BORNHAUSEN INDAGA APENAS SE CARTA QUE LEVOU A INVESTIGAÇÕES ERA ANÔNIMA



Ao inquirir nesta quinta-feira (dia 18) o ministro Rafael Greca, o senador Jorge Bornhausen (PFL-SC) afirmou que seu pai, Irineu Bornhausen, jamais aceitou disputa política que envolvesse acusação a adversário. A única pergunta do senador consistiu em saber se era anônima a carta que suscitou a investigação da Polícia Federal sobre irregularidades no credenciamento de bingos. "Era anônima", respondeu Greca.
Bornhausen informou que, nos seus 32 anos de vida pública, jamais acusou um adversário. "Se fui acusado, respondi. Assim procedo e não me arrependo", acrescentou. Ele narrou episódio em que, candidato ao governo de Santa Catarina, seu pai recusou-se a utilizar-se eleitoralmente de um processo instaurado contra Doutel de Andrade, candidato na chapa adversária, apenas por que não queria utilizar-se desse instrumento contra um opositor.
Greca sustentou que a carta que suscitou a investigação da Polícia Federal era anônima, mas tendo sido enviada pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR) ao Palácio do Planalto, decidiu esclarecê-la. Ele explicou que, no Palácio, foi informado que não era necessário considerar esse documento, mas quis que Polícia o investigasse porque seu propósito era ver o assunto elucidado. "Detesto a triste prática política de fabricar factoides adversários", disse o ministro.
Também afirmou que à sua "guerra" com Roberto Requião aplica-se o que o padre Antonio Vieira afirmou a respeito das guerras que começam, prosseguem e terminam sem justiça. A respeito da atitude do pai de Bornhausen em relação a seu adversário em Santa Catarina, o ministro afirmou que Deus não lhe deu o privilégio de ter um adversário da qualidade moral de Doutel de Andrade.
Depois de ouvir o ministro, Borhausen disse que o plenário não era o lugar adequado para uma discussão que originou-se numa carta anônima. "As divergências de província devem ficar lá e não aqui. Assuntos trazidos sem prova não devem nos fazer ficar tanto tempo em plenário", disse. E manifestou seu desejo de que Greca continue seu trabalho à frente do ministério. "Votos o senhor os terá, mas vai disputá-los não aqui, e sim no Paraná".
Antes de encerrar os trabalhos, o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, agradeceu a presença de todos e elogiou a independência com que os senadores puderam interrogar Rafael Greca, "travando um diálogo proveitoso para a democracia brasileira".

18/11/1999

Agência Senado


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