Bernardi antecipa a redução da máquina pública do Estado
Bernardi antecipa a redução da máquina pública do Estado
O candidato ao governo pelo PPB, Celso Bernardi, é radical na defesa da redução da estrutura administrativa do Estado. Para isso, promete diminuir o número de secretarias de 21 para 14 e cortar 25% dos Cargos de Confiança. As medidas garantiriam, segundo ele, uma economia de 5% na despesa, possibilitando a melhoria salarial do magistério e os investimentos em áreas prioritárias, sem demissões.
Bernardi reconhece a polarização entre Tarso Genro (PT) e Antônio Britto (PPS), justificando-a pela grande exposição que ambos tiveram na mídia quando foram governo. Mas lembra que o eleitor, a partir do horário gratuito, está comparando as propostas dos demais candidatos, e não fará desta eleição um plebiscito entre o presente e o passado.
Jornal do Comércio - Como avalia a tendência de polarização na eleição deste ano para o governo do Estado?
Celso Bernardi
- A polarização é fruto das diversas eleições em que houve enfrentamento entre o candidato Antônio Britto (PPS) e o candidato do PT. É a sexta eleição que estão disputando. Como há uma decepção muito grande da sociedade e dos eleitores gaúchos com o governo petista, que enganou o eleitorado em 1998 com muitas promessas sedutoras que não foram cumpridas, o eleitor está muito angustiado em tirar o PT. Quando se pergunta ao pesquisado em qual candidato ele vai votar, vêm logo aqueles nomes que estão mais em evidência e que têm mais visibilidade, como um ex-prefeito de Porto Alegre e um ex-governador. Com o decorrer dos dias, os eleitores começam a ver outros candidatos, a compará-los, em especial nos quesitos credibilidade, palavra, valores pessoais e propostas. Não podemos fazer dessa eleição um plebiscito entre o presente e o passado. Não podemos continuar assistindo o que assistimos hoje: um debate que mantém baixo o nível da campanha e faz uma triste repetição do que ocorreu em 1998. Apresentamos um projeto novo para acabar com essa polarização.
JC - Qual o motivo para que o PPB, mesmo sendo o partido com maior base e organização no interior, não emplaque melhores índices nas pesquisas, estando, inclusive, atrás de Germano Rigotto?
Bernardi
- Temos um partido realmente muito forte, fruto das urnas de 1998, com a Assembléia Legislativa do Estado e com a bancada federal, e principalmente, claro, depois das eleições 2000, quando elegemos 174 prefeitos, 1482 vereadores e 153 vice-prefeitos. É um partido organizado em quase todos os municípios do Estado. O PPB ainda está esperando para entrar em campo. Não temos uma militância forte, reconhecemos isso. Também precisamos reconhecer que as eleições municipais têm uma peculiaridade diferente, porque é onde os valores da liderança regional e municipal têm um peso muito forte. Ainda enfrentamos a dificuldade de assimilação da sigla PPB para o grande eleitorado. Apresentamos um desempenho muito bom nos municípios pequenos e médios, e esses não são pesquisados, e temos dificuldade nas cidades maiores, na Região Metropolitana. Mas confio muito que nossa base municipalista vai assimilar a necessidade de entrar em campo, como se diz, de fazer um trabalho de convencimento dos eleitores, de mostrar as nossas diferenças e o porquê de querermos governar o Rio Grande. Essas pesquisas fogem da realidade que sentimos no dia-a-dia. Nossas pesquisas internas demonstram que temos um potencial muito superior de votos. Isso vai ser comprovado no decorrer da campanha, nas próximas pesquisas e principalmente no dia da eleição.
JC - Por que o PPB decidiu apresentar candidato próprio no primeiro turno das eleições deste ano?
Bernardi
Nós, em 1998, queríamos continuar um projeto do qual éramos participantes. Não tínhamos o núcleo central do poder. Já em 1994, ajudamos na eleição do Britto no segundo turno, porque sabíamos do risco PT. Apoiamos o então candidato do PMDB, que era nosso maior adversário, em cima da necessidade que tínhamos de oferecer uma alternativa diferente. Em 1998, resolvemos fazer uma ampla coligação entre os partidos para enfrentar a eleição e dar continuidade ao projeto. O eleitor nos mandou para a oposição, e ninguém fez oposição ao PT mais qualificada do que o PPB. O PDT, por exemplo, foi o maior advogado na defesa da decisão do governo do PT de mandar a Ford embora. Nós sempre mostramos esses equívocos.
