Brigadeiro acredita que controladores falharam
Durante reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo nesta terça-feira (29), o chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), brigadeiro-do-ar Jorge Kersul Filho, disse que foi "incompleta" a autorização para decolagem dada aos pilotos americanos do jatinho Legacy, que mais tarde viria a chocar-se com um avião da Gol, no dia 29 de setembro de 2006. Kersul também afirmou que o transponder (equipamento anticolisão) do jatinho foi desligado, ainda que "involuntariamente".
O relator da CPI, senador Demóstenes Torres (DEM-GO), perguntou se os pilotos do jato Legacy, Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, teriam sido induzidos a erro pelo controlador de vôo de São José dos Campos (SP). O brigadeiro-do-ar Jorge Kersul disse achar que sim, que, como a ordem não foi completa, "a norma não foi cumprida". De acordo com Kersul, os pilotos teriam de ter sido informados, no momento da decolagem, sobre as alterações de altitude de vôo durante a viagem ou, pelo menos, teriam de ser alertados de que constavam essas mudanças no plano de vôo, o que não foi feito.
Também respondendo a pergunta de Demóstenes, o brigadeiro Jorge Kersul desmentiu afirmações, reiteradas várias vezes por controladores de vôo, de que o software de controle de vôo usado no Brasil teria induzido o controlador a erro, fazendo-o acreditar que o jatinho encontrava-se a 36 mil pés de altitude e não a 37 mil e em rota de colisão com o Boeing, como na realidade estava.
De acordo com Kersul, o software em uso no país indica, à direita da "etiqueta" do vôo, a altitude determinada pelo plano de vôo (no caso do jato Legacy envolvido no acidente, 36 mil pés) e, à esquerda, a altitude real, informada pelo transponder, que marcava então 37 mil pés). Segundo Kersul, o controlador de Brasília tinha toda a condição de perceber que o avião estava na altitude errada.
O especialista disse ainda que, quando foi perdido o contato com o transponder do Legacy, era necessário que fosse tomada uma atitude, ou seja, era preciso certificar-se das reais condições de vôo das aeronaves da região, mas isso não ocorreu. Kersul garantiu ainda que o equipamento de controle de vôo de Brasília funcionou "dentro das características nas quais os controladores foram treinados".
Transponder desligado
Sobre o desligamento do transponder do jatinho, o brigadeiro afirmou que apenas se tem certeza de que o equipamento parou de funcionar. Foram feitos todos os testes no sentido de excluir a ocorrência de falhas técnicas, mas não foram encontrados defeitos no aparelho. Mas também, segundo o brigadeiro,não foi encontrada indicação de que os pilotos teriam desligado o transponder voluntariamente.
Kersul considerou um sinal de que o desligamento tenha sido involuntário o fato de o aparelho ter sido religado logo após a colisão. O brigadeiro respondeu ao senador Sibá Machado (PT-AC) que não foram encontrados indícios de que os pilotos americanos estivessem testando e "brincando" com o jatinho, conforme chegou a ser noticiado, já que não foram registradas variações bruscas de altitude do avião durante a viagem.29/05/2007
Agência Senado
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