ARMÍNIO FRAGA DEPÕE NA CPI DOS BANCOS



A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o sistema financeiro convocou para depor nesta quinta-feira (dia 15), às 10 horas, o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, e o diretor de Fiscalização do BC, Luiz Carlos Alvarez, que deverão prestar esclarecimentos sobre denúncias de operação secreta do BC para socorro aos Bancos Marka e FonteCindam, nos dias 13 e 14 de janeiro último, durante a mudança cambial.Instalada nesta quarta-feira (dia 14) no Senado, a CPI aprovou por unanimidade o roteiro dos trabalhos da comissão apresentado pelo relator, senador João Alberto Souza (PMDB-MA), com o detalhamento dos depoimentos e das providências que serão adotadas. A votação do roteiro foi feita em bloco, incluindo requerimentos e sugestões apresentados pelos demais senadores. Os senadores aprovaram também, em votação secreta, os nomes indicados para a presidência da CPI, senador Bello Parga (PFL-MA), e para a vice-presidência, senador José Roberto Arruda (PSDB-DF). Do total dos 11 titulares da CPI, nove votaram a favor dos nomes indicados para presidência e vice, um votou só para presidente e um votou em branco.O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, participou da reunião de instalação da CPI. A presença do presidente do Senado na comissão foi elogiada pelo líder do PMDB, senador Jader Barbalho (PA), suplente e autor do requerimento para criação da CPI. "Antonio Carlos foi muito correto e veio aqui para prestigiar os trabalhos da comissão", disse Barbalho.Depois de eleito presidente da comissão, Bello Parga agradeceu aos senadores a indicação de seu nome para o cargo, que qualificou de "difícil missão", prometendo dar o melhor de si nos trabalhos da comissão.- Nossa missão é árdua, delicada. Devemos ter cuidado, consciência e determinação para produzir resultados dignos das esperanças que a sociedade depositou em nós. Nosso trabalho deverá ser de natureza técnica. O setor financeiro está sendo alvo de suspeitas de praticar irregularidades com prejuízo para o erário. Deveremos apurar esses fatos com equilíbrio e firmeza - afirmou Bello Parga.Em seguida, João Alberto Souza prometeu esforçar-se para que a CPI "não se transforme num palanque político mas também não acabe em pizza". O relator leu todo o roteiro preparado para os trabalhos da comissão (ver matéria). José Roberto Arruda apresentou requerimento propondo o bloqueio e indisponibilidade de bens dos presidentes e diretores dos bancos Marka e FonteCindam (ver matéria).Eduardo Siqueira Campos (PFL-TO) sugeriu que a comissão tenha acesso a todos os documentos, memorandos internos e externos do Banco Central e também à documentação dos bancos investigados Marka e FonteCindam, para poder investigar os acontecimentos ocorridos durante a mudança da banda cambial, em janeiro.Apesar de não fazer parte da comissão, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) apresentou requerimento, que foi anexado ao de Arruda, para convocar Eduardo Marco Modiano, sócio do ex-presidente do BC, Francisco Lopes, na empresa de consultoria Macrométrica. Eduardo Suplicy (PT-SP) ressaltou a importância da CPI, a exemplo de Fernando Bezerra (PMDB-RN), que disse ser objetivo da comissão aperfeiçoar o sistema financeiro para que os investidores menos informados sejam protegidos de prejuízos.Roberto Saturnino (PSB-RJ) disse que a operação de compra e venda de câmbio acima de US$ 100 mil também deveria ser investigada, bem como os balancetes dos bancos Marka e FonteCindam e as remessas efetuadas por bancos estrangeiros para suas matrizes, nos meses de janeiro e fevereiro deste ano. José de Alencar (PMDB-MG) disse que não é contra o lucro dos bancos, mas não aceita que essas instituições obtenham lucros de forma irregular.

14/04/1999

Agência Senado


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