BRASILEIROS SUSTENTAM LUCROS DOS BANCOS, DIZ RELATOR
A distorção verificada no mercado financeiro, em que bancos estrangeiros preferem especular com títulos públicos em vez de emprestar recursos ao setor produtivo, levou o relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o sistema financeiro, senador João Alberto Souza (PMDB-MA), a perguntar o que o Banco Central (BC) está fazendo para mudar essa situação:- Até quando o trabalho dos brasileiros terá de sustentar os lucros exorbitantes dos bancos, especialmente dos estrangeiros? Quando a estabilidade monetária trará seus efeitos benéficos ao setor? - perguntou o relator ao presidente do BC, Armínio Fraga, e ao diretor de Fiscalização da instituição, Luiz Carlos Alvarez.Fraga afirmou que o ajuste fiscal é a única solução para que a distorção seja corrigida. Dessa forma, o governo, que hoje toma recursos no mercado com taxas de juros elevadíssimas, vai deixar de competir com o setor privado, o que pode abrir espaço para a queda dos juros.Os últimos fatos que revelam bancos em apuros fizeram com que o relator da CPI questionasse a eficiência do Proer (programa de socorro aos bancos), levado a cabo em 1997. No programa, segundo João Alberto, foram gastos mais de US$ 20 bilhões, com a intenção de melhorar as condições de fiscalização do BC.- O sistema financeiro continua dando sinais de debilidade com a constante liqüidação de bancos, corretoras e distribuidoras, quase sempre seguidas de escândalos, enormes passivos e clientes lesados - avaliou o relator.O diretor de Fiscalização do BC apresentou dados que apontam a queda na insolvência de instituições financeiras para concluir que "a mudança de tendência é nítida". Segundo ele, o número de instituições liquidadas e o valor dos passivos deixados vêm caindo significativamente desde a instituição do Proer.- O sistema está muito mais sólido hoje. Mas não depende só do BC - disse Alvarez, que listou os recursos empregados no Proer já recuperados pelo BC.
15/04/1999
Agência Senado
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