CAE APROVA INDICAÇÃO DE DIRETOR DO BC



Por unanimidade, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou parecer favorável à indicação do economista Carlos Eduardo Freitas para diretor do Banco Central (BC). Caso tenha o nome aprovado pelo plenário, Freitas substituirá Paolo Zaghen na Diretoria de Reestruturação do Sistema Financeiro Estadual e das Dívidas dos Estado e do Distrito Federal.Em sua exposição à comissão, presidida pelo senador Ney Suassuna (PMDB-PB), Freitas fez um histórico da economia do país para concluir que, para garantir que o país atinja uma estabilidade macroeconômica genuína, é preciso que o governo eleve a poupança nacional para um valor entre 4% e 5% do Produto Interno Bruto (PIB).Nesse sentido, o indicado considera desaconselhável que se empreenda um aumento de impostos, pois isso prejudicaria os investimentos e o desenvolvimento. Assim, Freitas, que teve sua indicação relatada na CAE pelo senador Gilberto Mestrinho (PMDB-AM), acredita que as despesas devem continuar a serem cortadas, referindo-se especialmente ao déficit da Previdência.Os senadores que sabatinaram Freitas demonstraram-se preocupados com a eficiência do aparato de fiscalização do BC, cujas falhas foram detectadas durante as investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito que apura irregularidades no sistema financeiro.Para o senador Roberto Saturnino (PSB-RJ), o sistema financeiro cresceu "enormemente" nos últimos anos e o BC dá a impressão de estar carente de técnicos habilitados. Na mesma linha, o senador Paulo Hartung (PSDB-ES) acredita que o mercado financeiro evoluiu e internacionalizou-se e o BC não conseguiu acompanhar. O senador Lauro Campos (PT-DF) lembrou do caso do Banco Nacional, que criou depósitos fictícios, demonstrando "a completa incapacidade de o BC fiscalizar".O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) questionou o sabatinado quanto as razões da concentração de renda no país que atinge níveis altos, apesar do imposto inflacionário, que prejudica os mais pobres, ter sido debelado com o Plano Real. Freitas concordou com a avaliação do senador e concluiu que, seja com inflação, ou recessão com juros altos, a economia brasileira demonstra que ainda não tem a estabilidade estrutural desejada.Traçando um quadro adverso para a economia brasileira, em que o problema das contas internas não tem condições políticas de ser resolvido, o senador Jefferson Péres (PDT-AM) destacou o fato de a balança comercial não estar apresentando o superávit esperado depois da desvalorização cambial. Freitas acredita que o efeito da desvalorização está demorando, pois, nos anos anteriores, houve uma desarticulação do setor produtivo de exportação. Porém, continuou, há notícias de que as exportações estão se recuperando.Os altos lucros do sistema financeiro, obtidos em tempos de recessão econômica, foram condenados pelos senadores José Alencar (PMDB-MG), Pedro Piva (PSDB-SP), José Fogaça (PMDB-RS), além de Suplicy e Lauro Campos. Para Fogaça, o resultado dos bancos foi obtido sobre poucas operações, o que "não é bom para a economia". Já Alencar se disse contra o lucro obtido irregularmente. Lauro Campos interpretou que os lucros dos bancos são resultado de especulação, fator inibidor do processo produtivo.Respondendo ao senador José Eduardo Dutra (PT-SE), que pediu uma análise dos últimos anos da economia brasileira, Carlos Eduardo Freitas declarou que o desempenho do país vem "patinando" pela insuficiência de poupança e a dependência do fluxo de capital estrangeiro para financiar os gastos públicos.

10/08/1999

Agência Senado


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