Na segurança pública, muitos deputados sequer assinaram a CPI. Desta vez, a base municipal do PPB, em nome de algumas prioridades, como educação, agricultura e qualificação dos serviços públicos, começando pela valorização dos servidores, exigiu candidatura própria, porque temos diferenças com os demais candidatos. Temos diferenças com o PMDB e com Antônio Britto porque as nossas prioridades não foram valorizadas pelos governos que nos sucederam. Nem pelo PMDB, nem pelo PDT, muito menos pelo PT.
JC - Qual sua avaliação do governo de Olívio Dutra?
Bernardi
Um governo que prometeu muito e está fazendo muito pouco. O maior equívoco é colocar o partido acima da sociedade. Partido é uma parte da sociedade e deve governar para todos, não para a parte. Segundo, é colocar a ideologia acima da cidadania. Terceiro, ter feito promessas sedutoras que não foram cumpridas.
190% de aumento para o magistério, 3.000 km de asfalto, seis mil litros de leite por dia para crianças pobres, 100 mil cestas básicas por mês para famílias pobres, uma bolsa, em dinheiro, para famílias que tivessem filhos nas escolas, 40 mil casas populares e oito mil agroindústrias. Eu carrego sempre um livrinho das famosas promessas que foram feitas, mas foram pouquíssimos projetos que resolveram implementar. Mesmo no Projeto Primeiro Emprego, que pretendo manter porque é uma boa proposta, eles prometeram 100 mil primeiro empregos e deram 20 (mil). É decepcionante. Há muita publicidade, aparência, conversa fiada e poucos resultados.
JC - Quais serão os atos dos primeiros cem dias de governo, em caso de vitória?
Bernardi
Vamos cumprir a palavra, fazer do diálogo um instrumento permanente de trabalho e retirar toda a carga ideológica e partidária dos órgãos públicos. Mas a primeira atitude após a eleição será chamar as universidades regionais para fazermos um projeto de desenvolvimento para o Rio Grande do Sul e para cada região do Estado. Também pretendemos implementar um plano-diretor de obras públicas, através de um banco de projetos que vai se equipar efetivamente para enfrentar o futuro com um projeto de desenvolvimento sistematizado, elegendo prioridades para o Estado e para cada região. Ainda vamos reduzir as secretarias de 21 para 14, criando a Secretaria de Infra-Estrutura com a união das secretarias de Transportes, Obras e Minas de Energia, por exemplo, e acabando com a Secretaria da Reforma Agrária, cujas incumbências voltarão para a Agricultura. No primeiro dia de governo, vamos cortar, por projeto de lei, 25% de Cargos em Comissão. Queremos diminuir em 5% a despesa com a administração sem demitir nenhum funcionário. A grande prioridade do governo será fazer esse Estado do tamanho
necessário.
JC - Caso não chegue ao segundo turno, seu eleitorado votará maciçamente no ex-governador Antônio Britto?
Bernardi
- Eu espero chegar no segundo turno porque tenho viabilidade sim. Se isso acontecer, vou precisar do apoio dos demais partidos que estão em oposição ao PT. E política é reciprocidade. Se desejo, no segundo turno, o apoio político dos demais partidos que estão disputando a eleição em oposição ao atual governo, é muito natural que apóie outro candidato, caso não chegue. Mas essa eleição não pode ser assim: eu só quero tirar o PT. É preciso saber o que será colocado no lugar do PT. Há uma carência de propostas, tanto do PT, que não assume nem o gove rno e imagina assumir novas propostas, e também do doutor Antônio Britto, que fala apenas nas questões do campo ideológico ou que envolvam o passado.
JC - A campanha se direciona para o final, e há indicativos de uma disputa Lula-Serra no âmbito nacional. O pleito se encaminha para este divisor de águas?
