitas por Mário D’Ávila, ex-assessor do então presidente da Casa, Joni Homem (PFL), teriam sido produzidas no segundo semestre de 2000.

D’Ávila diz que entregou dinheiro, a mando de Homem, como pagamento pelos votos que teriam sido dados pelos parlamentares na eleição para a presidência da Câmara daquele ano. O vereador Valmor Tavares (PL) recebeu a notificação em casa, no sábado. Ontem, Angelo Magro, Fernando Henning, Fernando Fusquine, Adão dos Santos (todos do PMDB), Emilio Diniz (PSB), Juvenal Garcia e João Palharini (ambos do PTB) e Jorge da Silva (PTB) retiraram a notificação na Câmara.

Todos os envolvidos negam a veracidade das acusações e fornecem explicações, que vão da devolução de dinheiro emprestado ao repasse de desconto partidário de folhas de pagamento.

De acordo com D’Ávila, o prefeito de São Leopoldo, Waldir Schmidt (PMDB), teria conhecimento das imagens. O chefe do Executivo disse que apenas ouviu boatos sobre a existência das fitas e que jamais viu as imagens.

A comissão processante foi aberta no dia 18. O relator, vereador Ronaldo Vieira Fernandes (PT), informa que os suspeitos de receber propina terão 10 dias de prazo para apresentar suas defesas na Câmara. Paralelamente, a Promotoria Especializada Criminal investiga os nove acusados e pelo menos três de seus colegas. D’Ávila está sob proteção policial desde que repassou ao Ministério Público cópias das fitas gravadas no gabinete da presidência da Câmara.


Justiça aceita denúncia contra acusados
Sérgio Gomes da Silva e Klinger Oliveira devem ser indiciados

O juiz da 1ª Vara Criminal de Santo André, Iassin Hamed, recebeu a denúncia por crimes de concussão e formação de quadrilha contra seis acusados de envolvimento em suposto esquema de corrupção na prefeitura de Santo André (SP).

Entre eles estão o ex-secretário municipal de Serviços de Santo André Klinger Luiz Oliveira Souza e o empresário Sérgio Gomes da Silva.

Ojuiz rejeitou a defesa preliminar dos acusados, que censuravam a inconsistência da denúncia e pediam sua rejeição. O recebimento da denúncia implica na imediata instauração da ação penal.
Hamed ordenou uma série de diligências, entre elas o indiciamento formal dos denunciados e ofício ao Banco Central, solicitando informe sobre contas bancárias no país e no Exterior de cada um dos denunciados, no período entre 1997 a 2001.

O juiz requisitou também às administradoras de cartões de crédito American Express, Credicard e Dinners a movimentação, no mesmo período, em nome de cada um dos denunciados.

Entenda o caso
• O suposto esquema de extorsões na prefeitura de Santo André denunciado pelo Ministério Público de São Paulo foi mencionado pela primeira vez em depoimentos do médico João Francisco Daniel, irmão do prefeito assassinado de Santo André, Celso Daniel (PT), e de três empresários de transporte do município.

• O ex-secretário de Assuntos Municipais de Santo André Klinger Luiz de Souza e os empresários Sérgio Gomes da Silva e Ronan Maria Pinto são acusados de comandar uma quadrilha com atuação na prefeitura, dedicada a extorquir empresários que tinham contratos de concessão ou prestação de serviços ao município. Segundo João Francisco, o grupo agiria com conhecimento do prefeito, seqüestrado e morto em janeiro.

• O Ministério Público calcula que o empresário Luiz Alberto Angelo Gabrilli Filho, da Viação São José, teria pago cerca de R$ 2 milhões ao grupo entre 1997 e 2001. Dos três empresários ouvidos, Gabrilli foi o único a denunciar formalmente o esquema. Os outros dois disseram que o pagamento era um “custo político”.

• João Francisco disse em depoimento ao Ministério Público que houve irregularidades nos negócios entre o Departamento de Resíduos Sólidos da prefeitura e a Rotedali Serviços de Limpeza Urbana, empresa de coleta de lixo da qual Ronan é sócio. Entre as irregularidades, estariam fraudes na medição do lixo coletado pela Rotedali.

• Daniel disse também que recursos acumulados pelo grupo teriam sido entregues a Gilberto Carvalho, ex-secretário de Governo e Comunicação de Santo André e hoje integrante da coordenação da campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva. O dinheiro teria sido repassado a José Dirceu, deputado federal e presidente nacional do PT.


