BANCO CENTRAL ESTÁ FRAGILIZADO, DIZEM SENADORES



Os fatos que provocaram a investigação da CPI dos bancos, como vazamento de informações e favorecimento ilícito a instituições financeiras durante a mudança cambial, demonstram que o Banco Central é uma instituição frágil, afirmaram nesta sexta-feira (dia 16) o senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE) e Siqueira Campos (PFL-TO), titulares da comissão.- Esses fatos demonstram, mais uma vez, uma fragilidade muito grande do Banco Central. Esse episódio do Banco Marka, que trabalhava, alavancava um volume de recursos vinte vezes maior do que seu patrimônio, mostra que o Banco Central deixa muito a desejar como guardião da moeda e fiscalizador do sistema financeiro - disse Lúcio Alcântara.Para Siqueira Campos, esses episódios no sistema financeiro descartam automaticamente a proposta de autonomia do Banco Central. A fragilidade no funcionamento da instituição, observou Lúcio Alcântara, pôde ser notada anteriormente, durante o socorro dado pelo governo aos bancos com o Proer.Naquela ocasião, disse, foi possível constatar que o BC não tinha conhecimento ou não tomou qualquer providência para evitar a crise pela qual passou o sistema, com fechamento e liquidação de diversas instituições financeiras, tendo como conseqüência a colocação de um volume grande de recursos para salvar os bancos.Sobre o depoimento do presidente do Banco Central, Armínio Fraga, à CPI na última quinta-feira, Lúcio Alcântara disse que, na maior parte do tempo, o presidente do BC alegou que não tinha informação sobre operações da instituição durante a mudança cambial porque não estava lá. O senador disse que entendeu as ponderações de Fraga e considerou seu depoimento "razoável".Siqueira Campos disse que o depoimento de Fraga deu à CPI a oportunidade de confrontar suas informações com os próximos depoimentos, principalmente do ex-presidente do BC, Francisco Lopes, marcado para segunda-feira (ver matéria). Para o senador Gilberto Mestrinho (PMDB-AM), os fatos sob investigação da comissão parlamentar de inaquérito realmente aconteceram antes da gestão de Armínio Fraga, por esse motivo seus esclarecimentos não foram tão satisfatórios. "Os próximos convocados poderão esclarecer melhor os fatos para a CPI", disse Mestrinho. SEGURANÇAO senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que está preocupado com a segurança do presidente do Banco Marka, Salvatore Alberto Cacciola, que será um dos principais depoentes da CPI nos próximos dias. "Ele sabe demais e pode lhe acontecer o que aconteceu com Paulo César Farias (PC Farias), que foi morto", afirmou o senador petista. Suplicy disse que já conversou sobre o assunto com Pedro Simon (PMDB-RS) e solicita que Cacciola esteja seguro para poder depor na CPI.Quanto à atuação do Banco Central, Suplicy acredita que a instituição sairá fortalecida depois da CPI, porque terá maior transparência em suas ações. Disse que esperava mais informações no depoimento de Armínio Fraga para ajudar no trabalho da comissão.

16/04/1999

Agência Senado


Artigos Relacionados


BM&F DEVERÁ ESCLARECER CARTA AO BANCO CENTRAL, DIZEM SENADORES

Presidente do Banco Central está na Comissão de Assuntos Econômicos

Senadores ouvirão presidente e diretores do Banco Central

Ministro da Fazenda e Presidente do Banco Central vêm ao Congresso esta semana

Processo contra Arruda está extinto, dizem senadores

SENADORES ANALISAM TROCA NO BANCO CENTRAL E POLÍTICA ECONÔMICA