Bernardi
- Eu registro que o primeiro partido a se manifestar claramente - com exceção do PSDB, evidentemente - de apoio ao Serra foi o PPB, em 27 de março, quando eu propus que o partido tomasse uma posição em nível nacional de apoiar o candidato do governo, para termos o mesmo palanque. Era um respeito que deveríamos ter com o governo federal, que deu espaço para o partido em dois ministérios da maior importância: o Ministério do Trabalho, com o ministro Francisco Dorneles, e o Ministério da Agricultura, com o ministro de Pratini Moraes. Também destaco isso porque significou uma transformação na agricultura nacional, um crescimento, tanto de quantidade como de qualidade, preço e recursos disponíveis. Entendemos que essa eleição vai ser decidida entre o candidato de oposição ao governo atual, que é o Lula, com maior visibilidade na oposição, efetiva e historicamente, e o candidato do governo. O eleitor terá que decidir se quer correr riscos e pagar custos, como está pagando o Rio Grande do Sul, também em nível nacional, ou se quer dar continuidade ao atual projeto, que não é perfeito. Falta um política de desenvolvimento para o País. Houve um bom gerenciamento da área econômica, mas é preciso aperfeiçoar. Acredito que a decisão vai ficar exatamente entre esses dois campos, e nós estamos com José Serra.
JC - Como avalia a indefinição de alguns integrantes do PPB, que ora apóiam o candidato do governo, ora o candidato de oposição?
Bernardi
- Nós tivemos uma decisão, quase unânime, na convenção do dia 29 de junho, de recomendação de apoio à candidatura Serra. Mas, como não estamos coligados em nível nacional, é evidente que não podemos, em nível estadual, pela lei da verticalidade, fazer com que os nossos líderes tenham fidelidade numa decisão que é apenas de recomendação, não de obrigação. Essas foram manifestações que ocorreram por simpatia, e foram raras. Respeitamos, mas temos certeza de que os líderes que não desejarem acompanhar a decisão no Rio Grande do Sul o farão em oposição ao candidato do PT, que é o nosso adversário nos campos doutrinário e administrativo. Não queremos que o País enfrente o custo que temos no Estado.
JC - Como presidente do PPB gaúcho, que avaliação faz das possibilidades de seu partido eleger deputados federais e estaduais?
Bernardi
- Estamos confiantes de que podemos aumentar duas cadeiras na Assembléia. Passaremos de 11 para 13, no mínimo, e de cinco deputados federais para seis ou sete. Temos bons candidatos e registramos um bom desempenho das nossas bancadas, tanto na Assembléia como na Câmara.
Tom de ataques continuam nos programas eleitorais
Se depender das coordenações de campanha das duas principais candidaturas ao governo do Estado, o tom de ataque vai continuar nos programas eleitorais de rádio e televisão. Nos últimos dias, o debate tem esquentado entre os adversários Antônio Britto (PPS) e Tarso Genro (PT).
"Se vierem mais acusações, vamos continuar nos defendendo. Temos um arsenal de defesa à nossa disposição", advertiu o coordenador da campanha do PPS, Nélson Proença. "Temos uma linha de crítica política de campanha que vai continuar, com a mostra das contradições do nosso adversário", rebateu o coordenador da campanha petista, José Eduardo Utzig.
Proença garante que foi o PT que começou a fazer os ataques pessoais. "Eles abriram a porta para a gente se defender", argumentou. Qualificou, ainda, de mentirosas as acusações que vinculam Britto ao Opportunity, já que o Banco comprou a CRT durante o atual governo. "É uma acusação leviana, e nosso ataque a Tarso é um mecanismo de legítima defesa", afirmou Proença.
Para Utzig, não há equivalência entre os ataques mútuos. "Não aceitamos essa idéia. Nossa crítica é de natureza ética e o que eles estão fazendo é baixaria política", avaliou. Segundo ele, o PT está dizendo a verdade sobre Britto, enquanto os adversários estariam "atacando um homem com reputação inatacável como Tarso".
Proença assegurou, ainda, que o partido pretendia manter uma campanha de alto nível, mas adiantou que o PPS não vai deixar ataques sem resposta. Já o PT considera que a atitude dos oponentes não corresponde à tradição política gaúcha. "Estão empastelando a eleição", concluiu.
Tarso recebe cavalarianos e faz comícios no litoral
O candidato da Frente Popular ao governo do Estado, Tarso Genro, recebeu ontem, na Estância do Harmonia, em Porto Alegre, cerca de 100 cavalarianos dos municípios da Região Metropolitana que participaram da Segunda Cavalgada Metropolitana rumo ao Piratini, promovida pelos partidos que o apoiam. Na oportunidade, Tarso destacou a importância da cultura regional na luta pelos interesses da terra, produção e do futuro dos filhos gaúchos.