CPI define próximos passos da investigação
A CPI que apura as denúncias de extorsão e corrupção em Santo André (SP) define hoje os próximos passos da investigação. Os vereadores, que passaram a última semana analisando os depoimentos e documentos coletados, tem reunião marcada para as 10h.

O objetivo agora é cruzar dados e levantar possíveis contradições.

– Se houver necessidade de esclarecer pontos específicos, poderemos marcar acareações entre os autores das denúncias e as pessoas acusadas – disse o presidente da CPI, vereador Antonio Leite (PT).

Ele também informou que pretende cobrar da prefeitura de Santo André documentos referentes à empresas citadas nos depoimentos, como a viação Expresso Guarará, de propriedade de Rosângela Gabrilli, autora das primeiras denúncias sobre o caso. Outro assunto que pode entrar na pauta da reunião é a prorrogação das atividades da CPI. Pelo regimento da Câmara, o relatório final deverá ser entregue no dia 20, mas o prazo é considerado insuficiente por alguns vereadores da comissão.

O presidente da CPI também disse que vê com naturalidade o fato de a Justiça ter aceito a denúncia sobre o caso apresentada pelo Ministério Público.
– Já era esperado, para que o processo judicial pudesse ter início – disse o vereador.


Profissionais e consumidores fiscalizam falta de remédios
Sindicato Médico divulga amanhã resultado de pesquisa

Com uma relação de 139 medicamentos em mãos, 10 pesquisadores fizeram ontem um levantamento dos remédios em falta em postos de saúde da Capital.

O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) e o Movimento de Donas de Casa e Consumidores do Estado pretendem divulgar amanhã a pesquisa.

Solicitada pelo Simers, a lista dos medicamentos só foi fornecida pela Secretaria Municipal da Saúde de Porto Alegre depois da interferência do Ministério Público. Entre os remédios que deveriam estar à disposição da população, estão os de uso continuado, para tratamento de pacientes com doenças crônicas, e os controlados, de uso psiquiátrico.

Ao tentar obter informações, pela manhã, representantes do movimento das donas de casa foram barradas na farmácia do Posto de Saúde Modelo, na esquina das avenidas João Pessoa e Jerônimo de Ornelas. Quatro seguranças impediram o acesso de Zero Hora.

Pessoas que saíam do prédio disseram que faltavam medicamentos. Em uma amostra de nove pessoas, duas saíram com os remédios receitados. Na falta do antibiótico Bactrin, a auxiliar de escritório Maria de Fátima Motta usará salmoura para tratar uma infecção na garganta.

Segundo o presidente do Simers, Paulo de Argollo Mendes, a falta de tratamento adequado pode tornar crônicas as infecções, que, repetidas, aumentam o risco de febres reumáticas e problemas renais e cardíacos.

Desolada, Odiles Conceição saiu do posto sem Captotril, o remédio que toma três vezes ao dia para regular a pressão arterial. Como não pode ficar sem o medicamento, tentaria comprá-lo com cheque pré-datado. O dinheiro da aposentadoria, R$ 273 conquistados depois de 38 anos de trabalho, é insuficiente.

– Pago com cheques pré-datados para 60 dias. Estou devendo até setembro – diz Odiles.

Joicemar da Silva Britto gastou o preço de uma passagem desde a Vila dos Comerciários e não levou o propanolol que necessita para tratar a hipertensão. Indignado, disse que o médico teria reduzido o medicamento prescrito em outro posto, sob a alegação de que era “muito comprimido” para um mês.

Mendes diz que, em levantamentos anteriores, foi constatada a falta de medicamentos baratos, como os usados para tratar hipertensos e os antipsicóticos, cuja interrupção pode gerar problemas sérios. Segundo Mendes, um doente hipertenso sem medicação pode sofrer derrame cerebral ou enfarte e ficar com partes do corpo paralisadas pelo resto da vida. Um paciente psiquiátrico sem medicação pode entrar em surto psicótico, causar sofrimento a toda sua família e precisar de internação.

– Já havia incompetência, agora há também falta de transparência. Pedimos permissão para fazer o levantamento no dia 20 de junho e até agora não tivemos resposta. O medicamento não é comprado com dinheiro do bolso do secretário, mas com dinheiro público. Parece má-fé não querer deixar a população saber o que acontece – disse.

