Azeredo lê carta de assessor de Lula em resposta a seu discurso sobre as Farc e reafirma sua posição



O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) tornou pública uma carta enviada pelo assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marco Aurélio Garcia, em resposta a pronunciamento que fez na semana passada, em que saudou a mudança de opinião do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, em relação às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia ( Farc ). Na oportunidade, Azeredo disse que as Farc são uma ameaça à paz na América Latina e que o governo brasileiro tem sido leniente com terroristas. O senador disse que seria bom se Marco Aurélio Garcia também refizesse sua opinião e considerasse as Farc um grupo terrorista e não um grupo de oposição.

Na carta, relatou Azeredo, o assessor especial de Lula informa que o governo se absteve de classificar grupos políticos, com exceção da Al Qaeda. O assessor explica que essa postura decorre do fato de o governo não ser uma agência de classificação e acrescenta que a posição do governo não pode ser confundida com neutralidade. Marco Aurélio Garcia diz ainda que ele submete "rigorosamente" suas atividades às orientações da política externa brasileira.

Azeredo disse que nada, em seu discurso, pode ser relacionado com as explicações de Marco Aurélio Garcia. O senador lembrou que, em seu pronunciamento, classificou as Farc como grupo terrorista e pediu que o governo fizesse o mesmo, a exemplo da Organização dos Estados Americanos (OEA) e, agora, do presidente Hugo Chávez. Ele assinalou que tem uma história de 20 anos na vida pública e fala em nome de 4,2 milhões de eleitores de Minas Gerais, acrescentando que Garcia não é ministro das Relações Exteriores, mas um assessor da Presidência da República.

- As Farc significam uma real ameaça à paz na América do Sul. Não é, de maneira alguma, uma discussão pessoal. É uma discussão substantiva. Eu estou dizendo que o Brasil não pode ter leniência com a atuação das Farc, inclusive em defesa da Amazônia - afirmou.

O senador Romeu Tuma (DEM-SP) disse, em aparte, que recebeu cópia de carta enviada pelo presidente em exercício da Interpol repudiando declarações de Chávez sobre a perícia feita nos computadores apreendidos pelo Exército colombiano após ataque às Farc em território equatoriano. Tuma também repudiou a tentativa de Chávez de desmoralizar uma instituição da qual ele, Tuma, foi vice-presidente por três anos. Ele lembrou que, quando assumiu o mandato de senador, a Interpol criou o cargo de vice-presidente honorário para que continuasse a ser parte daquela instituição.

O senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) lembrou o episódio em que o assessor de Lula foi flagrado fazendo um gesto obsceno ao ouvir a notícia de que o acidente com um avião da TAM, em São Paulo, poderia ter ocorrido em conseqüência de erro humano (posição errada dos manetes na aterrissagem) e não em razão da inadequação da pista do aeroporto, o que isentaria as autoridades aeroportuárias de responsabilidades.

- Coisa lastimável, triste - disse o senador.

Para Mesquita Júnior, Marco Aurélio Garcia agora quer "aparecer" às custas de Azeredo.

- Ele que procure voto para ter autoridade para falar com Vossa Excelência sobre assuntos que dizem respeito ao nosso país. Acho lastimável que o assessor tenha se ocupado de fazer uma carta, um pouco petulante inclusive - disse.

O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) disse que Marco Aurélio deveria assumir publicamente sua posição favorável às Farc.

- Ele está achando que as Farc não são um grupo terrorista? São sim. Ele que assuma que as Farc não são um grupo terrorista, mas uma organização não-governamental com fins beneficentes, que ele diga isso para a imprensa - desafiou.

O senador João Pedro (PT-AM) disse que pretendia mediar "esse debate novo na América Latina, que é conceituar o conflito interno na Colômbia como terrorismo". Ele defendeu Marco Aurélio Garcia como professor e intelectual e disse esperar que a Colômbia supere o conflito.



18/06/2008

Agência Senado


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