O candidato petista também esteve ontem no litoral norte do Estado, onde participou de carreata, comícios e conversas com a militância de Torres, Imbé, Tramandaí e Osório. Em Torres, o candidato enfatizou os quatro mandatos da Frente Popular na prefeitura de Porto Alegre, que tornou-se referência para a Organização das Nações Unidas em seu relatório mundial sobre o Índice de Desenvolvimento Humano. O ex-prefeito de Porto Alegre lembrou, também, o interesse da imprensa e de entidades estrangeiras em conhecer o processo do
Orçamento Participativo, e divulgá-lo em seus países.
Nas suas manifestações Tarso voltou a chamar os pedetistas descontentes com a orientação do partido. O petista lembrou a decisão do atual governo em retirar o Banrisul do processo de privatização do governo anterior. Frisou que o PDT, quando administrou o Rio Grande do Sul, criou a Caixa Econômica Estadual, a CRT e a CEEE. "Vamos chamar os companheiros trabalhistas que estão no campo popular para andar conosco nesta campanha", afirmou Tarso.
Patricia Pillar participa de caminhada na Rua da Praia
Mulheres militantes e simpatizantes da coligação O Rio Grande em 1º Lugar farão uma caminhada, hoje, no centro de Porto Alegre, em apoio às candidaturas de Antônio Britto e Ciro Gomes. Com a presença de Patrícia Pillar, a concentração será na Praça Dom Feliciano, às 16 horas, partindo dali até a Praça da Alfândega. À noite, haverá um jantar no CTG 35, em apoio à candidatura de Britto. Patrícia Pillar, com problemas de agenda, cancelou a sua participação no jantar que espera reunir mais de mil mulheres em apoio as chapas majoritárias estadual e federal da coligação o Rio Grande em 1º Lugar e Frente Trabalhista.
Amanhã, Dia do Patrimônio, Britto participa de uma caminhada que inicia às 17 horas, no Museu Júlio de Castilhos, na rua Duque de Caxias, passando pela Biblioteca Pública, Theatro São Pedro, Margs e encerra no Memorial do Rio Grande do Sul, onde o candidato apresentará sua proposta para a área da cultura. Nesta terça-feira será lançado o Plano de Governo de Antônio Britto, às 15h30min, no auditório da sede estadual do PPS, na rua Pelotas, 280.
Patricia Pillar participa de caminhada na Rua da Praia
Mulheres militantes e simpatizantes da coligação O Rio Grande em 1º Lugar farão uma caminhada, hoje, no centro de Porto Alegre, em apoio às candidaturas de Antônio Britto e Ciro Gomes. Com a presença de Patrícia Pillar, a concentração será na Praça Dom Feliciano, às 16 horas, partindo dali até a Praça da Alfândega. À noite, haverá um jantar no CTG 35, em apoio à candidatura de Britto. Patrícia Pillar, com problemas de agenda, cancelou a sua participação no jantar que espe ra reunir mais de mil mulheres em apoio as chapas majoritárias estadual e federal da coligação o Rio Grande em 1º Lugar e Frente Trabalhista.
Amanhã, Dia do Patrimônio, Britto participa de uma caminhada que inicia às 17 horas, no Museu Júlio de Castilhos, na rua Duque de Caxias, passando pela Biblioteca Pública, Theatro São Pedro, Margs e encerra no Memorial do Rio Grande do Sul, onde o candidato apresentará sua proposta para a área da cultura. Nesta terça-feira será lançado o Plano de Governo de Antônio Britto, às 15h30min, no auditório da sede estadual do PPS, na rua Pelotas, 280.
