Camata: Apesar dos problemas, as Farc não podem ser subestimadas



O senador Gerson Camata (PMDB-ES) manifestou, em discurso nesta terça-feira (3), sua preocupação com a extensão da rede de apoio das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia ( Farc ) em toda a América Latina. Ele disse que, apesar dos problemas que a organização vem enfrentando, é um erro subestimá-la.

- Com mais de 40 anos de existência, o grupo de bandidos que se intitula como guerrilha, mas que não passa de organização dedicada ao tráfico de cocaína e a seqüestros praticados para extorquir dinheiro, parece estar desmoralizado e à beira da desintegração. Não convém, no entanto subestimá-lo, apesar dos golpes que sofreu ultimamente - alertou.

Camata mostrou-se especialmente preocupado com reportagens publicadas por jornais latino-americanos que indicam existir, desde 2002, núcleos para apoio ideológico, financeiro e logístico em países como o Peru, onde os integrantes das Farc recrutam milicianos; o Equador, onde se abrigam e obtêm recursos; Costa Rica, México e Venezuela, onde fazem a lavagem do dinheiro obtido com o narcotráfico; e até o Brasil, utilizado como rota de escoamento da produção e remessa de armas.

- Há estimativas de que a rede de apoio às Farc no continente americano inclua quatrocentas organizações, como partidos políticos legais, movimentos clandestinos e ONGs [organizações não-governamentais] - declarou.

O grupo, disse ainda o senador, recebe apoio de governantes que deveriam condená-lo e repudiar suas atividades - que vão deste a produção e refino de cocaína até a escravidão sexual de meninas de 13 e 14 anos, além de seqüestros e outros atos violentos. Como exemplo desse apoio, citou a existência de documentos encontrados no computador de Raúl Reyes, um dos líderes do grupo morto este ano, sobre uma remessa de fuzis feita por Rafael Ortega, presidente da Nicarágua. Camata lembrou, entretanto, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pessoalmente, considera as Farc uma organização terrorista.

Além disso, acrescentou Camata, no fim-de-semana, a imprensa brasileira publicou reportagem indicando a contratação, pelo governo do PT, da mulher colombiana de um "terrorista" exilado no Brasil. Criticou a suposta atuação do senador Eduardo Suplicy (PT-SP) como intermediário entre Lula e a organização, e exigiu explicações do parlamentar, que publicamente defende a libertação da ex-senadora Ingrid Bettancourt, em poder das Farc.

- Não quero que pese ao Suplicy o título de carteiro das Farc; ele tem que dar explicação plausível a nós - disse.

Em aparte, o senador Suplicy explicou ter encaminhado, em 2003, uma carta de Raúl Reyes, em nome de um vereador denominado Albertão, ao Frei Beto, então integrante do governo PT, dirigida ao presidente Lula, e afirmou não saber de quem se tratava, à época. Suplicy se disse disposto a colaborar para a libertação de Ingrid Bettancourt e reafirmou sua expectativa de pacificação da Colômbia, até por meio da instituição de um programa de renda básica. Ele disse que fez chegar seu livro sobre o assunto às mãos de Raúl Reyes.



03/06/2008

Agência Senado


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