Serviço
Denúncias de falta de remédios poderão ser feitas hoje pelo fone 3225-6372. As informações serão usadas para aperfeiçoar o levantamento.

Contraponto

O que diz nota divulgada pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS): “Não há desabastecimento no estoque de medicamentos da rede de farmácias das unidades municipais de saúde. Atualmente, 147 tipos de medicamentos integram a lista de responsabilidade do município. São distribuídos, conforme escala mensal, a 123 unidades.

Eventualmente, devido a aumentos de demanda imprevisíveis, que chegam a elevar em mais de 100% o consumo de remédios, pode ocorrer falta pontual dos itens mais procurados, especialmente nos dias que antecedem a nova remessa. Tais faltas não são generalizadas na rede e de curta duração.

Com o objetivo de qualificar o atendimento à população, a SMS ampliou de R$ 9 milhões, em 2000, para R$ 21 milhões, em 2002, o valor destinado à compra de medicamentos da lista básica e controlados. A aquisição e a distribuição de medicamentos pela rede SUS é fiscalizada e auditada periodicamente pelo Conselho Municipal de Saúde e pelo Ministério da Saúde.”

O que diz Eduardo Epztein, responsável pela farmácia do Posto de Saúde Modelo:
Epztein disse que, no máximo, 10 medicamentos de uma lista de 250 itens estavam em falta ontem. O desabastecimento ocorreria porque a unidade estaria atendendo à demanda de toda a Capital, de outras cidades do Região Metropolitana, do Litoral e do Interior.


Artigos

Novas tecnologias e educação
Sandra Beatriz Koelling

Em nenhuma época da história, pôde-se observar um desenvolvimento científico e tecnológico tão expressivo quanto o que presenciamos nestas últimas décadas. A informática ingressa nos mais diversos segmentos da sociedade, empresas, órgãos públicos, universidades, escritórios. Portanto, se você não souber manipular algumas das ferramentas desenvolvidas por “gênios” como Bill Gates, considere-se à margem do mercado de trabalho.

No entanto, mesmo sendo uma necessidade vital devido a sua importância, a informática ainda permanece longe de ser uma conquista da educação brasileira, especificamente quando falamos em escola pública. Se, professor, a sua escola tem computadores considere-se privilegiado, pois esta não é a situação que se registra na maioria das localidades. Outras vezes, as máquinas existem, mas faltam profissionais adequados para inseri-las no ambiente educacional. Novamente, podemos perceber o atraso dos sistemas educacionais, já bastante conhecido pelos ultrapassados métodos de ensino e avaliação. A precariedade de investimentos nesse setor reflete o descaso com o desenvolvimento intelectual dos cidadãos.

Cabe ao professor completar o vazio que surge da integração entre homem e máquina

Nesse sentido, é preciso salientar que a educação pode ser usada como mecanismo de subordinação ou libertação e é a uma dessas propostas que serve. Assim, observando o processo de ensino, distinguimos duas orientações educativas distintas, expressas implicitamente nas relações estabelecidas entre professor e aluno. A primeira é que forma servidores, subordinados, ou seja, trabalhadores passivos diante do que é imposto. A segunda, e mais rara, é aquela que busca a construção de um cidadão crítico e participativo, capaz de rebelar-se contra algo que traz prejuízos para o seu grupo ou até para si próprio.

Por outro lado, a informatização das escolas não pode ser vista como o remédio para a desalienação do povo. Pelo contrário, tal instrumento, se assumido acriticamente, é bastante perigoso e pode perpetuar ainda mais o dogmatismo do conhecimento e a passividade impregnada no sistema educacional. Acreditar que os instrumentos, em si, são facilitadores de uma educação democrática é uma visão simplista, assim como acreditar na “morte do professor” por causa da revolução tecnológica.

Como conseguir, então, unir as novas tecnologias à educação obtendo resultados positivos para a construção da cidadania? Cremos ser necessário, neste momento mais do que em qualquer outro, o professor comprometido com seu papel social e que, com base no suporte teórico e tecnológico, consiga estabelecer um vínculo com seu aluno buscando uma tendência inovadora. Inovadora não apenas quanto ao uso de máquinas, mas que fundamente suas atitudes em modelos construtivistas, estabelecendo um processo que traz a renovação do sujeito, uma reconstrução dos seus conhecimentos teóricos e práticos, e especialmente, a possibilidade de quebrar paradigmas.

