Bloqueio de verbas reforça defesa do orçamento impositivo



Os senadores reagiram ao congelamento de R$ 16,4 bilhões das despesas do Orçamento da União para 2007, anunciado pelo governo na quinta-feira (15), com unânime cobrança da adoção do orçamento impositivo. Nesse sistema, o Executivo fica obrigado a executar fielmente as despesas aprovadas pelo Legislativo, só deixando de realizar os gastos em situações especiais, como no caso de não serem atingidas as metas de receita.

VEJA MAIS

- O Orçamento não pode continuar sendo uma peça de ficção - criticou Valdir Raupp (PMDB-RO), que foi o relator da proposta orçamentária vigente.

Ao anunciar o decreto de contigenciamento (denominação técnica do bloqueio de verbas), o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, antecipou cortes nas emendas parlamentares. Por indicação individual, os congressistas apontam investimentos para localidades que representam. As bancadas também indicam projetos para seus estados. Segundo o ministro, até o final do ano o governo poderá liberar até R$ 4 bilhões dos R$ 12,08 bilhões das emendas, adotando o mesmo teto de empenhos do ano passado.

O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) manifestou grande indignação com o bloqueio, anunciado a cada início de ano. Ele observou que, mesmo com o empenho (compromisso de gasto) das emendas, não mais que 25% dos recursos são liberados. Mozarildo argumenta que as propostas são uma maneira legítima de levar recursos orçamentários às localidades, onde atendem necessidades concretas.

- É um achincalhe. Trazemos as demandas do estado para o Orçamento e depois o tecnocrata congela - criticou.

Extinção

Cristovam Buarque (PDT-DF) também criticou o bloqueio, sobretudo pela repercussão que poderá ter sobre a área social caso não seja revisto - somente no Ministério da Saúde, o corte chegou a R$ 5,8 bilhões, impondo perda de 14,3% sobre as dotações aprovadas. Quanto às emendas parlamentares para indicação de projetos, Cristovam afirmou que deveriam ser extintas, passando a caber aos prefeitos e governadores a tarefa de trazerem suas necessidades diretamente aos ministérios ou mesmo ao Congresso, mas sem envolver a intermediação individual de um parlamentar.

Para o senador Paulo Paim (PT-RS), as emendas também devem perder o caráter individual. Segundo ele, as propostas seriam defendidas apenas pelo conjunto das bancadas federativas, depois de ouvida a população, em audiências. Com o orçamento impositivo, a execução das propostas ficaria garantida, em modelo mais impessoal de defesa dos projetos.

- O parlamentar não deve vir para o Congresso para defender a construção de creche ou ponte para sua base mais próxima. Sua atuação deve ser voltada à defesa de ações para beneficiar toda a sociedade - disse.

O senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO) também considera o orçamento impositivo a melhor solução para o país. Descumprimento da programação aprovada, segundo ele, só mesmo diante de circunstâncias graves e excepcionais.

Proposta de emenda à Constituição para adoção do orçamento impositivo, de autoria do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), já foi aprovada pelo Senado. A matéria tramita agora na Câmara dos Deputados.



16/02/2007

Agência Senado


Artigos Relacionados


CRA aprova projeto que impede bloqueio de verbas para defesa sanitária

PARLAMENTARES PROTESTAM CONTRA BLOQUEIO DE VERBAS

AGU diz inconstitucional bloqueio de verbas de convênio entre União e PB

Projeto que proíbe bloqueio de verbas de segurança pública tem parecer favorável da CCJ

Pronta para entrar na pauta da CCJ restrição a bloqueio de verbas orçamentárias para investimento nas Forças Armadas

Líderes decidirão se projeto que reforça verbas do FPE e FPM entrará na ordem do dia