Artigos
A tragédia gaúcha
Guilherme Socias Villela
Recentemente, um professor da Universidade Federal da Bahia foi convidado para participar, em Porto Alegre, de um simpósio sobre o "O Caso Ford". Fora solicitado para discutir o que representaria aquela montadora de veículos para o Rio Grande do Sul e o que ela hoje significa para a Bahia. Mas não se trata de um docente qualquer. Possivelmente os organizadores do debate procuraram alguém conhecido por sua capacitação, por suas posições e por suas crenças. Alguém que, no mínimo, tenha alguma simpatia pelo partido político que comanda o governo gaúcho. De mais a mais, o professor parece sido convidado para falar para uma platéia pequena mas selecionada (detentores de cargos em comissão do governo?). Tudo sob medida. Do seu depoimento e de sua entrevista à imprensa podem ser colhidas as suas seguintes observações: 1) Os gaúchos nada perderam com a saída da Ford. 2) A instalação da Ford na Bahia não trouxe os benefícios esperados. 3) Poucos foram contratados na Bahia: "emprego para brasileiro e baiano, só a mulher do cafezinho e o vigilante", afirmou - o que deve ter sido força de expressão do professor, pois, logo foi aduzindo que não acreditava que a Ford tenha proporcionado nem 50 mil empregos. 4) O centro de desenvolvimento (cérebro) da fábrica de Camaçari emprega apenas 12 engenheiros baianos, "os outros (não informou quantos) são estrangeiros ou do eixo Rio-São Paulo". 5) "O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) "doou" US$ 1,3 bilhão para a empresa" - destacou. 6) A instalação da Ford atraiu outras empresas: "Além dos 30 sistemistas, outros fabricantes vieram para o local" - aduziu. 7) Se um terço das facilidades fosse oferecido à Gurgel (uma montadora nacional de veículos, que operou há alguns anos), hoje o País estaria exportando automóveis - argumentou -, sugerindo, neste sentido, que fosse destinado US$ 1 bilhão (não disse se por "doação" ou por desoneração fiscal) para uma empresa de Caxias do Sul, visando à fabricação de um carro (nacional) competitivo.
Por fim, em entrevista à imprensa, o docente baiano admitiu que se no Rio Grande do Sul "(a saída da Ford) foi um erro, (este) pode ser reparado. Basta exigir dos candidatos ao governo do Estado que atraiam outra montadora" (sic). Ah! bom. Diante do exposto pelo professor, pode-se avaliar a dimensão do Projeto Amazon e suas repercussões diretas e indiretas - tecnologia, serviços e, principalmente, empregos no Rio Grande do Sul. É o que significou a Ford - como tragédia gaúcha.
Colunistas
ADÃO OLIVEIRA
Lula e os militares
O primeiro encontro oficial do candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, com os militares certamente rendeu "muitos bons frutos" para o petista, na avaliação de alguns oficiais que estavam presentes às duas reuniões realizadas no Rio. O discurso criticando o atual governo, os freqüentes cortes nas Forças Armadas e a necessidade de rever a política de defesa militar foram considerados "impecáveis" por vários oficiais, que elogiaram ainda as declarações do candidato, a favor da manutenção do serviço militar obrigatório.
O ex-ministro do Exército e presidente da Fundação de Altos Estudos ligada à Escola Superior de Guerra (ESG), Leonidas Pires Gonçalves, um dos organizadores do encontro, no qual estavam presentes inúmeros ex-ministros estagiários da ESG civis e militares e alguns militares da ativa e da reserva, chegou a interagir com o candidato do PT, quando ele apresentava suas propostas e respondia às perguntas dos participantes. Quando Lula listou os três fatores que tornam um País respeitado - se for uma potência econômica, uma potência militar ou se tiver alto poder de desenvolvimento de tecnologia - o general Leonidas emendou, afirmando que o ideal seriam os três juntos. Mostrando que os discursos estavam mesmo afinados, Lula, ao responder a uma outra pergunta sobre o tema, já passou a dizer que eram necessários os três fatores para tornar o País respeitado.
"Temos de ouvir os outros três para fazermos a comparação, mas eu acho que os pontos de vista aqui apresentados eram o que nós esperávamos e foram do nosso agrado", afirmou o general Leonidas, ao elogiar o fato de Lula ter reconhecido que o País não pode se dar ao luxo de não ter um poder militar. "O nosso objetivo foi atingido", acrescentou. Já o ex-comandante da Amazônia e atual presidente do Clube Militar, general Luiz Gonzaga Lessa, acha que Lula mostrou que conhece muito bem os problemas do Brasil. Lessa, junto com os presidentes dos Clubes Naval e da Aeronáutica, que hoje funcionam como uma espécie de sindicato dos militares, foram os organizadores do debate, que contou basicamente com o pessoal da reserva, mas não deixou, no entanto, de fazer críticas ao atual governo. Depois de ressaltar que o presidente Fernando Henrique Cardoso não deu importância às causas militares, afirmou que acredita que o candidato do governo, José Serra, do PSDB, certamente vai manter a mesma linha, impondo os mesmos sacrifícios à categoria.