Implantar computadores nas escolas públicas e incentivar o seu uso pelos alunos é um processo imprescindível para amenizar a desigualdade social – uso o termo “amenizar”, pois outro como “extinguir” seria descabido. Entendemos, portanto, que as transformações científico-tecnológicas aliadas à educação podem trazer benefícios para o fortalecimento da democracia. Porém, é importante salientar o papel dos gestores de informação neste processo, ou seja, cabe ao professor completar o vazio que surge da integração entre homem e máquina e, nesse contexto, favorecer o fortalecimento de uma educação crítica e democratizante.


Colunistas

ANA AMÉLIA LEMOS

Futebol e política
Certos políticos não admitem que jornalistas critiquem as rugas da face, a cor do cabelo ou o estilo de roupa que vestem. Quanto mais fazer diagnóstico crítico das ações administrativas no governo. Sempre que um fato inconveniente é mostrado, a imprensa é responsabilizada por tais políticos de “estar fazendo o jogo do adversário”.

No futebol não é diferente. Domingo à noite, o goleiro Rogério Ceni responsabilizou a imprensa por estar fazendo “intriga” entre o técnico Luiz Felipe Scolari e Ronaldo Nazário. Tudo porque Felipão, na entrevista que deu à Rádio Gaúcha, abriu o coração e contou detalhes sobre a escalação de jogadores. Deteve-se no caso do “fenômeno”, que jogou com 85% de sua capacidade física. Vale lembrar que o atleta já se submeteu a duas cirurgias no joelho e o médico e comentarista Osmar de Oliveira reforçou com argumento científico a opinião de Scolari sobre Ronaldo.

Criticar a imprensa por ter noticiado o fato não é o mais sensato. A questão é saber se Felipão disse a verdade. O médico Osmar de Oliveira disse que a declaração do técnico vale não só para um atleta famoso como Ronaldo Nazário, mas para qualquer pessoa que tenha se submetido às mesmas cirurgias. Ponto final. Que mal há, também, em falar sobre o mimado atleta que na Copa da França “amarelou” e na hora “h” deixou o coração dos brasileiros em frangalhos? Até hoje não se sabe bem o que aconteceu naquele dia com Ronaldo. Felipão contrariou a opinião da torcida, não levou o marqueteiro Romário e apostou em Ronaldo e Rivaldo, que, para a crítica esportiva brasileira, estavam “bichados”.

No final do primeiro tempo do jogo contra a Turquia, o placar estava 0 a 0 e todos os comentaristas da Globo, sem exceção, reclamaram que Felipão teimara em manter inalterada a equipe, mesmo com Ronaldo “ausente” na partida. Os comentaristas, em coro, pediam Luizão no lugar do camisa 9. A convicção do técnico funcionou e Ronaldo classificou o Brasil para a final, contra a Alemanha. O atacante da Inter de Milão continua sendo um extraordinário jogador. Maduro e justo o suficiente para entender que deve a Felipão seu retorno triunfal aos gramados. Não adianta culpar a imprensa por ter “esquentado” a declaração do técnico à Rádio Gaúcha. Os fatos falam mais alto que as intrigas. Luiz Felipe Scolari e Ronaldo Nazário estão muito acima dessas picuinhas.


JOSÉ BARRIONUEVO

Reunião no Rio para superar crise
O descontentamento de José Fortunati com os rumos da campanha no Estado levou Leonel Brizola a convocar uma reunião de urgência com a cúpula do PDT gaúcho para hoje de manhã no Rio de Janeiro. A insatisfação do presidente da Câmara, transmitida a Vieira da Cunha, presidente estadual do partido, ontem à tarde, na Assembléia, não significa a retirada da candidatura a governador, hipótese considerada absurda pelo grupo que participará da reunião. Impossibilitado de vir com mais assiduidade ao Estado, Brizola convocou os principais dirigentes do partido, que embarcam às 7h30min para o Rio. São eles: Fortunati, Vieira da Cunha, Alceu Collares, Matheus Schmidt, Airton Dipp, João Luiz Vargas e Pompeo de Mattos. Na reunião, o PDT também pretende superar o impasse gerado com o veto à participação de Britto no palanque de Ciro, o que tem feito com que o presidenciável retarde sua visita ao Estado. Será proposta uma programação anterior a 24 de agosto, quando Ciro irá visitar o túmulo de Getúlio em São Borja. Com regresso marcado para as 11h30min, o grupo deve se reunir com Brizola nas imediações do Galeão.

