BANCOS ESTRANGEIROS TIVERAM PREJUÍZO, SEGUNDO ARMÍNIO FRAGA
Os bancos estrangeiros tiveram prejuízos e não lucros, tendo perdido um terço de seus investimentos no Brasil durante a desvalorização cambial, em janeiro, afirmou o presidente do Banco Central, Armínio Fraga Neto, durante depoimento na CPI que investiga irregularidades no sistema financeiro. Abaixo, os principais trechos do depoimento de Armínio Fraga:* Lucro dos bancos estrangeiros: "Houve uma perda de 32% no setor em janeiro; esses bancos perderam um terço de seus investimentos no Brasil. O lucro que tiveram foi em real e não compensa nem de longe essa perda".* Vazamento de informações I: "É impossível provar que não houve vazamento. Cabe a nós investigar, com trabalho exaustivo, para deixar a confiança de que se examinou com cuidado cada questão".* Vazamento de informações II: "As informações já eram públicas. A Folha de São Paulo publicou artigo sobre a possibilidade de substituição de Gustavo Franco por Francisco Lopes, no Banco Central, e declarações do presidente Fernando Henrique Cardoso dizendo que Pedro Malan era fundamental para o Brasil, sem citar Gustavo Franco. O mercado associava a saída de Gustavo Franco (então presidente do BC) à mudança do regime cambial". * Vazamento de informações III: "Isso não significa que não tenha havido vazamento"* Medidas de supervisão preventiva para evitar riscos no sistema : "O BC já tem iniciado um projeto que transforma os métodos de supervisão em métodos preventivos, que busca reduzir os riscos indevidos no sistema financeiro. Cada instituição financeira terá limites muito claros de risco - de câmbio, de juros, de prazo, de crédito - compatíveis com o seu capital. A avaliação desses limites precisa ser feita na totalidade. Não é possível buscar o controle de cada tipo de operação ou instrumento." * Especulação com desvalorização do real: "A mudança de posição dos bancos ocorrida no intervalo de dois dias, em 11 e 12 de janeiro, de US$ 900 milhões (no mercado futuro de compra e venda de dólares), não foi alta e foi até inferior a outras mudanças ocorridas a partir de julho de 1997. A mudança está dentro de um intervalo padrão, mas não é razão para não investigarmos".* Banco Marka I: "Nos chamou atenção o fato de o banco trabalhar com uma alavancagem extraordinária, vinte vezes maior do que seu patrimônio. Esse processo é uma aberração".* Banco Marka II: "O Banco Central tinha duas alternativas: não fazer nada, deixando as posições serem liquidadas pela bolsa (de valores) ou dar cobertura da posição, zerando o patrimônio do banco mas não decidindo pela liquidação da instituição, que ocorreria na bolsa. O momento era complexo e, na minha avaliação, o que se fez no Banco Central foi comprar um seguro. Foi uma decisão feita no calor da batalha, com análise dos custos e benefícios. O BC decidiu não cancelar a licença do Marka naquela ocasião".* Banco FonteCindam: "Tinha riscos menores do que o Marka e o Banco Central decidiu vender dólares no mercado futuro para evitar perda de reservas".* Câmbio livre: "O sistema é mais estável quando há câmbio flutuante. Quando o câmbio é fixo os riscos são maiores, enquanto o câmbio flutuante é um mecanismo defensivo".
15/04/1999
Agência Senado
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