Os militares evitaram revelar em quem vão votar, mas acreditam que as palestras que foram iniciadas por Lula servirão para que muitos possam tirar suas dúvidas e até mesmo os temores. "Continuo propício a votar nele e acho que as propostas aqui apresentadas foram muito bem colocadas", comentou o ex-ministro chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI) Ivan de Souza Mendes.
Muitos oficiais confessaram ainda ter preocupações com as dificuldades que Lula poderá enfrentar para governar, caso seja eleito, para conseguir superar o patrulhamento dos radicais. Os ex-ministros da Aeronáutica, Moreira Lima, e Sócrates Monteiro, condenaram o tratamento dispensado às Forças Armadas atualmente. Mas consideram, no entanto, que esta iniciativa de realizar debates para que os candidatos apresentem suas plataformas é uma demonstração clara do exercício da democracia. Assim, na opinião deles, os militares podem votar com mais consciência. O próximo debate será com o tucano, José Serra, amanhã.
Serra, que se antecipou em procurar o ministro da Defesa, Geraldo Quintão, para buscar dados para apresentar às Forças Armadas, é o que mais encontra resistência entre os militares.
CARLOS BASTOS
PT ganha entusiasmo na campanha
A folgada liderança do presidenciável Luis Inácio Lula da Silva na sucessão do presidente Fernando Henrique Cardoso, e a melhora do candidato Tarso Genro aqui no Estado, está entusiasmando a militância do PT. Ela foi para a rua na sexta-feira, dia 13, dentro da promoção "Pinte o 13", e também movimentou o Brique da Redenção e outros pontos de concentração na capital e no interior do Rio Grande. Os petistas mais entusiastas chegam a sustentar que há condições de Lula sair vitorioso no primeiro turno, o que é uma probabilidade muito remota, embora não seja impossível. Aqui no Estado os petistas terão que partir para conquistar eleitores de Germano Rigotto, do PMDB, e Celso Bernardi, do PPB, para o segundo turno, o que também não é uma tarefa muito fácil. A quase totalidade dos eleitores de Bernardi tem tendência para votar em Britto, e a maioria da base peemedebista t ambém teria dificuldade em votar no PT na sucessão estadual.
Diversas
Última
Amanhã pela manhã, na Assembléia, haverá um encontro de lideranças de áreas emancipandas com os candidatos a governador e ao Senado Federal. A iniciativa é do deputado Giovani Cherini (PDT) e da Comissão de Assuntos Municipais. Às 10h participam do encontro, no auditório Dante Barone, os candidatos ao governo. Às 11h, será a vez dos candidatos a senador.
FERNANDO ALBRECHT
Jantar dos Comunicadores I
Mais de 600 pessoas prestigiaram sábado no União o Jantar dos Comunicadores em benefício do Instituto da Criança com Diabetes, coordenação de José Naja Neme da Silva e patrocínio do Nacional Supermercados.
Foram 22 comunicadores e 66 "auxiliares" do União Cooks preparando 11 pratos, a segunda edição da festa de sucesso. Houve ainda show de socialites dançando flamenco e desempenhando inacreditáveis performances vocais e outros shows.
Jantar dos Comunicadores II
Os pratos? Bem a modéstia não impede de registrar que o mais requisitado tenha sido o Filé à Notícias Quentes de autoria deste colunista - o chargista Marco Aurélio fez forfait e viajou a Fortaleza com mister Johnny Walker - ajudado por Guido Valério Fischer e Arlindo João Scarton. Os rapazes tem potencial, embora ainda tenham muito que aprender. Amplamente elogiado pela população presente, foi o único prato com ISO 9002.
Fim da Chocofest?
