CAMPOS MANIFESTA PREOCUPAÇÃO COM POLÍTICA MONETÁRIA, MAS DÁ CRÉDITO DE CONFIANÇA AO BC



O senador Júlio Campos (PFL-MT) considerou preocupante que o Banco Central, "sem maiores satisfações", participe da venda de contratos de dólares no mercado de futuros, embora sob a justificativa de combater os agentes interessados na desvalorização do real. Adverte o senador para os riscos de tais operações, lembrando que "apenas nos mercados internacionais de futuros de câmbio transita a fantástica soma de US$ 5,76 trilhões de dólares, diariamente, com mínimo ou nenhum controle das indefesas autoridades monetárias".

Júlio Campos citou artigo publicado pela Folha de S. Paulo em que o especialista em Direito Econômico pela Universidade de São Paulo, Jairo Saddi,considera grave o fato de o BC ter "extrapolado os limites da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F;) e critica o "baixo nível de transparência" das operações, "dando a alguns determinados bancos uma informação privilegiada".

Segundo relatou, o jurista defende a revisão dos instrumentos de política monetária e uma ação "pró-ativa" do Banco Central de "eterna vigilância e máxima supervisão do sistema" evitando recorrer a um posicionamento reativo de lançar mão de suas reservas. Além disso, sugere o aprimoramento do esquema de fiscalização e a elaboração de uma regulamentação "prudencial, coerente e compatível com a realidade dos mercados interdependentes geograficamente e integrados funcionalmente."

Campos apóia a proposta de Saddi no sentido de que o país comece "sem pressa e sem populismo" a pensar em uma reforma do Banco Central que torne essa instituição uma autoridade monetária "que todos respeitem, integrante de um sistema financeiro forte e adaptada ao mundo globalizado".

- Não será suficiente que o Banco Central informe as alternativas de sua atuação no mercado de futuros; antes, deve ser reconhecido pela prática de sua política monetária e pela clara defesa da moeda, num desempenho consistente e merecedor de credibilidade - afirmou o senador, endossando as palavras do jurista.

Ressalvou Júlio Campos quecabe conceder ao governo o crédito de confiar no acerto de suas medidas, direcionadas para a inserção do Brasil no projeto de globalização da economia. Ele vê com otimismo as declarações do presidente da República segundo as quais o país vai encontrar "uma maneira de entrar nela positivamente".



28/05/1998

Agência Senado


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