Brizola convoca PDT gaúcho para reunião no Rio hoje
Leonel Brizola convocou, de surpresa, uma reunião para hoje de manhã no Rio de Janeiro em que vai tratar especificamente da campanha do PDT no Rio Grande do Sul, que está estagnada. Candidato ao Senado pelo Rio, Brizola não tem encontrado tempo para vir ao Estado. Por isso convocou para o encontro um seleto grupo de pedetistas. Participam José Fortunati, Pedro Ruas, Vieira da Cunha, Alceu Collares, João Luiz Vargas e Matheus Schmidt. Sem dinheiro, o PDT não conseguiu colocar na rua a campanha de Fortunati, que empacou nos 3%. A especulação sobre eventual troca de candidato a governador esbarra na opinião da maioria, que defende o fortalecimento do presidente da Câmara. Também é rechaçada a hipótese de uma composição em primeiro turno, envolvendo PDT, PPS e PTB, por já terem sido esgotados os prazos das convenções. Com passagem de regresso marcada para as 11h30min, o grupo se reúne com Brizola nas imediações do aeroporto.

Utzig destaca patrimônio moral do PT
Coordenador executivo da campanha de Tarso Genro, o ex-secretário José Eduardo Utzig remete carta contestando informações publicadas sábado na Página 10 sobre o poderio econômico do PT nestas eleições no Estado. O colunista fez um exercício sobre o desconto em folha de milhares de funcionários públicos filiados ao PT que ocupam CCs, FGs e outras funções de confiança na administração direta do governo do Estado, que pode chegar a mais de R$ 10 milhões por ano (mais de R$ 40 milhões em quatro anos), com descontos que chegam a 30% dos salários. Utzig estranha que o colunista tenha se referido apenas à campanha do PT: “Constitui isto um bom jornalismo, que, como sabemos, deve ser rigoroso e imparcial?”, indaga. “O PT possui fontes de arrecadação financeira conhecidas e transparentes. Parte de nossa arrecadação provém de doações de simpatizantes, de profissionais liberais, de empresas e de empresários, sempre em acordo com a legislação eleitoral. Parte muito importante provém realmente de contribuições de nossa militância, fato que nos orgulha imensamente. O que é efetivamente estranho, tão estranho como o silêncio de sua coluna em relação a isso, é o fato de que há partidos que, sem ter qualquer militância, conseguem fazer campanhas sofisticadas e milionárias”. Utzig destaca que “nosso patrimônio moral é o maior acúmulo que tivemos nesses mais de 20 anos de existência como partido político”. Não contesta os números da arrecadação entre servidores do Estado. O colunista referiu-se apenas ao PT por ser o partido que está no governo e tem poder de nomear, dando sempre preferências aos companheiros, o que é natural (até o PDT foi desembarcado). O coordenador da campanha também não faz qualquer referência à frota de caminhões utilizada na campanha, informação publicada com mesma reportagem.

Campanha não deslancha
Fortunati faz o que pode como candidato a governador. Ontem, participou do debate sobre políticas públicas para a infância no Fórum Gaúcho de Educação Infantil, oportunidade em que propôs a criação de uma pasta para cuidar especificamente das questões envolvendo as crianças e os idosos.

Com a ausência de Brizola, o PDT não consegue no Estado a mesma mobilização do Rio, onde o partido tem uma estrutura menor. Na visita de Ciro, ontem, o PDT com suas bandeiras tomou conta da Cinelândia, reduto histórico do partido. Uma cena que não foi vista ainda na Capital dos gaúchos nesta campanha, diante das limitações impostas por Brizola.

Produtores interrompem discurso de Emília
Os pequenos produtores rurais não quiseram saber de políticos no ato que promoveram ontem, em Santa Rosa, no noroeste do Estado, onde reivindicaram um bônus de R$ 500 no pagamento do Pronaf Custeio a todos os atingidos pela estiagem. Para não deixar o protesto virar comício no centro do município, um grupo de agricultores impediu a fala da senadora Emília Fernandes (PT) no microfone do carro de som. Mesmo com os gritos de “não pode falar”, Emília tentou se explicar, sem sucesso.

– Vim dar meu abraço. Sou senadora até 31 de janeiro – disse.

Emília ainda apertou a mão de agricultores e depois foi embora.

