Bolsa Família deve se firmar como política de Estado




A contribuição do Bolsa Família para a segurança e a qualidade de vida das populações mais pobres foi o tema da segunda rodada de debates realizada nesta quarta-feira (30), no Museu da República, em Brasília, durante as comemorações dos 10 anos do maior programa de transferência de renda do mundo. O encontro discutiu o impacto causado pelos programas sociais do governo federal na última década – como a mudança nas expectativas dos brasileiros, que já vislumbram um futuro melhor para si e suas famílias – e a inclusão social inédita de uma parcela da população colocada historicamente à margem das decisões do Poder Público.

Para o secretário Extraordinário para Superação da Extrema Pobreza do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Tiago Falcão, que mediou as discussões, o encontro é uma oportunidade única para que o programa seja avaliado e discutido por profissionais de diversas áreas, com olhares diferentes.

O primeiro olhar lançado sobre o Bolsa Família foi o da professora e pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP), Amélia Conh. “Está acontecendo uma verdadeira revolução na sociedade brasileira. Todos os dados confirmam que o Bolsa Família está no caminho certo. É um programa barato, de altíssima cobertura e com resultados efetivos”, avaliou a pesquisadora. Para ela, a transferência de renda não combate apenas a pobreza imediata, mas confere mais autonomia aos seus titulares, promovendo a cidadania e milhões de brasileiros.

Amélia Cohn, que realizou uma pesquisa sobre cartas de brasileiros escritas à presidenta Dilma Rousseff e ao ex-presidente Lula, vê o Bolsa Família como “compromisso de uma política pública e porta de entrada para a cidadania”, afirmou. Segundo a pesquisadora, equivoca-se quem acusa o programa de política assistencialista. “O programa não é uma dádiva do governo. É uma conquista e um direito da população brasileira. Ele se revelou não um programa de governo, mas um programa de Estado”, disse.

Sobre os desafios para o futuro, a pesquisadora diz que a qualificação, a educação e a cultura devem ser direcionadas pelo governo para alcançar essas populações mais pobres. “O principal desafio de hoje é abrir as portas dos serviços públicos para a população. Não se pode perder essa credibilidade no Estado que conquistamos”, adverte.

Na avaliação do cineasta Sérgio Machado – que percorreu regiões recônditas do Brasil e entrevistou mais de 2 mil pessoas beneficiárias do Bolsa Família –, a pobreza é uma realidade que assusta e comove. “Produzir esse filme foi uma experiência muito impactante. Um dia dei carona a uma senhora, que me convidou para tomar um café. Pedi para lavar as mãos e o rosto. Aí percebi que só tinha uma moringa de água, que era a única que eles tinham para beber”.

Outra descoberta que impactou o cineasta foi o desejo dos jovens de fazerem uma faculdade. “Todos falavam que queriam ser advogados ou exercer outra profissão. E as mães desses jovens diziam que o maior sonho era ver os filhos formados. Essas respostas mostram uma mudança de perspectiva na mentalidade das pessoas mais pobres. Todos querem educação”, observou Sérgio Machado.

A socióloga Walquíria Leão Rego, professora de Teoria Social da Unicamp, acredita que “todas as pesquisas mostram que os resultados do Bolsa Família foram além do esperado”. Ela diz que o Bolsa Família está no caminho certo, mas muita coisa ainda precisa ser feita para que a conquista seja plena e duradoura. “A pobreza impõe uma falta de autonomia das pessoas no controle de suas próprias vidas. Resgatar essa capacidade de atuarem como protagonistas de suas histórias é uma questão de democracia", concluiu.

Fonte: 
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome



31/10/2013 16:08


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