Brasil prepara programa de ajuda ao Paraguai, diz embaixador



O governo brasileiro está preparando um programa de ajuda ao desenvolvimento do Paraguai, informou o embaixador designado para Assunção, ministro de primeira classe Eduardo dos Santos, cuja mensagem de indicação para o posto recebeu nesta quarta-feira (11) parecer favorável da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE). Um dos pontos desse programa, adiantou, será o apoio à construção de uma linha de transmissão entre a Hidrelétrica de Itaipu e a capital paraguaia.

Em seu voto favorável à indicação, o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), relator ad hoc da mensagem presidencial, destacou dois pontos principais no relacionamento bilateral: Itaipu e o futuro dos chamados brasiguaios, agricultores brasileiros residentes no país vizinho. Quanto a Itaipu, o senador observou que tem sido "amplamente difundida" no Paraguai a percepção de que o tratado que deu origem à construção da hidrelétrica, firmado há 35 anos, conteria cláusulas "supostamente lesivas" ao Paraguai.

Em sua exposição aos senadores da comissão, Santos disse que os esforços pelo desenvolvimento e pela estabilidade do Paraguai estão de acordo com os interesses brasileiros. Por isso, observou, o Brasil deve apoiar a implantação, no país vizinho, de novas indústrias que possam usar parte da energia gerada por Itaipu que pertence ao Paraguai. Além disso, mencionou, o programa de apoio deve conter medidas relativas à cooperação nas áreas de biocombustíveis e turismo.

- Trata-se de uma nova agenda integrada para o relacionamento estratégico com esse povo irmão - definiu Santos.

Durante o debate, o senador Fernando Collor (PTB-AL) desejou boa sorte a Santos na "missão espinhosa" que terá pela frente, em um país onde o presidente eleito Fernando Lugo defendeu em sua campanha eleitoral propostas como a de revisão do Tratado de Itaipu. O senador afirmou que o novo embaixador em Assunção deverá ter "paciência e firmeza" para defender os interesses brasileiros.

- Espalha-se pelo continente um sentimento anti-Brasil, país que chamam de imperialista. O novo governo paraguaio não conquistou maioria no Parlamento e vai precisar de acordos para governar. Meu receio é de que a única forma de se obter a unidade seja a escolha de um inimigo externo comum - disse Collor.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) considerou de "grande importância" a transição para o novo governo do Paraguai e elogiou a construção de uma linha de transmissão de eletricidade para Assunção. Por sua vez, o senador Romeu Tuma (PTB-SP) alertou para o risco de aumento da violência no campo do Paraguai, por causa das ameaças contra os agricultores brasileiros residentes no país.

Bélgica

A preocupação com a situação de brasileiros no exterior também foi tema do embaixador designado para a Bélgica, ministro de primeira classe Ivan Oliveira Cannabrava, cuja indicação recebeu igualmente parecer favorável da CRE. O embaixador observou que existem quatro mil brasileiros regulares na Bélgica, além de 20 mil a 30 mil irregulares, quase todos jovens, que se mudaram para o país europeu na época em que havia um vôo direto da Vasp para a Bélgica.

Cannabrava recordou que, para uma população de dez milhões de habitantes, já existe ali um milhão de imigrantes, especialmente turcos e marroquinos. Por isso, partidos de direita vêm defendendo uma posição mais dura em relação aos estrangeiros. O embaixador - indicado também para representar o Brasil em Luxemburgo - disse que poderá ser estimulada a oferta de cursos supletivos a brasileiros residentes na Bélgica, como já foi feito no Japão. O relator da mensagem foi o senador Marco Maciel (DEM-PE).



11/06/2008

Agência Senado


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