Brasil está entre recordistas em morte de grávidas, afirma Marluce
Marluce fez um apelo ao presidente da República e ao ministro da Saúde, José Serra, para que liberem recursos e adotem ações a fim de reverter o quadro atual. Ela disse que o Brasil é signatário de vários acordos internacionais que previam a redução substancial daquele índice até o ano 2000, ressaltando que o governo brasileiro não cumpriu as metas acordadas.
Segundo Marluce, ocorrem atualmente no Brasil cerca de 110 mortes maternas por 100 mil partos. No Canadá - exemplificou - esse índice é de 4 mortes por 100 mil. O número máximo aceito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 20 mortes por 100 mil.
A senadora observou, ainda, que os dados usados pelo Brasil não são confiáveis, uma vez que o próprio IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) reconhece que 17% dos óbitos maternos não são declarados, e o Ministério da Saúde admite que 15% dessas mortes possuem causas mal definidas.
O alto índice registrado pelo Brasil nas mortes maternas, disse Marluce, é sustentado pela má qualidade da assistência pública oferecida às grávidas e também pela falta de pré-natal (acompanhamento médico da gestante durante os nove meses da gestação).
A utilização excessiva de operações cesarianas na rede pública hospitalar e o aborto feito em condições precárias, segundo Marluce, são responsáveis pela maioria das mortes de gestantes no País. No Brasil, cerca de um milhão de mulheres recorre anualmente ao aborto. Já a síndrome hipertensiva (conhecida também como eclâmpsia) - disse a senadora - responde por um terço das mortes maternas no Brasil, fato diretamente vinculado à má qualidade da assistência e à falta de pré-natal.
A maioria das gestantes brasileiras mortas, frisou Marluce - é formada por meninas menores de 15 anos de idade. Mais de 70% das mulheres mortas por problemas na gestação são solteiras, sendo que um terço vem de família com renda inferior a um salário mínimo. Mais da metade dessas mulheres é analfabeta ou cursou apenas os primeiros anos do primeiro grau e mais de 90% sofreram operação cesariana, efetuada na rede pública hospitalar.
Marluce considerou os índices da mortalidade materna no Brasil como "vergonhosos", destacando que eles precisam cair radicalmente, nos próximos anos. Em seu pronunciamento, a senadora foi aparteada pelos senadores Valmir Amaral (PMDB-DF), e Pedro Ubirajara (PMDB-MS), que a parabenizaram pela oportunidade do pronunciamento. Ubirajara, que é médico, reclamou da situação precária da rede hospitalar pública, que, disse, deixa os profissionais de saúde em situação muito difícil.
22/06/2001
Agência Senado
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