Augusto Botelho defende pesquisas com células-tronco embrionárias



O senador Augusto Botelho (PT-RR) defendeu, nesta segunda-feira (10), a liberação do uso de células-tronco embrionárias em pesquisas científicas orientadas para uso terapêutico. Ao comentar a ação de inconstitucionalidade em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), que pode liberar em definitivo ou proibir o uso de células embrionárias em pesquisas, o parlamentar afirmou que uma decisão desfavorável representará um retrocesso, com dano maior para as camadas mais pobres da população.

- Os brasileiros ricos irão viajar (para se tratar no exterior); os outros ficarão aqui, doentes - advertiu.

O julgamento da ação foi iniciado na semana passada, mas acabou suspenso por 30 dias depois de pedido de vista apresentado pelo ministro Carlos Alberto Direito - a quem se atribui posição contrária à liberação dessas pesquisas.

Augusto Botelho observou que os casais geram os embriões para fins reprodutivos e ficam satisfeitos depois que conseguem um ou dois filhos. Desse modo, ponderou, o material excedente guardado nos laboratórios por mais de três anos não teria mais qualquer chance de ser utilizado.

- Proibir a pesquisa significa dar aos embriões excedentes guardados nas clínicas o único destino previsto para eles: serem descartados e jogados ao lixo - alertou.

O senador, que tem formação médica, disse que as pesquisas com células-tronco embrionárias humanas geram expectativa de soluções terapêuticas para grande leque de doenças, entre as quais o diabetes e as moléstias degenerativas, como o Mal de Parkinson. Ele acredita, ainda, que as técnicas em estudo podem devolver a mobilidade para muitas pessoas com paralisias decorrentes de danos na medula.

- Para essas pessoas, com os conhecimentos da ciência atual, não temos possibilidade de cura. A única esperança reside nas pesquisas. O Supremo não pode tirar a esperança dessas pessoas - apelou.

De acordo com o senador, cerca de 65 países já desenvolvem pesquisas com células-tronco de embriões congelados, tendo como requisito a autorização dos casais responsáveis pela geração dos embriões. O parlamentar concordou com a tese de que os embriões são seres, mas argumentou que sua condição pode ser equiparada à de pessoas que tiveram morte cerebral, a cujas famílias é dado o poder de autorizar a doação de órgãos.

Em aparte, o senador Mão Santa (PMDB-PI) apoiou a manifestação de Augusto Botelho. Segundo o peemedebista, o Senado viveu um de seus grandes momentos quando aprovou a Lei de Biossegurança , em que está contido o dispositivo que permite as pesquisas com células-tronco embrionárias sob exame do STF. A ação foi proposta pelo ex-procurador geral da República Cláudio Fonteles.



10/03/2008

Agência Senado


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