A julgar pelos rumores que correm na Serra das Hortênsias pode estar chegando ao fim uma das duas mais tradicionais feiras, a Chocofest de Canela. As empresárias Marta Rossi e Sílvia Zorzanello tiveram prejuízo nas últimas edições e, salvo alguma parceria que se interesse pela feira, não há como bancar os altos custos da Chocofest. Paradoxalmente, a Chocofest sempre foi um sucesso de público, especialmente entre a criançada, atraindo visitantes de todo o país.
O patrono da Feira
Será anunciado na terça-feira o nome do patrono da Feira do Livro de porto Alegre. É ele o jornalista e escritor Ruy Carlos Ostermann. O professor anda em evidência ultimamente pelo seu livro... narrando a trajetória de Luiz Felipe Scolari na seleção.
Dicas gastronômicas
Há 30/35 anos Porto Alegre tinha no máximo duas ou três pizzarias mas hoje elas se multiplicam como coelhos, um mercado que parece inesgotável. Breve abre mais uma sob comando de um pizzaiolo trazido diretamente da Itália pela Nova Bréscia, na avenida Pernambuco. A casa melhorou muito, aliás. E bota muito nisso. A pizzaria funcionará no anexo - um forno à lenha sob medida está em fase final de construção.
Boa idéia
Estréia hoje às 12h na TVE e em todas as TVEs do país o programa Via Legal, produzido pelo Conselho da Justiça Federal em parceria com os cinco Tribunais Regionais Federais do país. O Via Legal é uma revista eletrônica tem como objetivo principal aproximar o cidadão comum da realidade e do cotidiano da Justiça Federal, com apresentação da jornalista Giovana Cunha e direção de Jorge Pequeno. A idéia é descomplicar a linguagem jurídica ao máximo.
Com aviso
A coordenação do Rio Grande em 1º Lugar não pode se queixar que a questão envolvendo o ex-secretário Assis Roberto de Souza tenha sido uma surpresa, o que obviamente causou um estrago enorme. Há três anos que se sabia que o assunto viria à baila durante a campanha. Inclusive, sabia-se que uma força-tarefa estava esmiuçando tudo e todos para chegar onde chegou. Saiu aqui.
Sobe, desce...
Uma ação contra um fabricante de elevadores movida pelo colega e advogado Marco Antônio Birnfeld por ter ficado preso na porta, levou uma leitora a questionar o uso ou não de ascensoristas em prédios comerciais. Ela mesmo foi à caça e soube pelos órgãos competentes, inclusive da Procuradoria Geral do Município, que os elevadores deverão funcionar com obrigatória e permanente assistência de ascensorista, quando: embora com comando automatizado, o elevador estiver instalado em hotel, edifício de escritórios, consultórios ou mistos.
Mas o que se vê não é bem isso.
Recursos humanos
O Diário Oficial da União divulgou estatística dos recursos humanos nas universidades federais. Na Ufrgs existem mais de 160 cargos, desde açougueiros (3), armadores, datilógrafos, tradutor-intérprete (nenhum), especialista em educação (nenhum), técnico em segurança do trabalho (nenhum). Os professores de 3º grau são 2.092. Não se estranhem os açougueiros, porque a Ufrgs possui uma fazenda e mantém restaurantes.
IPTU
A propósito das ações do IPTU que não tiveram curso por parte da prefeitura, advogado comenta que "o prazo prescricional de cinco anos não se interrompe somente pela citação do executado. Há outras causas interruptivas e suspensivas. Nos casos de interrupção, o prazo é integralmente reiniciado, a partir do zero, desprezando-se o período já decorrido, entre os quais figura reconhecimento do débito pelo devedor, como pedido de moratória ou de parcelamento".
Inspeção de carroça
Leitor pergunta se as carroças também deverão ser obrigadas a passar pela inspeção veicular se e quando ela for implementada. Pela lógica sim, não é mesmo? Elas já precisam ser emplacadas. Os critérios é que são elas. Focinheira de aço? Ferraduras nas quatro patas? Break-light? Brincadeiras à parte, não conseguimos nem mesmo que elas tenham uma elementar sinalização noturna. Na travessia do Guaíba, então, é um horror que se repete apesar dos avisos que, mais dia menos, dia vá acontecer uma tragédia.
