CABRAL DESTACA GESTO DE PEDRO ALEIXO



Lembrando nesta segunda-feira (dia 7) os 30 anos de edição do AI-5, o senador Bernardo Cabral (PFL-AM) afirmou que, assim como o vice-presidente Pedro Aleixo votou contra esse ato, ele também foi o único deputado estadual contrário à aprovação do Ato Adicional que, em 1964, impôs eleições indiretas no Amazonas. Entre 30 deputados estaduais, Cabral foi o único voto contrário.- Minha presença nesta tribuna é uma homenagem a quem praticou a dignidade com um gesto que o fez merecedor de entrar para a história deste Parlamento - disse Cabral, referindo-se a Pedro Aleixo. Ele lembrou que, na reunião em que o AI-5 foi assinado, diante do voto discordante do seu vice, o presidente Costa e Silva teria refletido: "Deus queira que, ao final de tudo isso, Pedro Aleixo tenha razão".Trinta anos atrás, Cabral estava na Câmara quando o Legislativo deliberava sobre o pedido de licença do governo militar para processar Márcio Moreira Alves. "A maioria convivendo com o Direito Constitucional, todos fomos à tribuna para dizer que, embora não concordássemos com o discurso de Márcio, entendíamos que ele estava respaldado pela Constituição", ressaltou o senador.Ele contou também que, naqueles tensos momentos, os integrantes do MDB, como ele, recebiam confidências dos parlamentares da Arena sobre as pressões que o governo militar fazia para que fosse dada a licença para Márcio Moreira Alves ser processado. Conforme Cabral, 216 votos foram contra essa licença e 141 a favor. À noite, no gabinete do deputado Martins Rodrigues, ele e outros ouviram a leitura do AI-5, que fechava o Congresso e suspendia as prerrogativas do Judiciário.- Naquela noite, refletíamos sobre como era possível que 23 ministros pudessem não ter alertado Costa e Silva para a violência do ato cometido. Depois, soube que havia o voto discordante de Pedro Aleixo - afirmou Cabral.Em seu discurso, o senador registrou que lamentavelmente Costa e Silva não pôde viver para comprovar que Pedro Aleixo estava certo. Também disse que, desse fato histórico, deduz-se que "o caminho certo para se governar um país é não afastar-se jamais do trilho da democracia". Antes de encerrar seu pronunciamento, Bernardo Cabral também afirmou que "infeliz o país que não respeita aqueles que estão caminhando para a velhice". Ele anunciou que, juntamente com o senador Jefferson Péres (PSDB-PA), já sinalizou sua posição sobre o propósito governamental de cobrar contribuição previdenciária dos servidores aposentados. Disse também que o governo devia ficar satisfeito em vivermos num regime em que é possível discordar.

07/12/1998

Agência Senado


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