Calçadistas pedem mobilização do parlamento pela reforma tributária



A Comissão de Economia realizou ontem, sob a presidência do deputado João Fischer (PPB), audiência pública nos pavilhões da Fenac Estilo Couro Moda, em Novo Hamburgo, para avaliar o setor coureiro calçadista, que no Estado é responsável pelo emprego de mais de um terço dos gaúchos. De forma unânime, os empresários e trabalhadores presentes, admitiram que o setor vive um bom momento. No entanto, defenderam uma ampla mobilização do parlamento em torno da reforma tributária, como forma de desonerar o processo produtivo, proporcionar a conquista de novos mercados e gerar milhares de postos de trabalho. O vice-presidente da Fiergs, Ênio Lúcio Schein, lembrou que a retomada do crescimento do setor deveu-se quase que exclusivamente à desvalorização cambial. Ao mesmo tempo, alertou os deputados em relação a propostas do governo que possam comprometer a competitividade do Estado nas exportações, como o caso do salário mínimo regional. Já o presidente da Abicalçados e diretor presidente da Azaléia, Nestor de Paula, explicou que apesar da alta carga tributária onerar o preço do calçado na prateleira do consumidor estrangeiro, as exportações registraram, no ano passado, um crescimento de 24 % e de 11 % este ano. A expectativa, é que seja atingida a meta prevista pela Abicalçados de duplicar as exportações até 2003, chegando a 2,6 bilhões de dólares anuais. Para ele, outro aspecto é que o calçado brasileiro, no exterior, começa a ser reconhecido por sua qualidade e vender com suas próprias marcas. O presidente do Centro das Indústrias de Curtume do Brasil, José Scarabel, fez coro no que diz respeito a necessidade de se fazer a reforma tributária. Scarabel alertou também para a importância de se rever a legislação ambiental brasileira, que segundo ele, se não for modificada, reduzindo a classificação de risco 1 para risco 2, poderá no futuro inviabilizar o setor. Atualmente, o couro é classificado como produto de alta toxidade, o que não acontece nos demais países. Os deputados federais Roberto Argenta e Júlio Redecker também se manifestaram. Para Redecker, a Área de Livre Comércio das Américas beneficiará enormemente os setores têxtil e coureiro calçadista. Roberto Argenta lembrou que um automóvel paga apenas uma vez o PIS Cofins, quando sai de fábrica, enquanto o calçado paga o imposto em cada operação que faz. O representante da Abrameq destacou que o Rio Grande do Sul concentra 80 % das indústrias de máquinas para o calçado. O diretor do Grupo Editorial Sinos, Mário Gusmão, enfatizou a necessidade de rever a legislação trabalhista, em virtude do grande número de encargos incidente sobre o salário. Para o deputado João Fischer, a reunião foi altamente positiva, pois demonstra que apesar do racionamento de energia e problemas, como a febre aftosa e vaca louca, que atingiram o preço do couro, o setor vem crescendo e reagindo com otimismo e determinação. Igualmente usaram da palavra o sindicalista João Pires, o representante da Assintecal e empresários. Também participaram da audiência pública, os deputados estaduais Jair Foscarini (PMDB), Paulo Moreira (PTB), Paulo Odone (PMDB) e os deputados federais Júlio Redecker (PPB-RS) e Roberto Argenta (PHS-RS.


06/21/2001


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