Socorro financeiro aos bancos é coisa normal, dirá Armínio Fraga



O socorro financeiro do tipo que foi concedido pelo Banco Central (BC) aos bancos Markae FonteCindam, por ocasião da mudança da política cambial do país, em janeiro de 1999,e que tanto alvoroço causou no Brasil, é uma prática comum em quase todo o mundocapitalista e visa, em primeiro lugar, proteger não as instituições bancárias, mas oscorrentistas e investidores dessas instituições. Essa tese, defendida pelo ministro daFazenda, Pedro Malan, deverá ser minuciosamente detalhada na próxima terça-feira (dia5) pelo presidente do Banco Central do Brasil, Armínio Fraga, durante reunião conjuntadas Comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Fiscalização e Controle do Senado(CFC).

Fraga, que comparecerá à reunião com a diretora de Fiscalização do BC, TerezaCristina Grossi Togni, deverá também, a pedido de Pedro Malan, explicar detalhadamenteem que, exatamente, consistiu a chamada operação de socorro ao Marka eFonteCindam e por que o cálculo que atribui à operação um custo de US$ 1,6 bilhãopara o Banco Central está incorreto.

Segundo informações concedidas pela assessoria do ministro da Fazenda, Armínio Fragavai procurar isentar a diretora Tereza Grossi de qualquer culpa na operação de socorroao Marka e FonteCindam, justificando a sua indicação, posteriormente, para assumir oatual cargo de diretora daquela instituição.

A tese básica defendida pelo ministro Malan e sua equipe é a de que o caso específicodo socorro ao Marka e FonteCindam deve ser apurado até o fim pela Polícia Federal, peloMinistério Público e pela Justiça, de modo a identificar eventuais irregularidades eculpados, se houver. Entretanto, independentemente desse caso, o que Fraga deve procurardeixar claro é que o tipo de operação realizada não foi algo inusitado e incomum àprática de bancos centrais, cujo objetivo maior é o de cuidar da preservação da moedae da estabilidade do sistema financeiro.

Caso seja do interesse dos senadores, o presidente do Banco Central poderá detalharmelhor inúmeras operações de socorro similares às que ocorrem no Brasil (tanto no casoMarka e FonteCindam como no caso do Proer), em outros países como Estados Unidos (socorroao Continental Illinois e a bancos da Nova Inglaterra) , Itália (socorro ao BancoComercial Italiano), França (ao Crédit Lyonnais) e outros países como Coréia eIndonésia.

Nenhum país, entende o ministro Pedro Malan, pode deixar quebrar o seu sistemafinanceiro, por entender que uma instituição bancária é simplesmente uma repassadorade recursos de terceiros. Se não se faz nada para impedir a quebra de váriasinstituições, em cadeia, como ficam os correntistas e investidores dessasinstituições? – indaga o ministro.

Armínio Fraga deverá também explicar melhor, caso interesse aos senadores –ressalta-se no Banco Central – qual era exatamente o cenário em que foi montada aoperação de socorro ao Marka, de Salvatore Cacciola, e ao FonteCindam. Havia uma onda deboatos sobre feriado bancário, ameaça de corrida aos bancos e um nervosismo extremo porparte do mercado e das autoridades econômicas. Ao lado do ministro Malan, em reuniõesque varavam a madrugada, Armínio Fraga viveu esse cenário, ao lado do ministro, aindacomo seu assessor especial.

 

Senadores devemquestionar Fraga sobre política dos juros altos

01/06/2001

Agência Senado


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