Editorial
CORRUPÇÃO É PROBLEMA SOCIOECONÔMICO QUE ATRASA PAÍSES
Filha dileta da falta de estruturas sólidas nos Três Poderes e de uma população abandonada à própria sorte em muitos países, inclusiv e no Brasil, a corrupção não é apenas, como pensam, um problema de moral que estaria na mente e nos corações de cada um de nós. Não, a corrupção é um grave desvio socioeconômico que pode representar, e geralmente assim acontece, a diferença entre o atraso e o progresso de um país. Daí a necessidade de combatê-la por todos os meios legais, usando mais de prevenção do que agindo após o estrago feito. O Brasil foi abalado pelo desvio escandaloso, onde atuaram autênticas quadrilhas, do dinheiro da Previdência e da nova sede do Tribunal Regional do Trabalho, em São Paulo. Há outros exemplos, mas estes ficaram como emblemáticos, autêntico carimbo do descontrole estatal e da facilidade no manuseio de verbas que são do público e somente em seu nome deveriam ser usadas, com parcimônia e criteriosamente. Pois agora a Organização Não-Governamental Transparência Internacional, a TI, vem de divulgar o seu Índice de Percepção de Corrupção, um registro que é feito todos os anos. O Brasil avançou um posto, passando da 46ª posição para a 45ª, enquanto a Argentina deu um salto abrupto, caindo do 57º lugar para o 70º posto, com o colapso da sua economia. Foram avaliados 102 países, com pontuação de um a 10. Quanto maior a nota, menor a corrupção, sendo que, de maneira geral, a corrupção aumentou no mundo inteiro, do ano passado para este 2002. Segundo a TI, dois terços dos países receberam menos de cinco pontos. O Paraguai obteve 1,7 ponto, o terceiro país mais corrupto do mundo. Bolívia e Equador receberam 2,2, estando entre os mais corruptos ainda a Venezuela, a Nicarágua e a Guatemala, com 2,5. O Brasil obteve nota quatro.
Os 10 países menos corruptos, pela ordem, são a Finlândia, a Dinamarca, a Nova Zelândia, Islândia, Cingapura, Suécia, Canadá, Luxemburgo, Holanda e a Grã-Bretanha. Os 10 mais corruptos são Bangladesh, Nigéria, Paraguai, Madagascar, Angola, Quênia, Indonésia, Azerbaijão, Uganda e Moldávia, também pela ordem. O país menos corrupto da América Latina é o Chile, com 7,5 pontos, o mais corrupto Bangladesh, com 1,2 ponto, e o menos corrupto a Finlândia, com 9,7. Os EUA ficam em 16º lugar, com 7,7 pontos. Nota 10, ninguém recebeu. O presidente da Transparência Internacional, Peter Elgen, diz que, infelizmente, na América Latina as elites e as estruturas democráticas que surgiram após os governos militares na região não conseguiram se firmar. A corrupção, ainda segundo o presidente da TI, prende nações inteiras na pobreza e impede o seu desenvolvimento sustentado. Este é um dos motivos pelos quais as nações mais ricas não querem aumentar a ajuda aos pobres, como ocorreu na Rio+10, com a desculpa de que as verbas correm para o ralo do suborno e dos desvios. Isso foi acentuado pelo secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Paul O'Neill, para arrepio dos latinos, mesmo sabendo que, lá no fundo, existe uma boa dose de verdade na afirmação. Como o País está elegendo quase toda uma nova administração pública nos Executivos e Legislativos, ficando de fora apenas prefeitos e vereadores, o eleitorado que pense bem antes de votar. Mais do que uma obrigação, escolher bem é um dever de consciência, com análise das propostas, perfil do candidato e da realidade de cada Estado. O futuro começa agora, em nossa casa, no trabalho e é o reflexo dos nossos atos e posturas, aqui dentro pois, não de fora, conforme insistem muitos. E o início se dá pela educação dos jovens, corroborada pelos exemplos dos mais velhos.
Topo da página
09/16/2002
Artigos Relacionados
Bernardi quer ter aceso às secretarias de Estado
Bernardi quer unir PPB, PFL e PSDB no Estado
Deputados denunciam mau uso de máquina pública
Covatti pede o fim do uso da máquina pública nas prévias do PT
ELEIÇÕES: JUCÁ DENUNCIA USO DA MÁQUINA PÚBLICA EM RORAIMA
AMORIM QUER PROIBIR USO DA MÁQUINA PÚBLICA NA REELEIÇÃO