Brasil está disposto a negociar com EUA
O Brasil não desistirá das retaliações contra os Estados Unidos (EUA) autorizadas pela Organização Mundial do Comércio (OMC), mas isso não significa que as negociações estejam suspensas. A posição brasileira foi defendida pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, após encontro no Itamaraty com o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, neste sábado (17).
"Os Estados Unidos podem, por exemplo, acrescentar alguma compensação adicional ao total da retaliação autorizada pela OMC”, disse o ministro. Segundo ele, não é isso que impede os americanos de se mostrarem mais ativos na negociação. “Eles têm demandas que, na minha opinião, significam quase uma nova Rodada Doha."
No mês passado, depois de uma negociação que avançou pelos últimos sete anos, o Brasil ganhou na OMC o direito de retaliar os Estados Unidos, em represária comercial aos subsídios concedidos pelo governo norte-americano à produção e à exportação de algodão, prejudicando este setor da economia brasileira. A retaliação comercial envolve US$ 829 milhões que o Brasil tem o direito de receber dos Estados Unidos a título de compensação.
A maneira de receber o dinheiro é aumentar o imposto de importação de produtos norte-americanos que entram no Brasil. A lista de produtos que terão alíquota de importação aumentada tem 102 itens, como veículos, cosméticos, óculos, produtos do algodão, alimentos e soro de leite. Também entram na compensação financeira produtos dos setores de propriedade intelectual e de serviços.
Sobre a Rodada Doha, Amorim acredita que o Brasil tem uma posição internacional que permite não apenas defender seus interesses comerciais, mas também contribuir para o avanço do processo econômico global. Segundo o ministro, o governo brasileiro não procura apresentar novas e grandes ideias para concluir a Rodada Doha.
A Rodada Doha reúne, desde 2001, os 153 países que formam a Organização Mundial do Comércio. Seu principal objetivo é encontrar mecanismos que facilitem a liberalização do comércio mundial. Até hoje, no entanto, sucessivos desacordos multilaterais impediram que um acerto comercial global pudesse ser concretizado.
Fonte:
Agência Brasil
19/04/2010 16:30
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