Brigadeiro defende trabalho da Aeronáutica



O oficial da Aeronáutica responsável pela operação de coleta e guarda dos pertences pessoais das vítimas do vôo 1907 da Gol, brigadeiro-do-ar Jorge Kersul Filho, prestou depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo nesta terça-feira (14) e deixou a sala bastante emocionado, após defender os cerca de 800 envolvidos no resgate dos corpos. Familiares das vítimas pediram, na mesma audiência, a apuração de responsabilidade sobre o suposto sumiço de pertences das vítimas do acidente.

Kersul, que é chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), detalhou as dificuldades da operação e apresentou um texto homenageando os "homens de honra" que participaram do resgate, inclusive com risco da própria vida.

"Poucos lhe agradeceram e reconheceram seu trabalho, (...) poucos estão interessados em suas condições de trabalho e chegam a caluniá-los (...) Não se abatam pelas injustiças, o Brasil ainda precisará de vocês", dizia o texto.

O brigadeiro lamentou que o caminho procurado pelos familiares para solucionar o problema tenha sido o da divulgação na imprensa e chegou a dizer que familiares também estiveram no local do acidente e, por isso, "também são suspeitos".

Sobre as imagens feitas no local do resgate e divulgadas na Internet, afirmou que a pessoa que fez a gravação deve responder por isso, mas lembrou que os familiares também se tornaram responsáveis pela divulgação do conteúdo ao mostrarem as imagens, levando-as ao conhecimento de mais gente. O vídeo foi passado por familiares durante a reunião da CPI e mostra cenas do recolhimento de corpos em decomposição. Kersul também passou um vídeo da Aeronáutica mostrando as dificuldades do resgate, mas sem a imagem de corpos.

- Se alguém cometeu algum deslize, que responda, mas não se pode querer macular a imagem de centenas de pessoas que trabalharam lá com muita dedicação - disse.

O chefe do Cenipa informou que o local do acidente fica a 40 quilômetros da localidade mais próxima habitada, a fazenda Jarimã, e que as equipes de resgate enfrentaram a selva, o calor, animais e insetos. O brigadeiro contou das dificuldades para resgatar os corpos e destacou que a maioria das vítimas chegou ao solo sem roupas.

- Como explicar uma corrente que se perdeu? - questionou.

Sobre o telefone celular de uma das vítimas que teria ido parar no Rio de Janeiro,segundo denúncias, levado por uma pessoa da Aeronáutica, Kersul destacou que a família da vítima não quis passar à Aeronáutica o número do telefone de quem devolveu o aparelho. O brigadeiro afirmou ainda que dez dias depois do acidente, quando o telefone foi encontrado, apenas um militar da equipe de resgate havia deixado o local do acidente com direção a Recife. O brigadeiro pediu que a família dona do celular ajude na investigação a fundo do caso. Disse ainda que, se realmente houve envolvimento de alguém das Forças Armadas, essa pessoa deveria ser expulsa.

- Temos que ir a fundo responsavelmente - afirmou.

O brigadeiro apresentou aos familiares cópia da lista de tudo o que foi encontrado pelas equipes de resgate e destacou que o avião continha 4.712 quilos de carga e bagagens. Kersul afirmou que a obrigação do resgate da bagagem seria da companhia aérea, mas que, vendo a dificuldade do trabalho a ser realizado, a Força Aérea, que apenas levaria os corpos, decidiu ajudar.

- Na busca dos corpos, começamos também a localizar cargas. Não era nossa intenção inicial, poderíamos ter deixado tudo lá. Tiramos porque vimos que poucos teriam condição de fazer aquele serviço - disse.



14/08/2007

Agência Senado


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