Augusto Botelho: Governo deve chamar o povo para o combate à inflação



A inflação não pode voltar, e nada pode sobrepor-se a essa prioridade. E para que as ações da equipe econômica nesse sentido se tornem mais eficazes, o governo brasileiro deveria "chamar o povo para combater esse combate, explicitamente, por meio do esclarecimento, da reflexão e do exemplo". Essa é a opinião do senador Augusto Botelho (PT-RR), expressa em discurso nesta quarta-feira (16).

- O governo, que de forma tão sóbria e consistente tem lidado, até o momento, com as complexidades da crise, ainda peca por não investir mais nesse fiel e poderoso parceiro: o próprio brasileiro - explicou.

Na visão do senador, o bom trabalho do governo na gestão da economia - com respeito aos contratos, disciplina fiscal, estímulo ao aumento da produtividade nacional e com a sustentação dos dois grandes pilares do modelo econômico: o câmbio flutuante e o regime de metas de inflação - deve se aliar a uma campanha educativa e cívica, capaz de mobilizar os recursos do apoio popular na construção de "uma verdadeira muralha contra-inflacionária".

Segundo Botelho, a autoridade governamental deve abrir e compartilhar o problema do risco de volta da inflação com o conjunto da população, "com toda a franqueza", porque o controle inflacionário preserva "a clara injeção de renda que foi feita, pela estabilização da moeda, em benefício das camadas menos favorecidas da população" durante os últimos anos.

Origens

O parlamentar explicou quais são, em sua visão, as origens da onda inflacionária mundial, e a primeira delas é o sistema de crédito imobiliário americano, que pecou por não aferir, com precisão, a capacidade de endividamento e de pagamento do público às instituições financeiras. Com as perdas dos investidores no mercado americano, o dinheiro investido no Brasil teve que ser retirado para cobrir os prejuízos, o que afetou nossa economia.

Também contribuíram para o aumento da inflação a elevação dos preços das commodities minerais e agrícolas: as novas economias emergentes, Brasil, Rússia, Índia e China, crescem rapidamente e demandam cada vez mais energia, na forma de petróleo e de gás; e mais metais industriais tais como o aço, o cobre e o alumínio. Seu preço, portanto, vem crescendo, e isso afeta o desenvolvimento do país.

Já no setor de alimentos, com o continuado nível de crescimento econômico de China e Índia - que representam um terço da Humanidade, com dois bilhões de seres humanos - cresce também a renda dos trabalhadores e seu potencial de consumo, traduzido no aumento explosivo da demanda por alimentos, em escala mundial.



16/07/2008

Agência Senado


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