Calçadistas pedem apoio do parlamento na reforma tributária
A Comissão de Economia e Desenvolvimento da Assembléia Legislativa realizou, nesta quarta-feira (20), sob a presidência do deputado João Fischer – Fixinha, audiência pública nos pavilhões da Fenac, Estilo Couro Moda, em Novo Hamburgo, para efetuar uma avaliação do setor coureiro- calçadista, que no Estado é responsável pelo emprego de mais de um terço dos gaúchos.
De forma unânime, os empresários e trabalhadores presentes, admitiram que o setor vive um bom momento. No entanto, defenderam uma ampla mobilização do parlamento em torno da reforma tributária, como forma de desonerar o processo produtivo, proporcionar a conquista de novos mercados e gerar milhares de postos de trabalho.
O vice-presidente da Fiergs, Ênio Lúcio Schein, lembrou que a retomada do crescimento do setor deveu-se quase que exclusivamente a desvalorização cambial. Ao mesmo tempo, alertou aos deputados em relação a propostas do governo que possam vir a comprometer a competitividade do Estado nas exportações, como o caso do salário mínimo regional.
Já o presidente da Abicalçados e diretor presidente da Azaléia, Nestor de Paula, explicou que apesar da alta carga tributária onerar o preço do calçado na prateleira do consumidor estrangeiro, as exportações registraram, no ano passado, um crescimento de 24 % e de 11 % este ano. A expectativa, é que seja atingida a meta prevista pela associação de duplicar as exportações até 2003, chegando a 2,6 bilhões de dólares anuais.
Para De Paula, outro aspecto é que o calçado brasileiro, no exterior, começa a ser reconhecido por sua qualidade e vender com suas próprias marcas.
O presidente do Centro das Indústrias de Curtume do Brasil, José Scarabel, fez coro no que diz respeito a necessidade de se fazer a reforma tributária. Scarabel alertou também para a importância de se rever a legislação ambiental brasileira, que segundo ele, se não for modificada, reduzindo a classificação de risco 1 para risco 2, poderá no futuro inviabilizar o setor.
Atualmente, o couro é classificado como produto de alta toxidade, o que não acontece nos demais países.
Os deputados federais Roberto Argenta e Júlio Redecker também se manifestaram. Para Redecker, a Área de Livre Comércio das Américas beneficiará enormemente os setores têxtil e coureiro calçadista. Roberto Argenta lembrou que um automóvel paga apenas uma vez o PIS Cofins, quando sai de fábrica, enquanto o calçado paga o imposto em cada operação que faz. O representante da Abrameq destacou que o Rio Grande do Sul concentra 80 % das indústrias de máquinas para o calçado.
O diretor do Grupo Editorial Sinos, Mário Gusmão, enfatizou a necessidade de rever a legislação trabalhista, em virtude do grande número de encargos incidente sobre o salário.
Para o deputado João Fischer, a reunião foi altamente positiva, pois demonstra que apesar do racionamento de energia e problemas, como a febre aftosa e vaca louca, que atingiram o preço do couro, o setor vem crescendo e reagindo com otimismo e determinação. Igualmente usaram da palavra o sindicalista João Pires, o representante da Assintecal e empresários.
Participaram da audiência pública, os deputados Jair Foscarini, Paulo Moreira, Paulo Odone, João Fischer, Júlio Redecker e Roberto Argenta.
06/20/2001
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