Ideli Salvatti aponta autor da denúncia anônima
A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) anunciou que a Polícia Federal, em uma ação de busca e apreensão na residência do ex-superintendente da Receita Federal em Santa Catarina, Janir Cassol, comprovou ter sido ele o autor da denúncia anônima contra o auditor-fiscal Edison Araújo, por recebimento de propina. A denúncia, publicada na imprensa, apontava a parlamentar como mentora da indicação de Araújo para a Delegacia Regional da Receita Federal em Florianópolis, conforme informou a própria senadora.
De acordo com Ideli Salvatti, no mesmo dia da publicação da denúncia, 26 de março, ela pediu uma resposta ao corregedor da Receita, José Moacir Ferreira Leão. Dois dias depois, a resposta foi -um atestado de idoneidade- para o auditor, mas admitia que a denúncia anônima fora ilegalmente acolhida e uma investigação oficiosa havia constatado irregularidades, afirmou.
Ideli Salvatti disse ter, então, pedido ao controlador-geral da União, Waldir Pires, que fosse avaliada a legalidade da aceitação da denúncia anônima. Afirmou ter pedido a Waldir Pires que esse tipo de denúncia não fosse mais acatada no país. Ela parabenizou o Ministério Público Federal e a Polícia Federal pela agilidade na investigação sobre a denúncia e lembrou que ele, Cassol, -também foi indicado por alguém-.
CC-5
A senadora lamentou as notícias de desativação da equipe da Polícia Federal que investiga a lavagem de dinheiro através de contas CC-5 da agência do Banco do Estado do Paraná (Banestado) em Nova York. Na presidência da sessão, o senador Romeu Tuma (PFL-SP) informou que, conforme lhe disse o diretor-geral da PF, delegado Paulo Lacerda, os investigadores nos Estados Unidos foram chamados de volta ao Brasil para esclarecerem dados conflitantes nos diversos relatórios produzidos.
Ideli Salvatti agradeceu a informação e relatou dados de reportagem segundo a qual o Ministério Público conseguiu a quebra de sigilo das contas CC-5 da referida agência do Banestado dos anos 1998 e 1999. Segundo ela, nesses dois anos US$ 15 bilhões passaram por contas da agência, cifra semelhante à dos dois anos anteriores.
A senadora informou já ter assinaturas suficientes para pedir a instauração de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar remessas ilegais de dinheiro para o exterior, mas que ainda aguardará o desenrolar das investigações. Ela agradeceu ao senador Eurípedes Camargo (PT-DF) a cessão da vaga na Comissão de Fiscalização e Controle (CFC) e anunciou que, já na próxima reunião, irá pedir que prestem depoimento à CFC Waldir Pires e os procuradores e delegados que investigaram as contas CC-5 em Nova York.
Gás
A senadora comunicou ainda ao Plenário sua expectativa de que o contrato de fornecimento de gás natural de petróleo ao Brasil pela Bolívia seja revisto no encontro dos chefes de Estado dos dois países, que acontece esta semana. Ela quer que o Brasil pague pelo consumo e não pelo valor total do contrato, como ocorre hoje. Segundo Ideli Salvatti, o Brasil paga pelo fornecimento de 17 milhões de metros cúbicos de gás por dia, mas consome apenas 11 milhões. Ela informou que o contrato é bom para os dois países, mas, com o alto valor, -a Bolívia estaria matando sua própria galinha dos ovos de ouro-.
Fizeram apartes ao discurso da representante catarinense os senadores Eurípedes Camargo, Roberto Saturnino (PT-RJ) e Leonel Pavan (PSDB-SC).
28/04/2003
Agência Senado
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