O olhar severo dos produtores rurais não deixa dúvidas sobre a contrariedade. Eles recomendaram que deputados federais e senadores se empenhem em defender o setor em Brasília. O protesto de ontem era deles, sem intromissões.

Mirante
• A Assembléia reabre os trabalhos em plenário na quinta-feira à tarde para um semestre que coincide com eleições que vão renovar o Legislativo. Um período de grandes turbulências.

• Para quinta-feira de manhã, está sendo organizado um debate entre os candidatos promovido pela Comissão de Agricultura, presidida pelo deputado Frederico Antunes (PPB). Antônio Britto (PPS), José Vilhena (PV) e Carlos Schneider (PSC) não comparecem.

• Termina amanhã o prazo de inscrições de empresas para o Prêmio de Responsabilidade Social 2002, uma das promoções mais importantes da Assembléia. De autoria do deputado Cézar Busatto (PPS), que tem se destacado nesta área, o prêmio, concedido anualmente, tem por objetivo estimular e valorizar as ações de melhoria social promovidas pelo setor empresarial do RS. Mais informações pelo site da Assembléia: www.al.rs.gov.br.

• Comissão de Direitos Humanos da Assembléia abre hoje às 14h uma campanha pela valorização do voto e contra a corrupção eleitoral. A comissão deverá tomar posição contrária ao abuso do poder econômico facilmente visível nas ruas de Porto Alegre.

• Presidente do Cpers, Juçara Dutra assegura que o sindicato não contribui financeiramente com campanhas eleitorais político-partidárias.

• O vereador Estilac Xavier (PT) inaugurou um comitê voltado exclusivamente para os trabalhadores em educação que apóiam sua candidatura. A presidente do Cpers, Juçara Dutra, encabeça a lista de apoiadores. Endereço: Avenida João Pessoa, 1.167. Telefones 3024-6929, 3024-6894, 3024-6964.

• Ex-secretário da Saúde de Porto Alegre, de Cachoeirinha e de Gravataí, Lúcio Barcelos lança amanhã sua candidatura a deputado estadual pelo PT com jantar no CTG 35. Reservas pelo telefone 3224-8585.

• Juíza Katya Ziede Coelho Leal liberou a propaganda do PT nos postes de Novo Hamburgo. Os demais partidos decidiram cumprir a lei municipal.

• O deputado Berfran Rosado (PPS) foi homenageado por engenheiros e arquitetos com jantar ontem à noite. A exemplo do que faz Brizola, o deputado estadual faz questão de ostentar com orgulho a sua profissão.

• Vem aí uma licitação para compra de 32 ônibus para a Carris. O edital pede veículos com chassis “low floor” (piso baixo total), que no Brasil nunca foram usados nem testados, mas rodam em países europeus com pavimentação de Primeiro Mundo. Fornecedores tradicionais de chassis, como Scania, Mercedes, Volvo e Volkswagem estão fora da concorrência por não fabricarem estes veículos no Brasil. Tem endereço certo.


ROSANE DE OLIVEIRA

Péssima idéia
Com sua biografia, simpatia e inteligência, a deputada Rita Camata tem condições de ajudar a candidatura do senador José Serra em qualquer cidade gaúcha. Usá-la para acalmar os eleitores de Santa Cruz ou de qualquer outro município produtor de fumo é uma péssima idéia. Se o comando da campanha de Serra pensou em escalar a candidata a vice para fumar no palanque santa-cruzense, é porque bateu o desespero diante dos resultados das últimas pesquisas. Difícil acreditar que uma idéia dessas tenha saído da cabeça de Serra ou do publicitário Nizan Guanaes.
Não deixa de ser um desrespeito aos santa-cruzenses alguém imaginar que possam escolher seu candidato a presidente por ser fumante – ou por ter uma vice que não vive sem cigarros. Se o critério é esse, ninguém conseguirá bater Ciro Gomes, que fuma um cigarro atrás do outro. Ou Luiz Inácio Lula da Silva, que fuma suas cigarrilhas e não dispensa um bom charuto.

No Ministério da Saúde, Serra foi um combatente incansável do tabagismo. Trabalhou com a concepção de que fumar faz mal à saúde e apelou nas advertências impressas no verso dos maços de cigarro. É natural que tenha inimigos numa cidade em que a indústria fumageira é o motor da economia, mas Serra pode fazer mais pelo setor do que mandar sua vice em missão de paz ou de marketing.

