Armínio Fraga descarta dolarização



O presidente do Banco Central, Armínio Fraga Neto, disse nesta quinta-feira (dia 22) que não existe qualquer motivo para o Brasil efetuar a dolarização de sua economia e que esta também não é a intenção do governo e da equipe econômica do presidente Fernando Henrique. A afirmação foi feita durante a participação de Fraga no seminário Dolarização Versus Pluralismo Monetário nas Américas realizado pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.

Fraga observou que a economia brasileira está apresentando sinais importantes de fortalecimento, com a estabilização do déficit fiscal, a adoção das principais reformas estruturais (previdenciária, administrativa), a melhora crescente das finanças estaduais, principalmente agora que foi aprovada a Lei de Responsabilidade Fiscal e feito o saneamento dos bancos estaduais, além da transparência política e da constante queda dos juros.

Nem mesmo a elevação da taxa anual de juros básicos de 15,25% para 15,75%, anunciada pelo Banco Central nesta quarta-feira (dia 21) é motivo para preocupação, insistiu Fraga.

- Não há perigo de mudança brusca dos rumos da economia que apresenta indicativos saudáveis e, se reforçados esses fundamentos, no futuro vamos olhar para trás e ver que esse ambiente de incertezas foi uma etapa do amadurecimento econômico do país - assegurou Armínio Fraga para quem as oscilações do mercado não passam de movimentos conjunturais próprios da economia global.

Fraga admitiu que a dívida pública do Brasil está crescendo mas explicou que uma política fiscal séria e a queda de juros constante podem resolver esse problema.

- O balanço de pagamentos deve ser visto dentro de um contexto dinâmico. Nós temos hoje um déficit em conta corrente maior que nos anos anteriores e isto está provocando a elevação de nosso passivo externo, mas essa situação vai reverter-se pois a economia está se aquecendo - reforçou.

Voltando à questão da dolarização, o economista esclareceu que as conjunturas econômicas do Brasil, da Argentina e do México não podem ser comparadas. No caso da Argentina ele lembrou que a adoção paulatina do dólar naquela economia é decorrente de uma situação histórica e foi vista como natural. Já quanto ao México, que passou por processo similar em 1994, ele recordou que a economia enfrentava um elevado déficit em conta corrente e perspectivas financeiras negativas. O que não é o caso do Brasil, acentuou.

22/03/2001

Agência Senado


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