Na última visita ao Rio Grande do Sul, em junho, Serra reconheceu que as campanhas contra o fumo podem subtrair-lhe votos, embora a queda no consumo não seja tão substancial quanto gostaria. Disse que, se for eleito, trabalhará para reduzir o contrabando de cigarros, maior inimigo da indústria legalmente estabelecida. Outra idéia é estimular a exportação – que ele não tem nada contra estrangeiros fumarem.

O fato de estar perdendo apoio no PPB e no PFL tem muito menos a ver com suas campanhas de saúde pública do que com os resultados das pesquisas. Políticos acostumados a viver pendurados no poder farejam a quilômetros de distância quem está com maiores possibilidades de vitória. Se Serra abandonar suas convicções para salvar apoios perdidos com pretextos como o das campanhas contra o fumo, corre o risco de se afundar ainda mais, perdendo eleitores que ainda estão com ele por respeito ao trabalho realizado no Ministério da Saúde.


Editorial

APERTO NA INCERTEZA

Ainda sob o impacto de mais uma desastrada declaração do secretário do Tesouro norte-americano, Paul O’Neill, que ajudou a elevar a cotação cambial e o risco-país a níveis superiores aos sucessivos recordes da semana anterior, o Brasil se prepara para novo aperto fiscal. Dentre as prioridades do Congresso, que retoma suas atividades na próxima semana, dificilmente haverá alguma mais expressiva do que o novo pacote fiscal a partir do qual o país espera ser socorrido pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Além de descartar um possível anúncio de auxílio em sua visita ao país em agosto, o representante dos Estados Unidos advertiu que qualquer que seja a ajuda “não simplesmente sairá do país para contas bancárias na Suíça”. Em meio a uma crise de credibilidade sem precedentes, a manifestação foi decisiva para elevar o dólar em mais de 5% num único dia, no sexto recorde consecutivo.

O próprio presidente Fernando Henrique Cardoso já saíra a público no domingo para assegurar que o apoio do FMI “não faltará”, expectativa reiterada ontem pelo ministro Pedro Malan, da Fazenda. As declarações, porém, não impediram o descontrole do mercado, que apostava num auxílio imediato. Em conseqüência, agravou-se a incerteza sobre a capacidade de o país continuar administrando uma dívida pública que, desde sexta-feira, passou a pagar mais de 20 pontos percentuais acima dos títulos do Tesouro norte-americano, consolidando-o entre os de maior risco. Nesse quadro, como já advertira o presidente no final de semana, torna-se imperioso “fazer o ajuste fiscal, cuidar para que a taxa de juros não dispare e para que a população tenha tranqüilidade”. Dificilmente, porém, a sociedade será poupada de mais arrocho, sob a forma de impostos ou de cortes em serviços públicos.

O Brasil depende sobretudo dos Estados Unidos, que até agora só
forneceram mais razões para tensão

A rápida deterioração da situação financeira do Brasil não pode ser atribuída apenas às declarações do representante do Tesouro americano, que contribuiu para reforçá-la num ambiente em que se mesclam endividamento explosivo e sucessão presidencial. Desgastado pela crise contábil de megacorporações americanas, porém, o secretário já declarara em junho – e em seguida foi levado a se retratar – que “jogar dinheiro do contribuinte dos Estados Unidos na incerteza política do Brasil não me parece uma idéia brilhante”. Um pouco antes, já havia dito que “o Brasil paga juros altos porque o mercado receia a corrupção, a insegurança e a falta de respeito à lei”. Agora, o funcionário norte-americano acabou tratando diferentes países do Mercosul da mesma forma. Ignorou, portanto, que uma das diferenças entre Brasil e Argentina é justamente o rigor fiscal da política econômica brasileira.

Sem o necessário grau de apoio de investidores privados com o qual vinha financiando seu déficit até agora, o país não tem como prescindir do FMI num momento decisivo tanto sob o aspecto econômico como para a democracia. Neste momento, portanto, o Brasil depende sobretudo dos Estados Unidos, que até agora só forneceram mais razões para tensão.


Topo da página



07/30/2002


Artigos Relacionados


Assembléia retoma votações na próxima terça-feira

Plenário retoma votações na próxima terça-feira

Senado retoma votações na terça-feira. Na pauta, "Supersimples" e quatro MPs

Senado retoma votações nesta terça-feira com a pauta trancada por três MPs

Comissão de Meio Ambiente retoma votações nesta terça

Assembléia retoma período ordinário na quarta-feira